Realização do G20 no Brasil é uma vergonha

G20 reúne os países com as maiores economias do mundo.

A reunião do G20, que será realizada nos próximos dias 18 e 19 no Rio de Janeiro, está permeada por um contexto de crise profunda do capitalismo, com a classe trabalhadora cada vez mais prejudicada pelos planos neoliberais de austeridade. Um contexto marcado pelo avanço da ultradireita em diversos países e por várias guerras, como na Ucrânia e o genocídio do Estado de Israel contra a Palestina, que agora, também, se estende ao Líbano.

O G20 não é um órgão oficial, mas, nos últimos anos, tem ditado, junto com o G7 [grupo formado pelas chamadas grandes potências: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, além de uma representação da União Europeia], o FMI e o Banco Mundial, os planos de austeridade fiscal, os projetos neoliberais e as privatizações a serem aplicados nos países.

É formado pelos ministros das finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, mais a União Africana e União Europeia.

Criado na crise econômica do final dos anos 90, principalmente no México e na Rússia, foi uma ação do imperialismo norte-americano buscando envolver outros países para tentar resolver a crise econômica. Ou seja, a criação do G20 servia para salvar o capitalismo da crise econômica que ele mesmo gerou.

Essa reunião mundial com chefes de estado liderada pelos países imperialistas acontece anualmente e faz um rodízio dos países membros para sua realização. Ano passado, foi na Índia. Ano que vem, vai ser na África do Sul. Neste ano, a presidência ficou com o Brasil.

Contudo, entendemos que o presidente Lula deveria ter rejeitado que o G20 acontecesse no Brasil. É um absurdo sediar uma cúpula dessas, que só serve aos interesses das grandes potências imperialistas, como os Estados Unidos e a Europa, principalmente num momento em que Israel conta com países imperialistas cúmplices no genocídio do povo palestino.

O governo brasileiro se torna cúmplice do imperialismo e do genocídio na Palestina ao estender “tapete vermelho” aos genocidas como Biden, Macron, Olaf Scholz e Sergey Lavrov (que representará Putin, que não virá ao Brasil).

Além disso, é um absurdo que aconteça no Brasil, porque nós somos um país que sofre diretamente as consequências do domínio do imperialismo. Seja na crise ambiental, na precarização do trabalho, nas privatizações, a serviço do mercado, no desmantelamento dos serviços públicos necessários à qualidade de vida como educação e saúde, por exemplo.     

Mas lembremos que Lula, há muito tempo, tem uma pauta pró-imperialista e não nos estranha que tenha aceitado a realização do G20 aqui, o que é uma vergonha para o Brasil. Até porquê o próprio Lula, em sua primeira gestão, fez questão de chefiar a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti), que enviou tropas do Brasil para a ocupação do Haiti.

G20 Social é engodo

Denunciamos ainda a tentativa do governo Lula em tentar sufocar qualquer manifestação independente que questione esse evento imperialista.

O presidente brasileiro criou um engodo chamado G20 Social no qual estão importantes organizações sociais do país. Dizendo ser um espaço para debater temas sociais para o G20, o evento se reunirá de 14 a 16 de novembro e busca controlar os movimentos sociais a fim de evitar protestos na cidade.

Não existe um “G20 Social” e nunca existiu, em nenhuma das edições do G20. É a primeira vez que vai ter um chamado, entre muitas aspas, “G20 Social”

Precisamos alardear que não existe imperialismo social. Imperialismo é sinônimo de exploração, pilhagem e guerras. Portanto Lula, quando cria o “G20 Social”, está na verdade cooptando os movimentos sociais para uma armadilha imperialista de pacificação das lutas sociais no mundo.

No “G20 Social” serão realizadas oficinas e os movimentos sociais vão enviar uma carta com recomendações aos governos do G20. Não precisa ser nenhum militante esclarecido pra saber que o Biden (presidente dos Estados Unidos), o Macron (da França) ou o Olaf Scholz (Alemanha) nem vão olhar essa carta. O imperialismo está pouco se lixando pros movimentos sociais

Quando soubemos do G20, nós já aprovamos uma resolução de construção de uma mobilização internacional contra a reunião. No começo de ano, tivemos reuniões com algumas organizações de movimentos sociais, chamadas principalmente pela Cúpula dos Povos, em que também estavam o Movimento Sem-Terra (MST), a CUT, a Marcha Mundial de Mulheres, movimentos negros do Rio de Janeiro, como também organizações das favelas cariocas. Construímos o que chamamos de “Cúpula dos Povos contra o G20”, em unidade de ação com distintas organizações dos movimentos sociais.

Mas, nas últimas semanas, a CUT e o MST resolveram romper com a Cúpula dos Povos porque, numa reunião que eles tiveram com um representante do Governo Federal, o governo foi explícito em dizer que Lula não quer manifestação alguma ou qualquer tipo de ato que repudie o imperialismo e o G20 no nosso país.

A CUT e o MST, organizações entrelaçadas com o governo, resolveram, então, se retirar da Cúpula e vão participar somente do “G20 Social”, como colaboradores, fazendo propostas para o G20. É lamentável do ponto de vista da construção da unidade popular contra o imperialismo e, também, deixa bem evidente que essas organizações estão cada vez mais atreladas ao governo, abandonando, de fato, a luta de classes, as lutas concretas dos trabalhadores, tanto nas cidades como no campo.

Na Cúpula dos Povos e nas ruas

E, mesmo com o G20 Social, a Cúpula dos Povos se mantém. A maioria das organizações, inclusive, reafirmou ainda mais a importância de ter uma cúpula de maneira independente. E a CSP-Conlutas está na organização dessa atividade.

A ideia é que essa Cúpula dos Povos faça alguns debates a respeito de temas como meio ambiente, povos originários, a LGBTIfobia, os movimentos negro e de mulheres e os ataques à classe trabalhadora.

Em todos os lugares onde acontecem reuniões do G20, ocorrem manifestações dos movimentos sociais. Seja na Europa, seja na América do Norte. E, aqui, nós também vamos fazer isso. No sábado da manhã, dia 16 de novembro, faremos uma grande manifestação em Copacabana, em repúdio a presença do imperialismo em nosso país.


Herbert Claros – Integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e do Setorial Internacional. Trabalha na Embraer.

[adrotate group="3"]

[adrotate group=”1″]

[adrotate group=”2″]

Mais acessadas