Em um ano, população em situação de rua no Brasil aumenta 25% e chega a quase 328 mil pessoas.
A desigualdade e o empobrecimento da população crescentes foram revelados em uma nova pesquisa sobre os brasileiros em situação de rua. Em 2024, o número de pessoas na extrema pobreza, sem vínculos familiares e que não possuem moradia fixa aumentou 25%.
Ao todo são 327.925 pessoas vivendo nas ruas e sem acesso à direitos humanos básicos. Os dados são do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG).
A população em situação de rua hoje é catorze vezes maior em comparação à registrada há 11 anos, quando havia, segundo registros oficiais, cerca de 23 mil pessoas sem casa. O levantamento tem como base os dados do Cadastro Único de Programas Sociais, que reúne os beneficiários de políticas sociais.
Falta política pública
O número divulgado é alarmante e reflete a insuficiência de políticas públicas concretas para garantir o direito à moradia digna. O desemprego, a informalidade e a precarização do trabalho, também são refletidos nesta estatística, assim como a debilidade do acesso à educação.
Sete em cada dez pessoas em situação de rua no país não terminaram o ensino fundamental e 11% encontram-se em condição de analfabetismo, dificultando o acesso das pessoas às oportunidades de trabalho geradas nas cidades.
São Paulo lidera índice
O estado de São Paulo concentra 43% do total da população em situação de rua do país. O número saltou de 106.857 em dezembro de 2023 para 139.799 pessoas em dezembro do ano passado. Esta quantia é doze vezes superior ao registro de 2013.
Rio de Janeiro (30.801) e Minas Gerais (30.244) são, respectivamente, segundo e terceiro colocados no ranking apontado pelo estudo. Na divisão por regiões, o Sudeste lidera (204.714), seguido pelo Nordeste (47.419).
Moradia não falta
Quando comparamos o número de imóveis disponíveis para uso com a quantidade de pessoas morando nas ruas fica claro que o problema trata-se principalmente da vontade política dos governos nas três esferas.
O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que a cidade de São Paulo conta com cerca de 590 mil imóveis particulares vazios, valor bem superior à quantidade de pessoas em situação de rua que vivem capital paulista (92.556).
A CSP-Conlutas acredita que quando a moradia se torna um privilégio de poucos, ocupar os espaços sem utilidade social é um direito e fomentar essas lutas é uma obrigação de todas as organizações que se dedicam a construir um futuro melhor.
Fonte: CSP-Conlutas