As instituições UFRN, FJA e outras no passo do cordel potiguar!

por NANDO POETA
Ponto de Memória Estação do Cordel

No Brasil do século XIX, havia toda uma discussão na seara literária para se definir um perfil de uma marca na literatura brasileira. Alguns escritores buscavam a identidade dos povos originários, outros se identificavam com a figura do sertanejo. Entramos no século XX com essa lacuna na nossa literatura. A realização da Semana da Arte Moderna foi um polo de atração que buscava preencher esse vazio existente, a falta de uma identidade para a literatura brasileira.

O cordel já andava naquela época paralelo ao que brotava na escola literária brasileira. O romantismo, o realismo, o simbolismo, o modernismo eram frutos das mutações das vertentes que habitavam as escolas literárias no Brasil.
O cordel durante toda sua trajetória fomentou inúmeras discussões sobre as suas origens e, dentro das incertezas, muitos estudiosos se debruçaram sobre o seu conteúdo.
Nos seus primórdios, alguns localizaram este gênero literário com o foco no folclore. Alguns desses pesquisadores (Silvio Romero, Gustavo Barroso, Câmara Cascudo) alimentaram essa discussão por esse caminho.
É inegável o papel dos folcloristas no registro dos folhetos com suas temáticas e autores, o que possibilitou nos dias atuais termos o acesso da existência de muitas dessas obras produzidas por autores do final do século XIX e das primeiras décadas do século XX.
Diversos pesquisadores no seu universo tomaram a temática do cordel como objeto de estudo, absorvendo nas suas interpretações uma visão diversificada sobre esse gênero literário.
O tempo foi se passando e até os dias atuais o cordel ainda se encontra numa encruzilhada.
Apesar da produção gigantesca de teses, estudos sobre a temática, gerando a produção de inúmeras obras, o cordel não conseguiu um maior amparo no interior das universidades brasileiras, até hoje não se encontra na estrutura curricular dos cursos de licenciaturas. Poucas são as universidades do país que o absorveram numa grade curricular. “Enquanto não avançarem os estudos sobre ela, será preferível incluí-la entre uma vasta literatura que se pode adjetivar não como popular, mas como literatura ignorada, esquecida, censurada.”
(Disponível em: https://www.academia.edu – Acesso em 10 de fev. 2023)
Ao longo do tempo se desenvolveu uma visão preconceituosa em relação ao cordel, um total desprezo pelo seu estudo.
Muitas teorias foram impregnadas de distorções, que terminam sem contemplar o cordel como um gênero da literatura brasileira. Algumas delas povoam no nosso meio, e são naturalizadas, como: 1) uma literatura de pouco valor; 2) produzida por analfabetos; 3) não é vista como gênero literário; 4) uma poesia de pobres; 5) no cordel não tem poesia; entre tantas outras visões depreciativas.
Diante desta situação, temos um fosso na formação dos profissionais de educação, no tocante ao estudo do gênero literário cordeliano. Muitos profissionais concluem seus cursos de licenciatura com a defasagem de não ter nenhuma formação no conteúdo da poesia cordeliana, impossibilitando os profissionais atuarem com propriedade sobre a temática em suas salas de aulas, reduzindo drasticamente a possibilidade da evolução do ensino na aprendizagem da educação básica.
Portanto, trazemos neste artigo um pouco da trajetória do cordel no Rio Grande Norte, seu desenvolvimento em algumas instituições importantes no estado que cumpriram o papel de propagar o cordel.
A trajetória do cordel na terra potiguar
Tudo era apresentado como um empecilho na caminhada dessa literatura. Quando do surgimento das inovações tecnológicas durante o percurso histórico nos séculos XIX e XX, como o rádio, o cinema, a TV ou os impressos mais sofisticados. Se faziam afirmações que o cordel estava se aproximando do seu fim.
Numa nota do jornal Diário de Natal, no dia 15 de julho de 1986, o jornalista Woden Madruga reproduz uma fala do poeta Francisco Bandeira de Melo, na época secretário de Turismo, Cultura e Esportes de Pernambuco se referindo ao cordel. Segundo o jornalista, o poeta havia feito a seguinte afirmação: “a verdadeira literatura de cordel está morrendo e a única coisa (sic) que se pode fazer é prolongar sua morte”.
