
“Quando perdemos a capacidade de nos indignar com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerar seres humanos civilizados.”
O memorável recado do jornalista Vladimir Herzog reflete o jornalismo colaborativo de uma imprensa livre que não descola da identidade social, política e cultural do nosso povo.
Puxando o fio da memória que celebra histórias de resistência, o Departamento de Comunicação Social – Decom/UFRN realiza o ato “Jornalismo e Memória: 50 anos de luta por justiça para Vladimir Herzog”. O evento marcado para às 19 horas da terça-feira, 28 de outubro, no auditório I do Labcom, terá a participação por meio de videoconferência de Ivo Herzog, filho de Vladimir e Clarice Herzog.
Vale lembrar que no dia 25 de outubro, há 50 anos, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado dentro do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna, em São Paulo.
“Alvo da ditadura civil-militar por supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro e pelo jornalismo crítico que fazia como diretor da TV Cultura, Vlado foi detido ao se apresentar voluntariamente para prestar depoimento sobre as acusações que sofria. Entrou vivo no DOI-CODI, foi torturado e morto pelos agentes da ditadura que tentaram forjar um suicídio”, manifesta o Instituto Vladimir Herzog.
“Debater a democracia brasileira na passagem dos 50 anos da morte de Vladimir Herzog é fundamental para compreender os golpes e as tentativas de golpe na República brasileira, inclusive este recente de 8 de janeiro de 2023”, afirma Ceiça Fraga, historiadora e professora aposentada da UFRN que estará presente na mesa de debates. Ela aponta que a morte de Herzog revela como a ditadura tratou os jornalistas e a imprensa do país. “Lembrar esses acontecimentos são imprescindíveis para mostrar às novas gerações os horrores da ditadura militar como forma de alertar o perigo da instalação de um governo autoritário, ditador, nos dias atuais”.
Ceiça reforça que a democracia é uma conquista que nos custou vidas, tortura, exílio, perseguição, prisão. “Não aceitaremos mais isso no país, não permitiremos que tirem o futuro das novas gerações. Por tudo isso, lembrar Vladimir Herzog é exaltar a importância da democracia e das liberdades”.
A jornalista Isadora Morena declara se sentir muito honrada de fazer parte desse movimento da UFRN de fazer uma homenagem à memória de Vladimir Herzog, que para ela é símbolo da luta por justiça e verdade no Brasil. “A sua família lutou bravamente pela denúncia das grandes violações de direitos humanos feitos pelo regime militar no Brasil, essencialmente a tortura, o assassinato, o sequestro, o desaparecimento de pessoas. E eu estou na mesa com o papel de apresentar um projeto atual do Instituto Vladimir Herzog, que é a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores. Uma forma que o Instituto pensou com outras organizações de enfrentar a grande violência acometida até os dias atuais contra jornalistas e comunicadores”.
Isadora revela que o Brasil, na última década, assassinou ao menos 30 jornalistas, sendo o segundo país mais perigoso para jornalistas nas Américas, perde apenas para o México. “Esse dado não considera ainda os comunicadores populares, o que torna esses números ainda piores”, completa. Ela reforça que “a Rede é uma articulação de atores sociais, de jornalistas e comunicadores, organizações, movimentos sociais, sindicatos, com a finalidade de fazer uma discussão na sociedade sobre a proteção de jornalistas e comunicadores, mas também pensar uma série de ações de formação, de articulação e de proteção no sentido de acompanhar casos de jornalistas e comunicadores que são vítimas de violências, de tentativas de censura e de ataques”.
A jornalista destaca que a Rede é uma das ações do Instituto Vladimir Herzog que mostra o legado desse jornalista “que defendia a educação, defendia a cultura como meio de transformação social e que foi vítima da ditadura militar”. O ato na UFRN relembra como “o estado brasileiro cometeu uma série de violações à vida de Vladimir Herzog e da sua família, que até hoje está aí atuante nessa luta pela memória de todas as vítimas da ditadura brasileira”.
⮟Anota aí na AGENDA
“Jornalismo e Memória: 50 anos de luta por justiça para Vladimir Herzog”.
→ Terça-feira, 28 de outubro
→ 19 horas
→ Auditório I do Decom/UFRN
Vai lá, fazer coro de mão dada com esse ato de memória e resistência!
⮟Aproveita e dá um pulo no site do Instituto Vladimir Herzog, que além de celebrar a vida e o legado de Herzog, cumpre a missão de organizar ações em defesa dos Direitos Humanos, da Liberdade de Expressão, da Memória, Verdade e Justiça.





