
A pressão popular fez valer o grito contra a privatização de patrimônios culturais da cidade e Câmara Municipal de Natal suspende sessão extraordinária desta quarta-feira (17/7) por falta de quorum.
Apenas 11 dos 29 parlamentares estavam presentes no plenário. Ao invés da esperada votação, cartazes e palavras de ordem deram o tom da luta contra os Projetos de Lei enviados pelo prefeito Álvaro Dias ao legislativo. O PL 413 de 2024 entrega o Teatro Sandoval Wanderley ao Sesc/RN por um período de 20 anos; já o PL 465/2024 passa o Complexo Turístico da Redinha para o poder da iniciativa privada por 25 anos, através de Parceria Público-Privada (PPP).
Vale lembrar que a privatização do Complexo Turístico da Redinha e Teatro Sandoval Wanderley é uma política de governo do prefeito Álvaro Dias. Ocupar a Câmara Municipal foi apenas mais um passo dessa luta, que deve continuar mobilizando a população para barrar a entrega de equipamentos culturais e de lazer nas mãos do setor privado.
“Uma das questões que eu compreendo é o direito ao acesso à cultura, ao patrimônio cultural. Aquilo que é estabelecido pela comunidade, pela sociedade, pela ancestralidade como identidade do povo, da cidade. É nesse sentido que nós precisamos pensar os espaços de memória, pensar os nossos patrimônios, sejam as praças, sejam as estátuas, sejam as edificações”, disse o professor e historiador Luciano Capistrano em conversa com o Coletivo Foque. Ele dá o exemplo do Teatrinho do Povo, o Teatro Sandoval Wanderlei, localizado no coração do Alecrim. “É uma referência, é algo que nos remete à cultura, que nos remete à resistência das artes”, complementa.
Luciano chama a atenção para a necessidade de se preservar o patrimônio cultural, como o tradicional Mercado da Redinha. “E preservados para quem? Preservado para toda a sociedade potiguar. Quando se pensa na privatização, uma coisa é fazer parcerias pontuais e a outra é entregar um patrimônio cultural para a iniciativa privada. Muito cuidado com isso”, avalia o historiador.