O pesquisador potiguar Veríssimo de Melo reage e responde à queima roupa através de uma carta endereçada ao Jornalista Woden Madruga no dia seguinte, em 16 de julho de 1986, de forma contundente. Segundo o pesquisador:
Isso é o que se chama desinformação. Não conheço pessoalmente o poeta Bandeira de Mello, mas posso garantir que ele não é “do ramo”. Ouviu o galo cantar e não sabe onde. Se ele tivesse a mais mínima noção da literatura de cordel nordestina e brasileira diria justamente o contrário. O cordel vive uma época de ouro. Jamais se publicaram tantos folhetos. O consumo dessa literatura cresceu extraordinariamente. (MELO, V. 1986)
A visão de Veríssimo de Melo no seio da intelectualidade era extremamente minoritária, pois eram propagadas naquele instante observações que o cordel no Brasil estaria perdendo o fôlego. Mas o olhar do pesquisador, apoiado em uma realidade, apontava outro caminho:
Hoje, o quadro modificou-se. Onde vai o nordestino – vai o cordel. É enorme a produção de folhetos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, para não falar nas cidades fontes, como Campina Grande, Recife, Fortaleza, Natal, etc. Até estados que nunca foram produtores de cordel, como Espírito Santo e Maranhão, já os produzem. (MELO, V. 1986)
Veríssimo, folclorista e estudioso do cordel com seus apontamentos conseguia observar o vigor desse gênero literário, e a amplitude que essa poesia tomava no cenário nacional. O autor da carta, a partir de suas pesquisas e elaborações, afirmava: “Vivemos uma época de florescimento do cordel. Você sabia que até japonês de São Paulo está escrevendo cordel? É algo inusitado, estranho. Mas isso também demonstra a vitalidade atual do cordel.” (MELO, V. 1986)
Veríssimo refletia um cenário efervescente na seara potiguar, com um grupo de intelectuais (pesquisadores, jornalistas) que davam uma preciosa atenção ao cordel. E pelo fato de terem relações ou estarem à frente de determinadas instituições públicas da Educação e Cultura, conseguiam impulsionar ações que fortaleceriam a trajetória desse gênero literário.  
Esta carta só foi publicada pelo jornalista Woden Madruga, revelando a opinião do pesquisador e folclorista Veríssimo de Melo, quase trinta anos depois no jornal Tribuna do Norte do dia 6 de junho de 2015.
Nesta carta de resposta ao jornalista Woden Madruga, Veríssimo de Melo desferiu: “O Cordel é um testemunho do nosso tempo”. O pesquisador vivenciava o protagonismo do cordel em instituições do estado potiguar.
Instituições como a UFRN, a Fundação José Augusto (FJA), a Secretaria Estadual da Educação, o Sesc/Senac impulsionaram ações que corroboram no desenvolvimento e na propagação do cordel em Natal e no estado potiguar
O cordel transbordava ao seu tempo, absorvendo as transformações ocorridas na sociedade ao longo do tempo, conseguindo navegar em mares, mergulhado em turbulências, sempre buscando interagir com os elementos que surgiam de uma nova dinâmica linguística, artística, política e cultural.
Esse dinamismo do cordel fomentou a sua trajetória e o fez reaquecer, transformá-lo, erguê-lo, quando muitos afirmavam que o cordel estaria se exaurindo da cena poética, chegando numa fase terminal. Quando se atesta isso, a resposta do cordel foi o do seu ressurgimento, sempre com maior vigor.
Robson William Potier, em sua tese de dourado, afirma que o cordel foi interagindo com a mudança de “seus leitores e ouvintes, seus espaços de circulação e consumo, seus efeitos de produção de discursos.”
Para entendermos a intervenção das instituições no cenário do cordel em Natal, destacamos as suas iniciativas durante as décadas de 70, 80 e 90 do século XX.
Fundação José Augusto
A Fundação José Augusto – FJA surgiu em 8 de abril de 1963 no governo Aluízio Alves com a função de promover a cultura e ao passar do tempo foi ampliando o seu raio de atuação.
A instituição cultural acumulava diversas atribuições: a de formação, ofertando cursos superiores, a promoção de seminários, estudos, debates, pesquisas e produção de documentação; promover eventos culturais, folclóricos e turísticos, com premiação de literatura, poesia e pintura; monitorar os equipamentos culturais e turísticos, organizando bibliotecas, teatros, casas de culturais.
Por fim, a tarefa de monitorar projetos de restauração de monumentos e valorização do patrimônio histórico e artístico de todo o Estado.
A FJA com as infinitas atribuições no seu percurso histórico teve no cordel e na viola uma de suas marcas em atividades desenvolvidas pela instituição.
A Biblioteca Câmara Cascudo com seu acervo de 23.147 volumes registrados recebeu um público de 6.168 distribuídos: 3.009 mulheres, 2.744 homens e 385 crianças. (Diário de Natal, 13 de abril de 1972)
No ano de 1974, a biblioteca contabilizou o comparecimento de 200 leitores por dia. Esta presença de público revela a importância que uma biblioteca tinha na vida das pessoas naquela época.
Diário de Natal, 13.04.1972
Neste período a FJA assinou um convênio com o Instituto Nacional do Livro, possibilitando expandir bibliotecas pelas cidades do interior, atingindo quase a média de uma biblioteca por cidade do Estado. Pelo fato do cordel estar sendo pesquisado pela FJA todas as bibliotecas foram dotadas de coleções de cordéis para a leitura.
Na Biblioteca Estadual Câmara Cascudo foi instalada sua Galeria, espaço disponível para exposições de obras de artes. Como forma de expandir o interesse pela leitura e o acesso aos livros, a Biblioteca com o apoio da FJA organizou a 1ª Feira do Sebo na cidade de Natal, realizada em novembro de 1972, e neste evento se encontravam os Folhetos de Cordéis.
