Na contramão do povo, maioria do Congresso é contra o fim da escala 6×1 e redução da jornada

“Não é novidade que quando se trata de defender pautas de interesse dos trabalhadores não se pode contar com o Congresso brasileiro”, afirma a CSP-Conlutas ao apontar um levantamento feito pelo Instituto Quaest, divulgado nesta quarta-feira (02/7).

De acordo com a pesquisa, 70% dos deputados são contrários ao fim da escala de 6×1 e à redução da jornada de trabalho. “A rejeição à proposta é maioria, independente do grupo político”, esclarece a Central Sindical e Popular. Entre os parlamentares que se dizem oposição ao governo Lula, a rejeição é maior, de 92%. Já entre os deputados que se dizem “independentes” a reação contrária à medida é de 74%. No meio governista, 55% se disseram contrários.

Entre os deputados que aprovam a medida, 44% dos governistas apoiam o fim da escala 6×1, número que cai para 23% entre os deputados independentes e para 6% na oposição.

A pesquisa ouviu 203 parlamentares, entre os dias 7 de maio e 30 de junho.

Em fevereiro deste ano, foi protocolada a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece o fim da escala 6×1 e a redução da jornada para 36 horas semanais, com quatro dias de trabalho e três de descanso. De autoria da deputada Erika Hilton (PSOL), com base na mobilização encabeçada pelo Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), a proposta está encalhada na Câmara dos Deputados.

A pesquisa revela ainda que a postura contrária do Congresso aos interesses dos trabalhadores e da maioria da população também se estende a outros temas. Metade dos deputados federais é contrária à proposta que restringe os supersalários: 53% são contra a proposta, 32% se posicionam à favor e 15% não souberam ou não responderam. “Entende-se por supersalários valores que ultrapassam a quantia de R$ 100 mil por mês, em alguns casos até mais que o dobro disso, em geral recebidos por juízes e desembargadores”, Explica a CSP-Conlutas.

Já a exploração de petróleo na foz do Amazonas, criticada pelos graves riscos ambientais e às populações tradicionais, mas que interessa a grande setores econômicos, tem o apoio de 83% dos deputados.

Tá comprovado que a maioria do Congresso não tá nem aí para a opinião do povo brasileiro, considerando que a pesquisa do Datafolha, realizada em dezembro de 2024, indica que 64% da população é a favor do fim da escala 6×1 e da redução da jornada.

O estudo feito pela Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados, divulgado em março deste ano, revela resultado semelhante: 65% dos brasileiros querem a redução da jornada para 36h semanais e a escala 4×3.

Os dados da pesquisa mostram que o apoio é maior entre os jovens de até 24 anos (74%) e trabalhadores de baixa renda (70%). As mulheres (66%), que mais sofrem com a exploração da jornada, também enxergam mais benefícios no fim da escala 6×1, em comparação aos homens (59%). Entre quem ganha até 1 salário mínimo, 70% são favoráveis à PEC 6×1; 64% de 1 a 2 salários mínimos; 63% de 2 até 5 salários mínimos; e 57% entre quem tem renda familiar maior do que cinco salários mínimos.

Mais uma demonstração de um Congresso dominado por representantes do agronegócio, banqueiros e grandes empresários que age contra os interesses do povo.

“Só uma forte mobilização nas ruas pode pressionar esses políticos, barrar ataques aos direitos e arrancar reivindicações”, conclui a Central Sindical e Popular.

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