
Infelizmente, na cidade do Natal o Carnaval vem sendo o pior momento.
Primeiramente, é um carnaval com frevo como principal estandarte, assumindo de uma vez por todas que não coloca a cultura local em primeiro lugar. Assume que é uma cidade que não incentiva as memórias, historias, patrimônios, saberes populares, nem gosta dos compositores da própria Terra Natal, Rio Grande do Norte.
Mostra que plagiamos ritmos, músicas, o patriotismo de Olinda cantando o hino do elefante na lombra de importar um carnaval pernambucano. Quem é da terra foge para as praias e quem é público vai dar uma olhada nos polos, que são as atrações a convite da Prefeitura do Natal.
No balaio vem peças que deveriam disputar editais e serem ser avaliadas por mérito cultural. Aliás, deveria ter muito mais oportunidade para todo mundo, ambulantes, comerciantes, festivais, programação integrada com o turismo, apoio financeiro aos blocos e incentivo às bandas. As periferias deveriam bombar cultura, entretanto, na cidade parece que todo mundo é público da prefeitura. A cultura não é vista como direito humano e sim como festa de emendas e contratos por elegibilidade do prefeito, excluindo por desconhecimento artistas e grupos culturais que protagonizam arte e projetos musicais antes do atual prefeito chegar.
Por isso, a importância de democratizar o carnaval de Natal e se apropriar e ocupar todos os espaços, mas com qual dinheiro? É preciso um debate politico sobre o carnaval com intervenção da justiça e apoio de nossa bancada vermelha, a liga dos vereadores de esquerda que entrou justamente para nos apoiar em situações absurdas como essas. Apoio dos espaços de mídia alternativa e de quem realmente sabe que tá errado. É importante que os artistas de forma nacional reflitam que isto não está correto, a cultura é um direito de todos, todas e todes.
Não irei me calar em nenhum momento enquanto multiartista e coordenador do ponto de cultura Pindorama, o qual nosso barracão tem sede no Ilê Axé Oya Togum. Trago esse manifesto de repúdio à Secretaria Municipal de Cultura pela anulação das chamadas públicas e editais do carnaval de Natal.