Diário de Natal, nov 1972
Era muito comum a realização dos lançamentos de livros dos autores promovidos por órgãos governamentais. Em maio de 1972 o escritor Ariano Suassuna esteve em Natal para lançar seu livro “A Pedra do Reino”, toda obra foi constituída apoiada em elementos do cordel e das tradições e costumes do Nordeste brasileiro.
No Teatro Alberto Maranhão, outro equipamento subordinado à FJA, ocorriam shows de cantores. Um deles, batizado de DESAFIO, teve a participação dos poetas Antônio Dias e João Batista Macedo; Raimundo Galdino e Manoel Morais; Zé Alves e Antônio Sobrinho, com declamação do poeta Zé Saldanha e o Trio Potiguar puxando um forró.
Diário de Natal, 1973
As artes plásticas eram também uma seara que a FJA abraçava. No ano de 1973 a instituição organiza uma exposição dos artistas plásticos Manxa e Dorian Gray. Na ocasião, Manxa lançou o seu Álbum de Xilogravura sobre Imagens de Cordel.
Diário de Natal, 26.10.1973
A FJA e a Sociedade de Cultura Musical promoveram de 8 a 28 de julho de 1973 o 1° Festival de Arte do Rio Grande do Norte, com a presença marcante do cordel.
Diário de Natal, 24.04.1973
Na programação deste Festival foi organizado um Curso sobre Cordel com uma carga horária de 12 horas, ministrado pelo pesquisador pernambucano Sebastião Vila Nova. O curso teve o objetivo de atualizar os estudos sobre o cordel, suas origens, seus autores; as funções sociais dos folhetos como instrumento de socialização, a relação da poesia oral e a poesia escrita e a invenção artística das capas dos folhetos, entre outras temáticas.
A Secretária Estadual da Educação e Cultura (SEEC) e o Departamento de Ensino Médio do Mec também se apoiou neste gênero literário, o cordel, para impulsionar o processo educacional no Rio Grande do Norte. No ano de 1973 foi encomendado um cordel ao poeta Chico Traíra, abordando a reforma do ensino. 
Diário de Natal, 17.08.1973
No dia 13 de novembro de 1973 a Faculdade de Sociologia e Política da FJA promoveu a I Semana de Antropologia Brasileira, onde ocorreu a conferência do artista plástico Iaperi Araújo sobre o cordel. Depois do sucesso do I Festival, a FJA organiza a sua segunda edição entre os dias 7 a 27 de julho de 1974, trazendo novamente o cordel para o centro das atenções.
A FJA organizou ainda a I Semana Nordestina de Comunicação Popular, coordenada pelo ex-padre José Luís. Este evento contou com a participação dos violeiros de vários Estados: Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Na ocasião ocorreram diversas palestras, uma delas com Gumercindo Saraiva abordando o tema sobre a presença de “Cascudo na Poesia Popular”. A participação dos repentistas foi significativa, com 80 participantes, onde se discutiu sobre a presença de “Deus na Literatura de Cordel”, tendo como atração musical a dupla dos emboladores de Coco, Geraldo Mousinho e Cachimbinho, que apresentaram a “História da Virgem Maria”. Para finalizar a atividade foi anunciado os vencedores do concurso e a comunicação de que a partir daquele momento o Estado potiguar pagaria uma pensão mensal ao poeta Chico Traíra, como retribuição aos serviços prestados à cultura do Rio Grande do Norte.
No ano de 1975 a FJA buscou ampliar a intervenção dos seus projetos culturais, desenvolvendo as parcerias: Círculo da Cultura, Caminhão da Cultura, a elaboração e publicação da Antologia da Poesia de Cordel, como também a implantação de um Centro de Formação de Professores de Educação Artística com acesso à bolsa de estudo. Para essa empreitada, a FJA fechou um acordo de parceria com a Shell do Brasil para obter os investimentos necessários. De cara conseguiu o financiamento de Cr$ 200,00 para a publicação da Antologia, que terá como responsável na organização o pesquisador Sebastião Nunes Batista da Casa Rui Barbosa.
As conversações avançaram com a Shell e a FJA lançou em julho de 1977 a primeira Antologia de Literatura de Cordel na cidade do Rio de Janeiro, que se transformou em referência para os círculos cordelianos, considerando que a obra conseguiu contemplar vários poetas, muitos deles caindo no esquecimento.
O livro “ANTOLOGIA DE LITERATURA DE CORDEL”, de Sebastião Nunes Batista, teve uma tiragem de 20.000 exemplares. Foi notícia no Jornal Diário de Natal, na edição do dia 29/09/1977, informando, que, no dia 10/10/1977, na Academia Norte-rio-grandense de Letras seria lançado e com a presença do Autor. De fato, no dia do lançamento foi entrevistado na Rádio Poti e na redação do Jornal. (ALBERTO, C. 2020)
Por iniciativa da FJA e da SEEC com o apoio do Ministério da Educação e Cultura, em 1975 foi organizada a Festa Nacional do Folclore, em homenagem ao folclorista Luís da Câmara Cascudo. A iniciativa contou com o apoio da Campanha em Defesa do Folclore Brasileiro, da UFRN, Emproturn, Secretária Municipal de Turismo. O evento ofereceu um Curso sobre Cordel, ministrado por Sebastião Vila Nova, diretor do Departamento de Sociologia da UFPE e pesquisador do Instituto Joaquim Nabuco. O curso foi realizado no Salão dos Grandes Atos da FJA.
