CSP-Conlutas aprova resolução política e plano de lutas

Foto: Assessoria/CSP-Conlutas

A primeira reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, em 2023, ocorreu neste fim de semana [10 a 12/3] na cidade de São Paulo [SP] com a participação de entidades e movimentos sociais de todo o país [online e presencialmente].

Um painel com categorias em luta abriu a reunião e como já se tornou uma tradição na programação da Central, representantes de setores que protagonizam lutas em curso no país deram um panorama sobre as mobilizações e os desafios para a classe trabalhadora.
Um debate bastante representativo que começou com os expositores presentes na mesa – trabalhadores do funcionalismo, da educação, enfermagem, metroviários e entregadores de aplicativos – e prosseguiu com a intervenção de outras categorias presentes na plenária e na sala online.
Funcionalismo enfrenta enrolação do governo
O dirigente Fabiano Santos, do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal [Sintrajud/SP], falou sobre a mobilização dos servidores públicos federais que estão em luta pela recomposição salarial emergencial. Iniciou destacando, inclusive, que dirigentes das entidades da categoria estavam em Brasília (DF) nesta sexta-feira para mais uma reunião com o governo Lula. “O Executivo anunciou com muita pompa a abertura da mesa de negociação com os servidores, mas até agora o que temos é uma mesa de enrolação e não houve avanços efetivos. Hoje, a situação é que o governo quer negociar a distribuição de recursos que foram alocados por Bolsonaro e Guedes e apresentou uma proposta de apenas 7,8%. Quando sabemos que há espaço para avançar no orçamento, sem disputar com outras políticas sociais, já que quase metade dos recursos do país vão para pagar juros a banqueiros através da Dívida pública”, disse o dirigente.
Segundo Fabiano, não há disposição efetiva das entidades, de setores ligados ao governo, à CUT, em construir uma mobilização que pressione. “Mas, como tem defendido a CSP-Conlutas, somente um real processo de mobilização e pressão poderá arrancar as reivindicações do funcionalismo, que não se limitam apenas ao reajuste emergencial, mas que hajam recursos no país alocados para valorizar os serviços públicos”, concluiu.
Na Educação, a luta por direitos e contra a reforma do Ensino Médio
A trabalhadora da Educação no RJ, Mirna Maia, integrante da CSP-Conlutas, falou sobre os ataques à Educação Básica, que acontecem há vários governos e agora se aprofundam com a reforma do Ensino Médio. “Começaram terceirizando funcionários administrativos, mas seguem avançando para a privatização de toda a educação básica e a reforma do Ensino Médio é expressão disso. O ensino pedia mudanças, mas não para ensinar como fazer brigadeiro [disciplina optativa que vem sendo ofertada], como estão fazendo. Não era pra aprofundar a lógica privatista, mas de valorização e mais investimentos”, afirmou.
Mirna também destacou a falta de iniciativa concreta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação [CNTE] para organizar uma mobilização contra os ataques. “A CSP-Conlutas é a única central que defende a revogação integral das reformas e essa deve ser nossa principal luta no próximo período”, defendeu.
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará, Silvia Letícia, também falou sobre a situação de precarização cada vez maior imposta aos trabalhadores da educação, mas ressaltou a resistência que a categoria vem demonstrando. “É contra uma política de desmonte da educação pública que a categoria tem lutado muito nos últimos anos, por reajuste, pelo piso nacional, contra a precarização. Agora, com a reforma do ensino médio, estamos vendo graves problemas no currículo, que empobrecem o conhecimento e pioram ainda mais as condições para exercer nosso trabalho”, disse.
Para Sílvia, “um dos centros da CSP-Conlutas deve ser pela revogação dessa reforma e a única forma é buscar avançar no calendário de luta, unificar pela base, denunciar as direções burocráticas, disputar a direção do movimento”.
Trabalhadores da enfermagem não param de lutar
Outra categoria, vanguarda nas mobilizações no último período, também teve representação com a participação de duas trabalhadoras da enfermagem. Rosilda da Silva, do Sindsaúde/RN, entrou online direto de uma mobilização dos trabalhadores da saúde e lembrou a árdua luta que a categoria realiza nos últimos anos, que resultou na aprovação da lei do piso nacional da enfermagem. “Uma lei que já foi aprovada, que teve a criação das fontes de recursos, mas que ainda não foi implementada e segue suspensa por decisão do STF [Supremo Tribunal Federal]”, lembrou a sindicalista.
A técnica de enfermagem de Natal, Érica Galvão, também falando online direto da mobilização da categoria, reforçou que o piso é uma reivindicação histórica há mais de 30 anos e que a categoria vai seguir firme até garantir esse direito. “É preciso construir um dia nacional de paralisação da enfermagem para garantirmos finalmente esse direito que é uma reparação histórica, principalmente àqueles que deram sua vida para salvar vidas na pandemia”, afirmou.
Os entregadores de aplicativos contra a exploração
Paulo Lima, conhecido como Galo, membro dos entregadores antifascistas e do movimento Revolução Periférica, falou sobre os desafios da organização da categoria que vem passando por mudanças nos últimos anos, avaliando que houve evolução na consciência e organização dos motoboys. “Vi muita gente que tinha raiva de sindicato, da palavra greve, e de lá para cá muita coisa evoluiu, e a categoria passou usar a greve para reivindicar direitos e enfrentar a exploração. Acredito que o sindicalismo é uma ferramenta histórica para classe trabalhadora. Mas ainda hoje há dificuldade para muitos compreenderem isso”, destacou.
Galo refutou ainda um boato de que os entregadores seriam “todos bolsonaristas”. Discordou e avaliou que o que existe é o pensamento liberal na cabeça do trabalhador, parte de um processo de precarização, uberização, que ocorreu no último período. “Só a mobilização, organização e conscientização da classe vai mudar isso ai”, afirmou.
Coordenação Nacional aprova resolução política e plano de lutas
Após as falas dos expositores ocorreram intervenções de delegados/as e observadores/as presentes na plenária e na sala online com relatos de muitas lutas, como os trabalhadores das indústrias químicas de São José e região que estão em campanha salarial, realizando fortes greves por empregos e direitos; os metalúrgicos da Avibras, que estão em greve há mais quatro meses e lutam por empregos e pela estatização da empresa do setor de Defesa; os metalúrgicos da GM que iniciaram mobilização com o anúncio de reestruturação mundial da montadora; a luta contra a privatização da Sabesp, anunciada pelo governo de Tarcísio de Freitas, em SP; a luta quilombola em Sergipe.
Em comum, a defesa de que a CSP-Conlutas deve ser um polo de apoio à todas as lutas, buscar a unidade pela base e manter a independência de classe em relação aos governos.
Após a aprovação dos relatórios dos Setoriais da CSP-Conlutas, a reunião nacional debateu resoluções políticas e aprovou os encaminhamentos que orientam a atuação da Central para o próximo período,. Além de aprovar por aclamação inúmeras moções.
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