Coletivo Foque participa de encontro com Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores

Até onde pode ir a nossa voz?

Em 1842 um jovem chamado Karl Marx publicou vários textos em defesa da liberdade de imprensa, denunciando a censura imposta pelo governo de Frederico IV na Alemanha. O filósofo alemão havia encontrado no jornalismo uma poderosa ferramenta de luta contra a opressão. Um instrumento de resistência frente à tirania do rei todo poderoso. Para nós, sempre prevalecerá essa mesma liberdade de expressão reafirmada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Afinal, a imprensa livre e independente se ancora em dados e fatos — não em preferências ideológicas, preconceitos ou superficialidades.

Na contramão da história, jornalistas e comunicadores seguem enfrentando um cenário de agressões, intimidações e censura. O Relatório elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) revela a realidade alarmante da violência contra operários e operárias da notícia. Em 2024, embora o número de ataques tenha caído para 144 casos — uma diminuição em relação ao auge da violência durante o governo Bolsonaro —, a Fenaj alerta: “a queda deve ser observada com cautela”.

Isadora Morena, jornalista e Articuladora Regional no Nordeste da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores, afirma:

“A Rede é um importante instrumento de articulação de jornalistas e comunicadores de todo o Brasil, visando garantir a liberdade de expressão com a criação de estratégias de proteção para quem atua na comunicação em defesa dos Direitos Humanos.”

Encabeçada pelas organizações Instituto Vladimir Herzog e Artigo 19, a Rede é uma articulação de mais de 160 comunicadores e organizações sociais no Brasil. “Fundada em 2018, atua na formação, na prevenção e também como instrumento de acolhimento de denúncias de violação de direitos contra jornalistas e comunicadores no exercício de suas atividades profissionais”, completa Isadora.

Presente em todos os estados brasileiros, a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores conta com uma articulação de pessoas jornalistas, comunicadoras populares e comunitárias, organizações da sociedade civil, movimentos sociais e entidades de defesa dos direitos humanos, fortalecendo laços de solidariedade e colaboração. A exemplo da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Na segunda-feira [21]07], o Coletivo Foque participou de uma conversa virtual a convite da Rede, ao lado de ativistas da comunicação popular de diferentes estados. Durante o encontro, ficou claro a importância de “avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo”, como disse o poeta Thiago de Mello. Em seguida, o Coletivo Foque assinou o formulário como integrante da Rede, consciente de que “é preciso estar atento e forte”.

Apesar do ofício perigoso, o Coletivo Foque segue firme no enfrentamento a toda forma de violência. Nessa caminhada, o respeito faz coro com o cantador popular Milton Nascimento: “Nada a temer senão o correr da luta”.

O encontro com a Rede foi mais um alerta urgente e necessário: “Ninguém solta a mão de ninguém”, num sinal de que esse coro de resistência precisa ecoar cada vez mais alto.

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