Dia de Luta dos Povos Originários

por PRECIAWÁ PORÃNGUETÉ 
Foto: Acervo pessoal

O Dia de Luta dos Povos Originários é um dia não de comemoração, mas de alcance das forças da Natureza a uma consciência da descolonização das forças europeias e estadunidenses, em Pindo Abya Ayala.

Atualmente, na República do Brasil o apagamento a história dos povos Indígenas de Pindorama ainda é um plano estrutural. Existe território demarcado para o Agronegócio, existe cultura demarcada, exportada dos Estados Unidos. As culturas do tal Brasil se tornaram distantes das massas trabalhadoras, na produção de um comportamento desproporcional com a realidade do planeta. Muito lixo, concreto e desmatamento. A tal picanha, que é servida e ostentada pelo tal brasileiro, é fruto do desmatamento e assassinato de povos que perderam suas terras para os antigos Bandeirantes, padres e papas, empresas que saquearam a terra e tentam afirmar que é o estado que autoriza.
Isso é a maior verdade, o estado brasileiro criou essa estratégia de controle para manipular vozes, se aproveitando das principais formas de relações. Desde o Nordeste, Amazônia ou Xingu, do Extremo Sul ao Centro Oeste, e em todas as partes do Sudeste a grande população Indígena forma o estado brasileiro, com a maior presença não sendo existente nos dados do Censo. A palavra pardo ou parda continua a ser referência no português da cor do papel pardo. Mas no Brasil é uma categoria, assim como os Indígenas dos Estados Unidos que são apagadas, e os demais que viajam até as fronteiras do México por séculos são chamados de Latinos.
Como a principal referência para o sistema capitalista, somos dominados ao ponto de se apropriar da língua inglesa, mas seguimos apagando as línguas Indígenas.
Qual o plano, afinal, disso tudo? A guerra que não conseguimos enxergar, a qual os Estados Unidos desvaloriza nosso corpo e nossa cultura, não nos escolhendo no Oscar para determinar a supremacia branca nas Américas. Se misturamos o 💙 com 🟡 teremos a cor 💚, mas isso significa que os seres humanos são baldes de tintas? Ou existe questões da sociologia que especifica o que é quem, em qual papel se formou, construiu, porque ainda está assim?
Afinal, o que se transformou em 520 anos não foram as cores do arco-íris, mas uma imposição sobre os corpos de afetos e desafetos dos Povos Originários de Pindorama. As consequências desse estupro são catastróficas e não devemos apagar da memória tudo isso, inclusive a escravidão! Agora, dizem que loucos estão nas cidades reivindicando direitos Indígenas. Esses loucos, loucas e louques, afirmam ser Indígenas dentro de uma geração urbana, pessoas que vivem nas periferias, outras migraram de comunidades do interior para o litoral, outras foram de boia fria para o Sul, tem a imagem da memória ancestral, mas estão sendo desconhecidos pela atual conjuntura política. Estão tomando terras em região metropolitana e reconstruindo Pindorama nas cidades porque tudo nos pertence nessa terra, que não é do português nem do inglês, é de mais de centenas de línguas que estrategicamente vem sendo apagadas pelo estado branco.
Nossa luta não é só demarcação, é também a expansão de nossa liberdade sobre toda a terra com direitos humanos garantidos, como a resolução 169 da ONU, mas se o estado não garante, vai ter que garantir porque essa chama jamais será apagada.

Preciawá Porãngueté – Indígena em contexto urbano e rural. Tapuya Trarairiu Catimbozeiro, benzedeiro, agricultor, multiartista. Estilista, escritor, cantor e compositore. Cineasta, artesão, cozinheiro, diarista, ambulante. Coordenador geral da Rede Pindorama. Produtor Cultural. Membro da ANIACAC, Terreiro de Jurema Pindorama, Estação do Cordel, técnico em Agroecologia (PE), Nação Kaxuwanassú, Coco Catimbozado.

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