
O desleixo do poder público com a cultura vem causando um descontentamento frequente de artistas que se queixam da falta de respeito com a cadeia produtiva cultural.
Um dos berços da cultura potiguara, São Gonçalo do Amarante está em dívida com a cultura popular, motivo de um manifesto coletivo que cobra do prefeito Eraldo Paiva (PT) o devido pagamento. Grupos como Congos de Combate e Bambelô da Alegria estão entre os prejudicados pelo atraso do repasse pela gestão atual. O pagamento retido nos cofres da prefeitura só aumenta o drama vivido por muitos artistas que levam a vida na arte. Resta saber quem está lucrando com o calote na cultura.

O manifesto coletivo que chegou voando na redação do Coletivo Foque reflete um descontentamento comum. Uma insatisfação com o desprezo sofrido pelas artes, enquanto gestores dormem sossegados em seus berços esplêndidos, alheios às dificuldades enfrentadas pela cultural popular.
De acordo com a nota coletiva, “os recursos federais da Lei Paulo Gustavo, que somam R$ 892 mil, foram transferidos para os cofres da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante em julho de 2023, com a finalidade exclusiva de apoiar a classe artística da cidade“. No entanto, segundo o manifesto, “o que vemos é uma completa negligência por parte da gestão do prefeito Eraldo Paiva, que, por meio da Fundação Cultural Dona Militana, prometeu R$ 10 mil para cada grupo folclórico e parafolclórico, através do Edital de Fomento à Cultura Popular Mestre Pedro Guajirú”. Porém, até agora, nenhum pagamento foi realizado.
Mesmo após a assinatura do termo de premiação e a devida publicação no Diário Oficial em setembro passado, os artistas seguem sem receber o que é de direito. “A promessa era de que o pagamento seria feito em até 10 dias úteis após essa assinatura. Agora, quase dois meses se passaram e nenhum centavo chegou aos grupos culturais. A gestão de Eraldo Paiva continua a usar a cultura como vitrine eleitoral, enquanto os artistas são deixados à mercê de promessas não cumpridas. Artistas vivem de sua arte, e esses recursos, que são federais, devem ser integralmente aplicados na cultura e nos artistas locais, em tempo hábil”.
A comunidade artística exige respeito e transparência
No dia 16 de setembro foi realizada uma reunião com os grupos culturais e o termo de premiação foi assinado, mas até o momento nada foi pago. “O edital deixava claro que o pagamento deveria ser realizado em até 10 dias úteis após essa assinatura. No entanto, aqui estamos, sem resposta e sem recurso. Chega de manipulação com a cultura de São Gonçalo do Amarante. A comunidade artística exige respeito e transparência, e que os recursos que nos são de direito sejam liberados imediatamente. Não aceitaremos mais o silêncio e o descaso. Pague o que é nosso por direito!”