O surf olímpico e os Filhos de Mãe Luiza

Fotografia: Alex Régis

As olimpíadas surgiram na Grécia Antiga, onde sempre se valorizou os esportes e Platão foi um grande nadador. Por isso mesmo, seu nome quer dizer “ombros largos”.

O esporte pode modificar a vida de meninos e meninas de alguma forma. Evitando que entrem no mundo das drogas ou coisa parecida por não terem o que fazer depois que saem da escola e por termos uma educação de péssima qualidade, que nem dá vontade de ir à escola, esta é a verdade.

Nesta última segunda-feira, 5 de agosto de 2024, foi dia dos nossos atletas brasileiros caírem nas águas dos mares de Teahupo’o. Foi difícil e causou ansiedade aos atletas durante a competição, pois as ondas estavam fracas e o momento da estreia foi adiada duas vezes.

Por gostar de competir em ondas boas e altas, o surfista Gabriel Medina, infelizmente, não trouxe o nosso ouro, mas brilhou ao lado do peruano Alonso Correia, vencendo e conquistando o bronze olímpico. Não importa a cor da medalha, mas o esforço, a dedicação, a coragem desses atletas maravilhosos que tão bem representam um país cheio de corrupção, ódio, mentiras, violência e desigualdades sociais. Por alguns minutos nos tornamos os melhores do mundo quando subimos no pódio, nos tornamos uma gente com empatia e heróis do nosso povo.

A terceira medalha de ouro do Brasil quase chegou na noite desta segunda-feira. Tatiana Weston-Webb foi derrotada pela americana Caroline Marks e ficou com o segundo lugar mais alto do pódio no surfe das Olimpíadas de 2024. Antes, no mesmo dia, Tatiana havia superado a costa-riquenha Brisa Hennessy, na semifinal.

Eu pergunto a você, caro leitor, o que essas medalhas no surf brasileiro representam para o nosso esporte? E respondo com um tremendo: muita coisa! Fui professora do ensino fundamental I e II de uma escola pública durante dez anos nas praias de Genipabu, Pitangui e Barra do Rio, todas localizadas no município de Extremoz, Rio Grande do Norte.

Nos fins das aulas que ocorriam pela manhã, eu costumava ir ver o mar que fica logo após a escola onde eu lecionava. E via meus alunos felizes e risonhos passando com as suas pranchas de surf para pegar as ondas.

Eram crianças e tinham o mundo inteiro pela frente, podiam hoje ser um Gabriel ou uma Tatiana, podiam estar fazendo história pelo mundo afora, mas a falta de apoio, patrocínio e o desleixo dos órgãos públicos nunca os incentivaram a seguir no caminho do esporte.

Infelizmente, eu vi muitos dos meus alunos surfistas caírem no mundo das drogas e outros foram trabalhar, logo cedo, para terem do que viver. É para um desses meus alunos que decido este pequeno ensaio. LYSANDRO LEANDRO, que nunca desistiu do surf e mesmo com todos os percalços e dificuldades que viveu na sua infância na praia de Genipabu, viajou o país, ganhou patrocínio e foi medalhista. Hoje, tem a sua escolinha de surf na praia de Genipabu. Era para ele ser um herói olímpico, pois merecia.

LYSANDRO sabe se equilibrar nas ondas como ninguém. Assim como ele, quero falar dos filhos de Mãe Luíza, essas crianças e jovens que vivem do apoio de uma organização que não tem apoio das autoridades públicas. Recebe ajuda de pessoas físicas e ensina aos meninos e meninas da comunidade a serem heróis todos os dias, na ida e volta para casa, quando olham o mar e veem seus sonhos na linha do horizonte. A ESCOLINHA FILHO DE MÃE LUIZA não incentiva apenas o surf, mas tem aulas de reforço escolar, ballet, jiu-jitsu e inglês. Hoje conta com mais de 250 estudantes e recebe qualquer ajuda financeira para seus filhos poderem continuar sonhando com uma medalha olímpica.

Conversei por alguns minutos pelo telefone com um dos coordenadores deste projeto tão bonito, o professor FRANCISCO VENTURA, e ele falou das dificuldades que a ESCOLA DE SURF FILHOS DE MÃE LUIZA vive. Pois são muitas crianças para serem alimentadas antes e depois de caírem no mar. As aulas de surf estão paradas no momento, coisa que não poderia acontecer, isso porque a escola não tem patrocinadores, não tem ninguém por ela, a não ser aquelas pessoas de bom coração que ajudam vez ou outra.

Quem sabe, se acreditarmos no projeto da ESCOLA DE SURF FILHOS DE MÃE LUIZA, possamos ver nascer ali um Gabriel Medina ou uma Tatiana Weston-Webb. Um bairro tão sofrido e tão explorado pelas autoridades públicas em épocas de campanhas eleitorais.

É bonito e emocionante quando vemos um atleta brasileiro subir no pódio das olimpíadas de Paris, mas temos que pensar nas dificuldades que enfrentaram ao longo da carreira para chegarem até ali. Por isso, são considerados uma espécie de heróis, praticamente imortais.

Temos condições, sim, de termos outro Ítalo Ferreira como medalhista olímpico potiguar, é só acreditarmos nesses meninos e meninas que estão desestimulados com as suas vidas difíceis de fome, de tragédias, de vulnerabilidades sociais e até mesmo de marginalidades.

Quando achamos bonito ver um Gabriel Medina ou uma Tatiana Weston-Webb, não sabemos o quanto passaram por dores físicas e emocionais antes de subirem no pódio olímpico, mas vamos valorizar os nossos meninos e meninas da ESCOLA DE SURF FILHOS DE MÃE LUIZA, pois de lá já saiu uma professora de surf que hoje dá aulas na praia de Ponta Negra para outras crianças e adolescentes, conforme nos falou o professor FRANCISCO VENTURA.

Obrigada a todos os professores de surf que não desistem dos seus alunos, pois sabemos que é um esporte pouco valorizado no Brasil, apesar de termos uma extensão territorial litorânea enorme com praias belíssimas. Falta apenas o dinheiro para comprar a prancha que muitos não têm condições financeiras nem disso.

A ESCOLA DE SURF FILHOS DE MÃE LUIZA está localizada na Rua Guanabara, 1233 – Mãe Luíza, Natal – RN. O contato por telefone pode ser feito através do número (84) 98821-5075 com o PROFESSOR VENTURA.

ENTRE NESSA ONDA

PIX: CNPJ: 28.831.283/0001-32
Os Filhos de Mãe Luiza
Banco do Brasil
Ag. 3525-4
C/C: 47868-7

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