Diário de Natal, 02.08.1975
Nesta Festa do Folclore abriu-se as portas para o movimento de quadrinhos, esta linguagem artística em Natal, acompanhando o diálogo que já vinha ocorrendo na década de 60, quando ilustrou-se alguns textos clássicos, como: O Pavão Misterioso, A Marca do Zorro, entre outros títulos, editado pela Editora Prelúdio, hoje Luzeiro.
Durante o evento este diálogo foi potencializado, contribuindo para consolidar a ideia de construir biografias de figuras do cenário político e cultural do Rio Grande do Norte, sendo na ocasião lançada a biografia em cordel de Câmara Cascudo.
Diário de Natal, 28.08.1975
O ano de 1975 foi transformado no ponto de partida para a FJA construir suas  iniciativas de fomentar as publicações de títulos literários, entre essas obras foram incorporados vários títulos de folhetos de cordéis, especialmente dos autores que atuavam em solo potiguar.
Diário de Natal, 03.07.1976
 Para dar início a esta produção, a FJA publicou um cordel falando do Projeto Circo da Cultura, elaborado pela jornalista Rejane Cardoso Serejo. Um fato excepcional, já que era muito raro a presença de mulheres na produção dos folhetos de cordéis na cidade de Natal.
A FJA, inspirada na iniciativa do Circo da Cultura, no ano seguinte promoveu um projeto que se chamou “Série Cordel”, com o objetivo de publicar novas edições de poetas, como também uma publicação do professor Antônio Marques de Carvalho Junior com o título: A Literatura de Cordel no Nordeste Brasileiro: origem e valor”.
A Série Cordel foi um projeto pioneiro que acolheu a produção dos poetas cordelistas, que tinham seus trabalhos selecionados por uma Comissão instituída para esse fim. Os poetas selecionados tinham o direito de receber 20% da produção dos seus folhetos.
O Projeto de publicação dos folhetos foi evoluindo, a partir dos questionamentos realizados pela Associação Estadual de Poetas Populares, entidade surgida em 1975 para fazer a defesa dos interesses de cordelistas e violeiros no Rio Grande do Norte, que começou a pontuar algumas limitações da comissão para a escolha dos trabalhos. Segundo a Associação, na comissão não existiam pessoas capacitadas, com as condições de realizar esse julgamento.
A FJA, com o intuito de contemplar a Associação nas decisões, decide realizar uma parceria com a entidade classista que passou a opinar na Comissão Julgadora nas indicações de trabalhos, tanto para a edição dos folhetos como também em concursos literários realizados.
Diário de Natal, 13.07.1976
Neste período da década de 70 o cordel na cidade de Natal vivia seu auge na cena artística da cidade. Para dar vasão à propagação do cordel, em abril de 1976 foi organizada uma exposição que tinha o objetivo de expor os trabalhos de poetas cordelianos.
Diário de Natal, 13.07.1976
O II Círculo de Conferências sobre cultura Norte-rio-grandense foi realizado de 12 a 15 de julho de 1976, em convênio com a UFRN no regime de extensão universitária. Durante o evento tivemos a palestra do professor Antônio Marques de Carvalho Junior abordando Uma visão da literatura de cordel”.
A FJA continuou com intensamente as suas atividades em relação ao cordel na década de 80. Para dar mais visibilidade às manifestações culturais da cidade de Natal, no ano de 1983 a instituição organizou às quintas-feiras no pátio do Centro Cultural (ao fundo do Memorial Câmara Cascudo), O Quintal, tendo como idealizador o teatrólogo e jornalista Racine Santos.
O Quintal tinha um palco para as expressões artísticas realizarem as suas apresentações. No local era organizada a Feira da Cultura, reunindo cordel, artesanato, exposições, lançamentos de livros, etc. Na inauguração do espaço ocorreu um desafio de viola entre os violeiros Antônio Sobrinho e José Alves Sobrinho.
A FJA, dando prosseguimento ao seu projeto de editoração, em 1984 publica obras literárias. Entre elas, É Tempo de Recordar (Jaime dos G. Wanderley) e Literatura de Cordel em Discussão (Umberto Peregrino).
Diário de Natal, 12.05.1984
O Jornal de Letras de Lisboa, na coluna de bate-papo assinada por José Manuel da Nóbrega, traz uma nota de interesse potiguar. Vejamos:
Sobre Tancredo Neves na Literatura de Cordel, publicou muito recentemente o brasileiro Veríssimo de Melo um interessante livrinho, editado pela Fundação José Augusto. Neste ensaio, Veríssimo de Melo cita mais de cem folhetos que têm como figura central o malogrado antecessor de José Sarney. Classificando os cordéis em três grupos distintos – “Tancredo nas diretas e vitória no Colégio Eleitoral”, “Traços Biográficos de Tancredo” e “Tancredo na posteridade”, Veríssimo faz o percurso pela vida de Tancredo. (Diário de Natal, 1986)
A coluna de Paulo Macedo, dia 24 de abril de 1986, traz um comunicado que na reunião do Conselho de Cultura o seu integrante Diógenes da Cunha Lima lança o livro de Veríssimo de Melo, “Tancredo Neves na Literatura de Cordel”, editado pela Fundação José Augusto no primeiro ano da morte do presidente.
