
“A primeira sessão de cinema formal aconteceu no dia 28 de dezembro de 1895, em Paris”, conta o pesquisador e escritor Nelson Marques. Ele explica que essa “foi a primeira vez que se projetou filme, uma cena de fotografia em movimento numa parede, e que se cobrou ingressos para entrar naquela sessão, por isso que é, no mundo, considerada o início da existência do cinema”.
O cinema, que à época do seu nascimento quebrou modelos e impactou as pessoas, levou uma turma apaixonada pela chamada sétima arte a fundar o Cineclube Tirol (1961-62) na capital potiguar. “A sua formação de cinema tem que ser assistindo filmes”, afirma Nelson lembrando a lição que aprendeu com os cineastas Martin Scorsese e Quentin Tarantino.
Passados 63 desde a fundação, aconteceu neste sábado (27/7) no Mercado Cultural de Petrópolis o Encontro de Amigos do Cineclube Tirol. “A ideia desse evento é um caminho que nós temos percorrido no sentido de fazer uma preservação da memória de entidades e ações que foram feitas em Natal, já há muito tempo, e que está sendo perdida por falta de trabalho consequente no sentido de preservar, lembrar e comemorar”, esclarece Nelson que também é um dos fundadores do Cineclube Tirol.
Ele acrescenta que essa atividade é a continuidade de uma ação que começou a fazer escrevendo um livro chamado Historiografia dos Cinemas do Rio Grande do Norte para mostrar a existência de cinemas de rua em Natal e em outras cidades do estado. Junto com João da Mata, publicou também o livro que é uma edição fac-similar dos boletins do Cineclube Tirol.
Nelson relata que “isso é uma informação importante porque, de uma certa maneira, o material que era feito pelos associados do Cineclube Tirol, toda vez que havia uma exibição nas sessões do Cineclube, e mais ainda quando começaram a acontecer as sessões do cinema de arte, no Cine Nordeste, no cine Rio Grande, que sempre se fornecia um material para que as pessoas levassem à frente uma informação mais organizada e que poderia propiciar uma discussão sobre o evento que estava acontecendo”.
A paixão pelo cinema e a formação que teve assistindo filmes estimulou Nelson Marques a se unir ao sebista e editor Oreny Junior para fazer uma homenagem ao pesquisador e escritor Anchieta Fernandes. “Resolvemos juntar na forma de livro o material que ele havia publicado, crônicas diárias no Facebook dele, que era chamado Efemérides Cinematográficas. Tudo isso com a intenção de que a memória seja preservada, que a gente, de uma certa maneira, consiga resguardar a história das entidades e das atividades que aconteciam nesta cidade”.
O cineclubista e membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte chama a atenção para a cultura da memória, a cultura da história, a cultura da preservação. “Então, o objetivo é fazer isso que nós chamamos de um encontro dos amigos do Cineclube Tirol, além das pessoas que participaram de diretoria, de planejamento de ações, é trocar ideias, fazer lembranças, uma conversa bastante informal. Tudo isso para que a gente continue valorizando a história. Se a gente não fizer isso, a nossa tendência, enquanto espécie humana, é repetir os erros muito mais frequentemente do que repetir os acertos que nós tivemos”.