O filho de José e Maria

Esse disco do Odair José, O filho de José e Maria (1977), não tem nada haver com a música brega.

Os discos anteriores de Odair, por imposição das gravadoras, apresentavam uma diluição da música Roberto Carlos, formatando o que conhecemos por música brega. Mas o DNA roqueiro corria nas veias do artista e não foi de estranhar que, um dia, ele fosse fazer algo mais ousado.

Em 1977, com a carreira consolidada, ele gravou esse disco pela RCA. As dez faixas tratam do nascimento, vida, casamento, viagens psicotrópicas, sexualidade e morte aos 33 anos de um personagem chamado Jesus. Na narrativa, os pais do menino Jesus fizeram a
criança antes do casamento e tiveram que se unir em matrimônio às pressas para não difamar a família. No entanto, o menino não era filho de José, e sim de uma relação extra-conjugal de Maria!

O cantor continua sua história com o divórcio do casal, aprovado no Brasil naquele ano, passa por outros tabus como uma possível inclinação homossexual, o uso de drogas e a ronda constante da morte. Com esse LP, acredito que ele queria discutir sobre certos tabus na época e usou a história de Jesus como metáfora. O disco, tem como músicos a banda Azimuth (que tocava com Hildon) e que dá uma sonoridade soul, rock progressivo e MPB.

Apesar da proposta sofisticada, o objetivo de Odair era ser o cantor pop de guitarra na mão tal qual Peter Frampton. Porém, a obra foi considerada imoral e essa polêmica provocou seu fracasso . Mas trata-se de uma formidável ópera-rock!

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