Em 1988 a Associação de poetas, em concurso realizado pela FJA, participou da comissão definindo a escolha de trabalhos concorrentes:
Diário de Natal, 13.09.1988
A década de 90 não foi muito boa para a produção cordeliana, em todo o território nacional foi evidente a sua redução, levado pela falta de políticas de incentivos dos órgãos públicos para com esse gênero literário. Mas o tempo não para e em 1995 o Movimento do Cordel no RN propõe à FJA instalar o Projeto Chico Traíra, que teria o objetivo de lançar os trabalhos de poetas com atuação no solo potiguar. Na época o projeto foi idealizado pelo pesquisador Gutenberg Costa.
Na implantação do projeto Chico Traíra podemos constatar uma retomada do que já havia existido na FJA nos anos 70 com a Série Cordel.
O projeto Chico Traíra, desde a sua criação não teve regularidade, sempre entre altos e baixos. Hoje tem sido conduzido pelos editais públicos. Geralmente, nas edições que ocorreram com uma tiragem de 1.000 exemplares, há uma distribuição entre os participantes: o escritor fica com 60%, o gravador da xilogravura 10% e o acervo da FJA 30% como contrapartida.
Em 2023, a FJA chega aos 60 anos de existência. Se compararmos as iniciativas da instituição ao longo dos anos, atualmente percebemos que a política aplicada para o cordel na fundação é insignificante.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
A UFRN, durante os anos 80, abriu um enorme espaço para desenvolver atividades extracurriculares com o foco no cordel, muitos desses projetos foram impulsionados por: palestras, jornadas literárias, publicações, entre outras. A existência de uma atuação mais institucionalizada, garantida pelas instituições públicas, permitiu uma política de financiamento e fomento cultural para se desenvolver com mais qualidades as ações relacionadas ao cordel.
No ano de 1980 a Fundação de Pesquisa e Cultura da UFRN, em parceria com a professora Maria do Carmo Dias de Almeida, realizou uma catalogação de poetas de cordel e violeiros que atuam no Rio Grande do Norte.
O pioneirismo de constituir o projeto Memória da UFRN teve o propósito de resgatar títulos de cordéis de autores que atuaram no cenário do cordel potiguar. A base para desenvolver esse projeto foi se apoiando na coleção de folhetos de cordéis pertencentes ao Reitor da UFRN, o professor e poeta Diógenes da Cunha Lima.
Os cordéis foram editados durante os anos de 1980 a 1982 pela gráfica da EDUFRN, editora da UFRN. A tese de Gabriel Gurgel Dimas e Elizabeth Romani, “Os folhetos de cordel editados pelo Projeto Memória da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: um estudo de capas de cordel”, revela como se deu a execução do projeto: “O Projeto Memória editou 32 títulos, sendo 16 em 1980; 10 em 1981; e 6 em 1982.” (DIMAS, G.G; ROMANI, E. Os folhetos de cordel editados pelo Projeto Memória da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: um estudo de capas. Fundação José Augusto).
(Disponível em: http://www.enecult.ufba.br/  – Acesso: 08.02.2023)
Além de publicar os folhetos de cordel, o projeto também produziu 31 discos com músicas de intérpretes potiguares. O Projeto Memória da UFRN fez mais um lançamento de novos 5 títulos, como é divulgado no Diário de Natal do dia 30 de julho de 1981.
Neste contexto, o acervo dos cordéis produzidos como parte do Projeto Memória foi integrado às obras já existentes da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM). Com o avanço na aquisição de cordéis para o acervo da UFRN, se abriu a discussão da formação de uma Biblioteca de Cordel e uma Musicoteca. Em 1983 essa proposta se tornou realidade e tivemos inaugurada a Biblioteca de Cordel e a Musicoteca que passaram a funcionar no Núcleo de Arte e Cultura da UFRN.
O Diário de Natal, dia 27 de maio de 1983, fez uma ampla cobertura da inauguração do novo espaço que abrigaria o cordel e os discos de autores potiguares:
A Biblioteca de Cordel possibilitou a constituição de um arquivo riquíssimo, uma fonte privilegiada para a realização de pesquisa sobre essa temática, sem falar que contribuiu no resgate de cordéis de autores potiguares que tinham suas inúmeras obras fora de circulação, mas com o projeto ficaram ao alcance dos leitores e pesquisadores.
Com o Projeto Memória, a universidade ficou mais sensível para impulsionar as ações referentes ao cordel. Passamos a viver num ambiente em que era possível dialogar com o cordel em eventos realizados pela UFRN, principalmente nos três anos em que o projeto sobreviveu.
