Ler/Dort: Basta, não somos máquinas!

Cena do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936)

Neste 28 de fevereiro, Dia Mundial de Combate às LER/DORT, é preciso reforçar a luta contras toda forma de exploração e combater as relações de trabalho que causam doenças e matam a classe trabalhadora.

Dor intensa, incapacitação para o trabalho e até mesmo para atividades domésticas e de autocuidado, discriminação, depressão. Essas são algumas das consequências das LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), um dos principais problemas de saúde que afeta trabalhadoras e trabalhadores no Brasil e no mundo.

A subnotificação e a carência de estudos dificultam a obtenção de números atualizados. Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE, mostrou que, em 2013, mais de 3,5 milhões de trabalhadores disseram ter diagnóstico de LER/DORT.

Superexploração e sofrimento

As LER/DORT são o desgaste do sistema musculoesquelético e decorrem da intensificação do trabalho, cujas atividades exigem a execução de movimentos repetitivos, associados muitas vezes a esforços físicos e manutenção de determinada postura por tempo prolongado. Metas de produção abusivas e menos trabalhadores para executar as atividades. 

Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, de aparecimento quase sempre em estágio avançado, que ocorrem geralmente nos membros superiores, tais como dor, sensação de peso, formigamento, fisgadas, fraqueza muscular e fadiga. Algumas das principais são as lesões no ombro e as inflamações em articulações, como nos punhos, cotovelos, região cervical e lombar e nos tecidos que cobrem os tendões.

Costumam evoluir de forma lenta para quadros crônicos e nem sempre são percebidas precocemente pelos trabalhadores, que retardam a procura por auxílio com receio de repercussões negativas na empresa. O quadro é ainda agravado por situações de discriminação e assédio moral, que causam sofrimento e transtornos mentais, com grande impacto nas vidas dos trabalhadores e de suas famílias.

A dor e o sofrimento têm suas causas: excesso e ritmo acelerado de trabalho, condições insalubres e inadequadas, pressão e assédio psicológico, redução de direitos e das leis de defesa da saúde do trabalhador. Ataques para garantir lucros a qualquer custo e que tem levado a uma precarização das condições de trabalho cada vez maior e resultado no adoecimento dos trabalhadores no Brasil e no mundo.

Os governos também têm responsabilidade por esse quadro, ao impor dificuldades para o trabalhador se afastar e para o reconhecimento do nexo causal da doença, entre outras medidas que representam ataques à saúde e segurança dos trabalhadores.

Jornadas exaustivas, ritmo acelerado de trabalho, condições insalubres e inseguras, assédio moral, perda de direitos e desmonte da legislação trabalhista. Se você se identifica com alguma dessas situações, saiba que elas são marca do capitalismo neoliberal, que tem intensificado cada vez mais a exploração, e estão entre as principais causas das doenças ocupacionais que acometem a classe trabalhadora em todo o mundo.

É em meio a condições de trabalho cada vez mais exaustivas e redução de direitos que trabalhadores e sindicatos se mobilizam neste 28 de fevereiro, Dia Mundial de Combate às LER/DORT. A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) para alertar sobre as condições que levam milhões de trabalhadores ao adoecimento todos os anos.

No Brasil, dados da Previdência Social apontam que as LER/DORT representam cerca de 30% dos afastamentos por doenças ocupacionais no país. As mulheres são as mais afetadas, especialmente em funções administrativas e operacionais que impõem movimentos repetitivos.

“Existe uma relação explícita entre as lesões físicas e o sofrimento mental. Os distúrbios emocionais no ambiente de trabalho podem se derivar da sobrecarga de trabalho, ambiente precarizado e assédio moral, ocasionando sentimento de frustração, desvalorização pessoal, insônia, perda ou aumento de apetite, ansiedade e depressão”, explicou a psicóloga Sandra Moreira, integrante do Setorial Saúde do Trabalhador da CSP-Conlutas.

A luta contra a escala de trabalho 6×1 é hoje uma das principais batalhas da classe trabalhadora para combater a chamada escravidão moderna que impõe uma jornada desumana, impede o descanso, o convívio em família e o lazer para milhões de trabalhadores que atuam em setores como comércio, telemarketing, saúde, entre outros.

No dia-a-dia, as Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes) precisam ser combativas e independentes, lutando pela saúde e segurança dos trabalhadores, contra o desmonte dos direitos e em defesa de melhores condições de trabalho. Por isso, este Dia Mundial de Combate às LER/DORT deve ser um momento de mobilização da classe trabalhadora.

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