Toque dos Êres Sirê Kurumim

As festas de Ibejada, Ibeji, Kurumins, Cosme e Damião, aquelas onde as crianças corriam pelas calçadas e ruas para buscar os doces são tradições que estão em extinção na Cidade de Natal.

As festas nos terreiros de Umbanda, terreiros de Jurema, Candomblés Nagô de Natal, esvaziam-se porque os terreiros estão sumindo em meio ao racismo religioso. As tradições de terreiro e tradicionais festas tem se higienizado em terreiros mais modernos com arquitetura moderna, se aproximando aos salões evangélicos com portas de vidro, pisos de porcelana e ar-ondicionado. Isso é um processo que acontece no Brasil todo,
As tecnologias como gelagua, banhos batidos em liquidificador, tudo isso é uma exposição extraída dos próprios stories do Instagram. Os terreiros tem existido mais no Instagram e demais plataformas do que na vida real. O repasse das tradições como moedas de troca e o deslocamento de conceitos tradicionais, afastam por completo a perpetuação de tradições centenárias diante das mudanças bruscas de uma geração sem conhecimento do passado e dos motivos dos rituais que são oriundos de momentos milenares. Entretanto, há resistência contra a escravidão e o racismo estrutural implantado na sociedade brasileira.
Em Natal, onde os terreiros de matriz africana e matriz indígena dividem os próprios espaços, a tradição acaba quando os terreiros acabam com a morte de diversos sacerdotes e sacerdotisas dos cultos e tradições culturais, com as perseguições nas comunidades periféricas do fanatismo evangélico.
Com o apagamento dessas tradições na educação brasileira, os direitos das crianças negras e indígenas, “pardas”, são violados para o não acesso ao passado com a justificativa de um estado não laico, que tenta proteger atacando as tradições de Candomblé, Umbanda e Jurema. Tratando de um crime de apagamento cultural, apropriação cultural indevida, ou seja, racismo religioso. A Fundação Municipal de Cultura e a Secretária Extraordinária de Cultura sequer notam a questão como primordial para a preservação dos povos dessa tradição. Como também a Coordenação de Políticas de Igualdade Racial não abarca nenhum tipo de acesso a essa pauta. Nem mesmo o conselho de Igualdade Racial misto do Estado do Rio Grande do Norte.
A grande problemática começa através do poder público, que não acorda o assunto nem tem nenhuma responsabilidade sobre isso, violando os direitos da criança e do adolescentes de conhecerem as tradições ancestrais. Em contraponto, a Fundação José Augusto recria programações na Cidade da Criança que constantemente faz referência aos padrões da Disney. A exemplo de apresentações culturais de personagens como Branca de Neve, Cinderela, Nela, Pequena Sereia, colocando como principal modelo o padrão branco e europeu. Fruto do atraso cultural e da crise que atravessamos no atual momento das nossas tradições culturais afro-brasileiras, afro-ameríndias.
Neste dia 15 de outubro, o Ilê axé Oyá Togum que também é a Casa de Jurem Mestre Manel Quebra Pedra, apoiado pela Rede Pindorama, realiza sua festa anual Terreiro de Pretos de Verdade e Indígenas em contexto Periurbano. A casa faz um campanha de arrecadação nos espaços digitais entre as classes artística e política de esquerda. Acredite, até agora, somente dois itens da lista foram assinados. O mais lamentável é ver essas pessoas com turbantes, fios de conta bebendo cerveja e fumando em espaços de escolas de Samba e outros espaços como Samba do Vagabundo, Samba de Nazaré, Shows de Maracatu, Afoxé, Lia de Itamaracá, pessoas brancas que tomam a coroa dos povos. Entretanto, pela cultura e pela vida desses povos cruzam os braços.
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