Nesta perspectiva, a Pró-reitoria para Assuntos de Extensão Universitária – UFRN organiza a 1ª Jornada do Cordel e da Viola no primeiro semestre de 1981, realizada no Auditório da Biblioteca Zila Mamede. O evento foi aberto pelo Reitor Diógenes da Cunha Lima.
A Funcarte do Ministério da Educação e Cultura patrocinou a realização dessa 1ª Jornada com as conferências proporcionando um debate que teve o foco nas raízes da cantoria e no cordel.
A 1ª Jornada foi estruturada com palestras, roda de violas, lançamentos de livros e exposição de xilogravuras. Além da realização no Campus em Natal foram realizadas versões da Jornada nos Campus da UFRN de Caicó, Currais Novos e Macau.
A primeira conferência teve como tema “Versos Feitos e de Repentes”, conduzida pelo poeta e político paraibano Ronaldo da Cunha Lima, que soltou os seus versos de improviso com a participação de cantadores. Na segunda conferência o tema abordado foi “Algumas Associações entre Cantoria e a Arte Erudita”, apresentado pelo pesquisador e professor Sebastião Vila Nova, renomado nos estudos do cordel .
Para fechar o primeiro dia de palestras, no turno da noite o potiguar Veríssimo de Melo abordou sobre “A visita do Papa ao Brasil através da Literatura de Cordel” e em seguida tivemos mais um duelo de uma dupla de violeiros.
Na manhã do segundo dia tivemos a conferência com o tema “Influências do Erudito no Popular” desenvolvida pelo poeta Marcus Accioli, autor do livro “Guriatã, um Cordel para Menino”, que teve o seu livro lançado durante o evento com a participação de uma dupla de violeiros.
No turno vespertino, a professora da UFRN Maria da Conceição Moura fez uma exposição do tema: “Forma de Pensamento do Campesinato no Nordeste: Vias Alternativas de Interpretações da Realidade”. E para encerrar o segundo dia de conferências, o artista plástico Iaperi Araújo, que estava expondo os seus trabalhos no evento, fez sua palestra falando da influência do cordel na sua obra.
Para o último dia, ainda foram realizadas mais duas conferências. Uma com o professor Frederico Pernambucano e a outra com a professora Leda Alves. Finalizando o evento, tivemos a encenação da peça Canção de Fogo pelo Grupo TÔNUS. Durante a maioria das palestras a cantoria de viola se fez presente, geralmente fechando as mesas das conferências.
A 1ª Jornada foi realizada com sucesso abrindo largamente as veredas para o cordel e a viola passarem. Com a força da atração da poética genuinamente brasileira, a UFRN dedicou um programa na TVU dedicado à cantoria, que leva o nome Viajando o Sertão, em homenagem ao livro de Câmara Cascudo, conduzido pelo jornalista Tarcísio Gurgel.
Diário de Natal,18.09.1981
Nesse passo de propagar o cordel, a comunidade universitária absorveu a temática e passou a influenciar todos os segmentos da universidade, pautando os seus eventos com elementos do universo do cordel.
O cordel nos anos 70 e 80 potencializou no Rio Grande do Norte as campanhas eleitorais de muitos candidatos.
Na UFRN, em 1983 na escolha da lista sêxtupla para a eleição do Reitor, uma das candidaturas, inclusive a mais votada sendo o primeiro da lista, usou um cordel “A Extensão – Dois anos de Pedro Simões”, elaborado pelo violeiro e cordelista Chico Traíra, discorrendo sobre o Curriculum do professor candidato. Na época, ainda em plena ditadura militar, o mais votado não foi escolhido. Depois dos jornais estamparam “Pedro Simões é o Reitor”, O parlamentar e líder do governo Figueiredo, Carlos Alberto, era o dono de um dos jornais que estamparam a manchete. A Folha da Manhã reclinou a notícia anunciada em seu jornal.
A poesia de cordel também refletiu no Movimento Estudantil que  vivia um processo de reorganização de suas entidades.
Em 1977, o Diretório Acadêmico do Centro de Ciências da Saúde promoveu uma Jornada de Arte Popular na Medicina, realizado no auditório da Faculdade de Medicina com uma programação recheada de elementos da cultura do povo. Na ocasião, ocorreu uma palestra com a professora Clotilde Tavares sobre o cordel. O pesquisador Deífilo Gurgel abordou o tradicional Boi de Reis. Ocorreram também apresentações de danças folclóricas. O jornalista Tarcísio Gurgel expôs sobre o Teatro Popular no Nordeste; Zé Relâmpago realizou apresentações de João Redondo; o artista plástico Iaperi Araújo falou sobre Medicina Popular no Nordeste; além da apresentações de Bambolê, durante todo o evento ocorreu a Exposição de Arte do Povo.
