Nossas matérias e reportagens não têm meias palavras, ainda mais quando o papo diz respeito às desigualdades. É como um grito que vem da alma.
A frase “fogo nos racistas!” tornou-se um dos hinos da luta antirracista no Brasil. O verso icônico é o refrão do single Olho de Tigre, de 2017, escrito pelo rapper Djonga, revela a pesquisadora Angélica de Freitas e Silva. Ela explica que “a canção entona versos afiados contra o racismo e o fascismo”, assim como o grito de guerra do movimento negro durante o ato em frente ao condomínio Quatro Estações na capital potiguar, onde Flávia Carvalho foi vítima de racismo. A manifestação foi organizada por 24 entidades que assinaram a Carta Aberta sobre lutas e providências a serem tomadas.
“Esse ato demonstrou a necessidade e prioridade de fazermos uma cruzada intensa e imediata em todos os níveis contra o racismo e suas consequências”, diz a professora Socorro Silva. Para ela, expressar solidariedade e companheirismo a Flávia Carvalho, mulher negra da classe trabalhadora e ativista, “demonstra o quanto a luta antirracista e contra o machismo e sexismo nos une e nos movimenta”.
Na opinião da feminista negra e coordenadora do Negedi (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Educação, Relações Étnico raciais e Diversidade Sexual), a luta antirracista é urgente para ser abraçada por todos os segmentos da sociedade que lutam por igualdade, justiça social e racial em nosso país. “A dor e o sofrimento vivido por Flávia Carvalho é a nossa dor, nossa luta, que compõem o sentimento das pessoas negras cotidianamente, principalmente de mulheres que sofrem além do racismo o machismo, pois são abusadas sexualmente, violentadas e mortas pelo fato de serem negras e mulheres”.
Faz-se necessário fazer o debate do que é injúria racial e racismo para garantir que práticas racistas como essa sejam punidas. Nas redes sociais muita solidariedade a Flávia, que não está sozinha. “Esse grito não é isolado, mas de milhares de pessoas que sofrem discriminação diariamente”.
O racismo estrutural precisa ser rompido, vidas negras importam, não somente de Flávia Carvalho, Ana Paula Campos, mas de toda população negra que sofre o racismo em suas múltiplas performances. A luta é de todas, todos e todes que acreditam num mundo igualitário.
“O Ato em Solidariedade à Flávia Carvalho é mais um espaço por uma Natal antirracista, e se constituiu como uma demonstração de força, coragem e resistência do movimento negro, mulheres negras e de organizações que não toleram violência e impunidade. Significa dizer que o racismo não nos amedronta e não vai nos silenciar”, declara Socorro Silva.
A carta aberta lida no momento do ato e entregue às autoridades representa o compromisso, reivindicações e prioridades para que Natal e o Rio Grande do Norte saibam que existe um movimento negro composto por homens e mulheres que não arredam o pé da luta e expressam sua indignação e repúdio a todo ato de racismo e violência, e reafirmam que racismo é crime e quem comete tem que sofrer suas penalidades.
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