Festival Potiguara Ibirapi: diversidade etnocultural

Fotos: Jussara Galhardo

O III Festival Potiguara Ibirapi, realizado entre os dias 2 e 3 de outubro na Aldeia Potiguara Ibirapi, situada em Lagoa Grande, constitui um espaço de reafirmação identitária e de fortalecimento das redes de sociabilidade e resistência dos grupos indígenas Potiguara.

O evento mobilizou a comunidade local e visitantes de outras regiões, reunindo os Potiguara em torno de práticas rituais, apresentações culturais, trocas de conhecimentos e experiências, além da tradicional culinária local e da exposição de peças artesanais.

O evento foi marcado pela paisagem natural da aldeia: cercado de mata e pela Lagoa Grande – que dá nome ao lugar –, território de memória, espiritualidade e convivência. A programação incluiu rodas de conversa e palestras, evidenciando a pluralidade dos temas que atravessam o cotidiano indígena contemporâneo — religiosidade, direitos humanos, territorialidade, resistência e identidade étnica. Diálogo e articulação com tradição e atualidade.   

Além disso, a pintura corporal e as rodas de peteca contribuíram com uma atmosfera lúdica. A presença de representantes das comunidades de Ceará-Mirim e do Amarelão (João Câmara) reforçou os laços intercomunitários e o caráter coletivo das lutas indígenas no estado.

No primeiro dia, ao amanhecer, foi feito um percurso ecológico no Parque da Boca da Mata, uma trilha muito agradável, com seus recantos e memórias. Logo depois ocorreu o ritual do Toré com a presença do pajé Rafael e o xamã Guaraci Katu, além de convidados e demais presentes que se uniram ao círculo sagrado, trazendo bênçãos ao encontro.

Entre as rodas de conversa, temas como “Pajelança e Xamanismo: tecendo ideias entre sonhos e florestas”, com a presença de Cadu (Aningas), Pajé Rafael (Amarelão) e o xamã Guaraci Katu. A mesa seguinte debateu sobre “A questão Indígena e Direitos Humanos”, contando com a presença de Aloisio (Fundação José Augusto) e Guiomar Veras, do Tribunal Regional de Justiça do Rio Grande do Norte (TRJ/RN), representando o Fórum Interinstitucional de Direitos Humanos.

Ainda pela manhã foi debatido o tema: “Educação Escolar Indígena: avanços e desafios”, com as presenças do Potiguara Dioclécio (Assentamento Santa Teresinha/João Câmara) e da Codese/Seec/RN. À tarde foi feita a exposição “Memória do Festival: três anos de resistência”, por Débora Felipe, da Aldeia Ibirapi.

O primeiro dia do festival foi encerrado com apresentação do grupo musical Itamaraká — que na língua tupi significa “instrumento de pedra”, segundo Akanguaçu Diego. Uma combinação sonora de violões e maracás que evoca tanto a ancestralidade quanto a criação contemporânea dos Potiguara.

No segundo dia, o tema “Memória da Aldeia: a auto-organização do povo Potiguara Ibirapi de Lagoa Grande”, teve a participação de Tayse Campos (Amarelão/João Câmara), Bárbara, Larissa e Débora (Aldeia Ibirapi/Ceará-Mirim) e Lígia Albuquerque (Rio dos Índios/Ceará -Mirim).

Compareci ao evento representando o projeto “Proposta Colaborativa para Valorização e Difusão do Patrimônio Indígena do RN”, do Museu Câmara Cascudo junto à Pró-reitoria de Extensão Universitária/UFRN. Minha presença no primeiro dia do encontro permitiu vivenciar, mais uma vez, a hospitalidade e a potência cultural dos Potiguara Ibirapi, à qual tenho grande admiração, além de uma profunda gratidão a toda comunidade, em especial ao cacique Y’menbyra, nosso querido anfitrião.

Nesse ambiente repleto de afetos, narrativas e celebrações coletivas são fortalecidas as amizades verdadeiras e confirmadas parcerias que possam contribuir com ações pela causa indígena no Rio Grande do Norte.

O Festival Potiguara Ibirapi, ao longo dos anos, reafirma não apenas a troca de conhecimentos, mas também proporciona a imersão na diversidade etnocultural do Rio Grande do Norte, fortalecendo as expressões dos grupos familiares indígenas na atualidade.

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