Em 1978 as entidades estudantis DCE, DAS, CCS, CCE e CCB promoveram a 1ª Calourada como parte de um festival de artes, onde expôs os trabalhos de vários calouros da UFRN. O evento foi realizado na Fundação José Augusto com uma vasta programação aberta ao público, incluindo “música, teatro, cinema, imprensa alternativa, literatura de cordel e outros babados”. (Diário de Natal, 1978)
O Diretório Central dos Estudantes – DCE da UFRN promoveu o 1º Encontro de Arte Universitária em junho de 1981, colocando na programação a peça de teatro Cordel I, encenada pelo Grupo Teatral da UFRN Tônus.
O Núcleo de Estados Pan-americanos (Nespan) da UFRN, confirmou para a primeira quinzena de dezembro de 1982 o seminário sobre literatura de cordel, constando de exposições a cargo da professora Candice Saltaer, uma norte-americana especialista no assunto. (Diário de Natal, 1982)
Em dezembro de 1983 os estudantes que concluíam o Curso de Arquitetura fizeram o convite da sua formatura na forma de cordel. O seu primeiro verso foi um grito de arte.
A turma 2 deste ano
Do Curso de Arquitetura
Resolveu ter um convite
Cheio de arte e bravura.
Ao povo sendo fiel
Dando o seu grito em cordel
Em charge e caricatura.
O ano de 1984 acendeu o farol das lutas no mundo universitário com a Campanha das Diretas, já! para presidente da República, refletindo no interior da instituição e alimentando as lutas na comunidade universitária (professores, funcionários e estudantes) que travou muitas batalhas reivindicando direitos para o Ensino Superior.
Em abril de 1984, durante uma Ocupação na Reitoria da UFRN, os estudantes do Curso de Letras, Adebal Ferreira e Vanduí Guedes, relataram os fatos da ocupação em versos.
Adebal Ferreira divulgou o cordel sobre a “História da Ocupação da Reitoria pelos estudantes da UFRN – ou o Caso do Bandejão”:
Peço ao divino Mestre
Que me dê a inspiração
Para eu narrar uma história
Sem fazer alteração
O caso da Reitoria
Quando passamos 6 dias
Fazendo uma ocupação.
O MEC como de sempre
Com medidas repugnantes
Quis cortar os subsídios
Que vinham pro restaurante
Baixando uma Portaria
Que de cara encarecia
A comida do estudante.
Com isto o movimento
Pegou logo a esquentar
Na hora que os estudantes
Pegaram a se aperrear
Com a fome na barriga
Decidiram entrar na briga
E com o reitor conversar.
As entidades estudantis aproveitaram os processos eleitorais para as suas diretorias e mergulharam nessa onda cordeliana.
Companheiros Estudantes
Do Rio Grande do Norte
A corrente que vai certa
Não pode sofrer um corte
E é chegado o instante
Do CORAÇÃO DO ESTUDANTE
Bater mais firme e mais forte.
(NETO, C. Coração de Estudante, 1984)
Folheto Coração de Estudante, de Crispiniano Neto. Charge: Solino, 1984
O ano foi concluído com a realização da 1ª Semana de Ciências Humanas realizada de 17 a 21 de dezembro no Auditório da Reitoria. Neste evento o cordel esteve presente com a palestra do escritor Marcos Acyolli, que fez sua apresentação sobre a Poesia de Cordel em mesa coordenada pelo professor Waldson Pinheiro.
O Núcleo de Arte e Cultura (Nac) com o apoio da Funcarte realizou, entre os dias 12 a 16 de maio de 1986, o 1º Seminário de Literatura de Cordel ocorrido no Auditório do Teatro do Centro de Convivência da UFRN.
Na abertura dos trabalhos, a professora Marta Maria Guerra proferiu uma palestra sobre “O preconceito na Literatura de Cordel”. O segundo momento foi a palestra proferida pelo professor e folclorista Deífilo Gurgel abordando os “Primórdios da Literatura de Cordel”. No dia seguinte tivemos a participação da professora Zélia Santiago sobre “Classificação por temas na Literatura de Cordel”. Para fechar o dia, o professor Antônio Marques de Carvalho Júnior falou sobre “A Literatura de Cordel e a Semiótica”.
No último dia, tivemos a palestra de encerramento com a professora Maria Francinete de Oliveira expondo sobre “A Literatura de Cordel e a Mulher”. O evento foi concluído com uma roda de cordel e exposição dos folhetos.
Sesc e Senac
O Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), integrantes do sistema S, durante todo um período potencializou ações envolvendo a poesia de cordel. No ano de 1974, o Sesc promoveu o espetáculo Autos do Folclore baseado num folheto de cordel, “Uma das maiores proezas que Antônio Silvino fez no sertão pernambucano”. (Diário de Natal,  9 de agosto de 1974).
O Sesc, no intuito de comemorar os seus 30 anos de existência, realizou a 1ª Feira do Lazer entre os anos de 1976 e 1979.  Nas edições das feiras, junto às diversas expressões da nossa cultura o cordel sempre marcou presença com recitais, apresentações de peças teatrais e a circulação dos folhetos. (Diário de Natal, 11 de setembro de 1976)
No ano de 1979, Sesc e Senac promovem um concurso sobre Cordel aberto à categoria dos comerciários e seus dependentes. O concurso tinha o objetivo de incentivar a cultura na busca de novos talentos. Os ganhadores receberam uma quantia em dinheiro. O primeiro lugar recebeu Cr$ 1.500,00; o segundo Cr$ 1.100,00 e o terceiro classificado Cr$ 900,00.
