
por NILO EMERENCIANO // arquiteto e escritor

Compareci, no último sábado (12/03), às comemorações dos cinco anos do Ponto de Memória Estação do Cordel, ali na Praça Padre João Maria, centro histórico de Natal. Matei dois coelhos de uma só paulada: prestigiei o amigo Gutenberg Costa, presidente da Comissão Norte-Rio-Grandense de Folclore e apoiador de sempre dos cordelistas e cantadores do estado, homenageado com o Certificado de Mérito Cultural poeta Chico Traíra (1926/1989). Além disso, vi e ouvi contação de histórias e depoimentos de poetas.
Um ponto comum aos relatos, a partir do depoimento de Waugia, filha de Chico Traíra: as dificuldades enfrentadas por todos que emprestam sua testa procurando coisas pra se cantar. As lutas, o absoluto descaso por parte de quem deveria estimular, apoiar e promover a arte e a cultura popular. E isso quando temos na presidência da FJA o cordelista Crispiniano Neto.
Tive a sorte de ter um tio que me abasteceu desde cedo, trazendo das feiras livres exemplares da literatura de cordel, despertando assim o meu interesse por essa rica forma de fazer poesia. A peleja do Cego Aderaldo e Zé Pretinho me encantava. O meu tio não só lia para mim, ele cantava como faziam aqueles que vendiam nas feiras o seu talento. E que sonoridade!
“É um dia é um dado é um dedo / É um dedo é um dado é um dia”.