
Puxando o fio da memória nessa teia que celebra os 20 anos da Política Nacional Cultura Viva, que nasceu e cresceu com o fomento multicultural no Brasil, “a lição que aprendemos de cor” dá um puxão de orelha nessa matéria sobre o encontro que acontece em Salvador (BA), desde o último dia 3.
“O olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.”
Assim, a língua afiada da imprensa livre, logo, deu voz à inventividade poética de Manoel de Barros que nos convida a um exercício de imaginação. Pois é, imagina em meio a esse Encontro Nacional Cultura Viva o “ator extraordinário” chamado Chico Daniel mostrando a sua arte de brincar com bonecos, juntamente com o Boi Calemba do Mestre Manoel Marinheiro ou o Boi Calemba Pintadinho do Mestre Dedé ou o Pastoril Dona Joaquina.
A missão de um jornalismo coletivo, que não descola da identidade social, política e cultural do nosso povo, não podia publicar todo esse festejo do Cultura Viva sem a memória de Mestres e Mestras da nossa cultura popular. Igualmente a tantas expressões e saberes ancestrais que ocupam o palco do Encontro Nacional Cultura Viva 20 anos.
“Estamos celebrando este momento e promovendo a reflexão acerca da implementação da política, os desafios que temos pela frente, a correção de rumos e a possibilidade de realmente criar uma política pública com participação e controle social para a área da cultura. Essa é a riqueza da Cultura Viva! Ela é feita por gente, para a gente, é um presente nosso para o povo brasileiro”, explica o Mestre Pai Lula Dantas, de Itabuna (BA), membro da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC).
Na opinião de Raimundo Melo, representante do Pontão de Cultura e Cecop/RN [Centro de Documentação e Comunicação Popular], “o encontro nacional dos 20 anos do Cultura Viva celebra a memória, a reflexão, o futuro, eixos estruturantes da Política Nacional Cultura Viva, criada na gestão do então ministro Gilberto Gil”.
O evento segue até este sábado (06/7), tecendo o fio e puxando a teia para a construção de políticas destinadas às culturas tradicionais e populares. Uma intensa programação cultural que inclui oficinas, plenárias e apresentações artísticas.

Além desse encontro nacional, um extenso calendário de atividades comemorativas topa com muitos desafios e projetos pelo caminho da diversidade cultural que percorre uma infinidade de territórios espalhados por todo o país.
São muitos fazeres artísticos que precisam de apoio para se transformarem em verdadeiros espetáculos e continuar impulsionando o crescimento do setor cultural e a geração de empregos. Pesquisas do Observatório da Fundação Itaú e Fundação Getúlio Vargas revelam expansão recorde e impacto financeiro significativo das políticas de fomento, essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país.
Segundo o Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, a economia criativa no Brasil registrou no ano de 2023 um crescimento de 4% na oferta de empregos, comparado aos 2% observados na economia geral, com 7,8 milhões de novos postos de trabalho no ano. Destaque para os segmentos de moda, atividades artesanais, indústria editorial, produção audiovisual, música, desenvolvimento de software, jogos digitais e serviços de tecnologia.
De acordo com a pesquisa, de abril a dezembro de 2023 foram geradas 577 mil novas vagas, um grande avanço em relação às 287 mil registradas no ano anterior. O maior número de cargos gerados desde 2012, com 7,8 milhões de novos trabalhadores.
A formalidade no setor também aumentou em 3%, representando 4,9 milhões de ocupados e 63% do total. Os profissionais da área obtiveram uma remuneração média de, aproximadamente, R$ 4,5 mil acima da média nacional de R$ 3 mil.
Entra em cena não apenas o patrimônio imaterial, mas uma economia criativa que é impulsionada, gerando mais empregos. “O resultado é muito promissor e comprova que investir em cultura movimenta a economia, promovendo o desenvolvimento do país e gerando emprego e renda”, explica Henilton Menezes, secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic) do Ministério da Cultura.
Enquanto isso, o Coletivo Foque [recentemente certificado como Ponto de Cultura pelo Minc] avança seu desafio para manter viva a teia do jornalismo independente que envolve imprensa livre, cultura, memória. A exemplo da produção e exibição de conteúdo através de reportagem, podcast, bate-papo e atividades como as sessões “CINEMA, MEMÓRIA E RODA de CONVERSA”, que está no calendário de eventos do Julho Cultura Viva.
// Ajude o Coletivo Foque a continuar filmando memórias e contando histórias de resistência.