Diário de Natal, 07.06.1979
No ano de 1982 o teatro do Serviço Social da Indústria (Sesi) abriu suas portas para uma temporada de exibição de peças baseadas em folhetos de cordéis:
A Semana do Folclore Potiguar promovida pela UFRN, através  do Museu Câmara Cascudo e o Núcleo de Artes e Cultura, sempre em parceria com inúmeras instituições (Sesc, Secretaria Estadual da Educação e Cultura, Secretaria Municipal da Educação e Cultura, Emproturn, entre outras) proporcionam ciclos de palestras que abordavam as temáticas sobre “folclore, artesanato e cordel”.
Em todas as edições as palestras sobre o cordel estavam presentes. O professor e folclorista, pesquisador do cordel Veríssimo de Melo, em uma delas realizou a palestra sobre “Ideologia e Literatura de Cordel”. Outra proferida pelo professor da UFPB, José Wilson da Silva, abordou “A dinâmica da cultura popular”. 
O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, em 1987, desenvolve uma campanha Antiviolência Contra a Mulher, apoiada em uma peça teatral encenada pelo Grupo Amador de Teatro Fala Esperança, e teve o roteiro alimentado pelo cordel elaborado pela funcionária municipal Gorete Gaivota, cujo folheto era distribuído no espetáculo.
Diário de Natal, 14.02.1987
Conclusão
Percebemos que as instituições durante as décadas de 70 e 80 proporcionaram inúmeras ações que potencializaram as discussões em torno do cordel e da cantoria de viola. Muitas atividades desenvolvidas foram impulsionadas pelos projetos de extensão, tanto da UFRN como também da Fundação José Augusto.
Nestas instituições e na intelectualidade da cidade, figuras expoentes abordaram as temáticas do universo que costumavam chamar de “cultura popular” e habitavam a seara potiguar na existência de Câmara Cascudo, Veríssimo de Melo, Deífilo Gurgel, Sanderson Negreiros, Hélio Galvão, entre outros. Devemos destacar a figura de Diógenes da Cunha Lima, que neste período assumiu funções importantíssima no Conselho da Cultura, presidência da Fundação José Augusto, reitor da UFRN, na Academia de Letras do RN e à frente destas instituições impulsionou através de programas e projetos o diálogo com o cordel e a viola.
Diário de Natal, 17.06.1978
Muitos passos foram dados na condução das iniciativas que tiveram como centro a presença do cordel.
É verdade que nem tudo era um mar de rosas, havia limitações para o reconhecimento do cordel como um gênero literário. Por exemplo, no ano de 1982 na inauguração do Centro de Convivência Djalma Marinho, foi apresentado como um patrimônio na política da Editora da UFRN, a lista de publicações (livros e revistas) contendo 258 títulos, mas os 38 títulos dos folhetos de cordéis que foram publicados no mesmo período pela Editora da UFRN não foram incluídos na lista geral.
A grande maioria das iniciativas desenvolvidas pelas instituições analisadas neste artigo se perderam ao longo do tempo, ou simplesmente retrocederam. Acreditamos que um dos fatores de descontinuidade das ações foi o fato do desligamento dos personagens que tiveram um papel destacado na implementação de políticas de apoio ao cordel e à viola.
Constatamos nos dias atuais que todas aquelas instituições que no passado foram vanguarda no diálogo com o cordel e a viola, hoje estão numa posição de retaguarda, que por mais que digam que estão realizando algo, se pararmos para fazermos uma analogia, percebemos que estão há anos luz do que já ocorreu.
Referência Bibliográfica
ALBERTO, C. BREVES COMENTÁRIOS SOBRE ANTOLOGIAS DE ROMANCEIRO, DE CANTORIA E DE CORDEL. Disponível em: http://cariricangaco.blogspot.com/2020/04/breves-comentarios-sobre-antologias-de.html Acesso em 16 de fev. de 2023. NATAL-RN
BATISTA, Sebastião Nunes. Antologia da Literatura de Cordel: Natal/RN: Fundação José Augusto, 1977.
COSTA, Gutenberg, Dicionário de poetas cordelistas Rio Grande do Norte. Mossoró: Queima Bucha, 2004.
DIMAS, G.G; ROMANI, E. Os folhetos de cordel editados pelo Projeto Memória da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: um estudo de capas.
FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO. Disponível em: http://www.enecult.ufba.br/modulos/submissao/Upload-484/111630.pdf Acesso: 08 fev. 2023.
POTIER, R. W. Reunindo cordéis, colecionando memórias: Juazeiro do Norte narrada pela coleção centenário – Literatura de Cordel. 2011.
PEREGRINO, Umberto. Literatura de cordel em discussão. Rio de Janeiro: Presença. Edições, 1984.
TRIBUNA DO NORTE. Disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/a-fora-a-do-cordel/315777 Acesso: 08 fev. 2023.
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