Atletas potiguares rumo aos Jogos Paralímpicos de Paris

Ser atleta de ponta é muito difícil. No Brasil, os desafios são ainda maiores quando se trata de atleta com algum tipo de deficiência, mas para quem tem coragem e determinação isso não é empecilho nenhum. Assim nos digam os mais de 200 competidores da Seleção Brasileira Paralímpica que estarão brilhando nos Jogos Paralímpicos de Paris a partir do próximo dia 28. Nesse time estão 12 atletas potiguares que já estão na França em busca de um lugar no pódio. E, quem sabe, chuvas de medalhas de ouro em nome dos deuses do Olimpo.

A Sociedade Amigos do Deficiente Físico do Rio Grande do Norte (SADEF/RN) é uma organização sem fins lucrativos, sediada em Natal, que há mais de duas décadas trabalha o esporte como ferramenta de inclusão de pessoas com deficiência. Mais uma vez, a entidade conta com atletas nos Jogos Paralímpicos formando uma grande torcida. Assim como a Associação de Deficientes Visuais do Rio Grande do Norte (ADEVIRN) conta com a judoca Rosicleide Andrade, que treina no Judô Clube Tomodachi.

Rosicleide Andrade (Tuane Fernandes/ CBDV)

Em conversa pelo telefone com o técnico de Rose, apelido carinhoso para Rosicleide Andrade, ele nos contou que o maior desafio para se tornar um atleta profissional é o início, ter a disciplina e disposição para ir aos treinos. Principalmente para ela, que é deficiente visual, existem várias barreiras para chegar no treino, muitos atletas não conseguem ir só e dependem da ajuda de alguém para levá-los à academia. O técnico de Rose também nos falou que os obstáculos são muitos no começo da carreira, mas que persistência e resiliência são necessários até se tornar um atleta da Seleção Brasileira Paralímpica.

As derrotas serão muitas, mas não se pode desistir nunca, pois elas servem como experiências para se chegar às vitórias que é o esperado por todo atleta.

No caso da nossa judoca Rose, os desafios encontrados na nossa cidade Natal são ainda maiores, pois quase não temos acessibilidade física, como semáforos para deficientes visuais, calçadas com piso adaptado e o alto valor de se treinar um cão guia. No entanto, Rose conseguiu vencer todos estes desafios e chegou à Seleção Brasileira Paralímpica prometendo uma medalha para esse esporte que tanto tem nos dado alegria: o judô.

Conversamos também com o técnico Antônio Cândido, da nadadora potiguar Cecília Araújo, que treina no AAF NAURU no estado de São Paulo, e entrará nas piscinas parisienses atrás de uma medalha paralímpica. Ele nos contou que é um orgulho treiná-la. O técnico de Cecília conta que são anos de abdicação de muitas coisas e dedicação exclusiva aos treinos, que são de 8 dias na piscina e 4 dias na musculação.

Cândido ainda ressaltou que a estrutura onde os atletas estão em Paris é excelente e não falta nada para eles, tudo maravilhosamente feito com cuidado e carinho para que se sintam confortados e possam tão somente pensar nas suas vitórias e conquistas de medalhas.

Foto: Cis Mattos/CPB

Cecília é natural de Natal/RN e tem 25 anos. Ela se dedica à natação desde os dois anos de idade. Nessa época, ela foi diagnosticada com paralisia cerebral do tipo hemiparesia esquerda (que afeta os movimentos do lado esquerdo do corpo), devido a complicações durante seu nascimento. Como forma de fisioterapia, ela conheceu a natação desde pequena, passando a se apaixonar pelo esporte.

Foto: Cis Mattos/CPB

Outra potiguar que promete medalha é a Halterofilista Maria Rizonaide, que participará pela primeira vez dos Jogos Paralímpicos. Aos 42 anos, a atleta da SADEF/RN, natural de Santo Antônio, começou no paradesporto em 2011, a convite de outro atleta da Associação. Em 2015, se destacou como melhor atleta do RN na modalidade, após o ouro no Parapan do Canadá. De lá para cá, foram muitas conquistas que a colocaram sempre em posição de destaque no ranking mundial.

A atleta Rizonaide tem nanismo e nunca imaginou que pudesse encontrar no esporte a sua realização. Morando numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte, Rizonaide foi babá e doméstica antes de se consagrar uma atleta. Segundo ela já contou para outros jornalistas, “era muito difícil e cansativo conciliar esporte e trabalho, muitas vezes pensei em desistir”. Para a nossa felicidade poderemos vê-la competir daqui há alguns dias.

Thalita Simplício busca primeiro ouro paralímpico ao lado do atleta-guia Felipe Veloso. Foto: Ale Cabral / CPB

Ainda contamos com a atleta Thalita Simplício e o guia Felipe Veloso que estão em Paris treinando para os jogos. Thalita, 27 anos, nasceu com glaucoma e aos 12 anos perdeu totalmente a sua visão. Thalita praticou esportes como natação, karatê e goalball, contudo, é no atletismo que vem fazendo uma carreira de vitórias e conquistas, após começar aos 15 anos, em um projeto do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O técnico Felipe Veloso está ao seu lado há mais de 10 anos. Thalita já ganhou várias medalhas e é uma grande promessa de medalhas nestes Jogos Paralímpicos 2024.

Desejamos boa sorte aos nossos atletas paralímpicos potiguares e continuamos pedindo que haja incentivo das empresas públicas e privadas como patrocinadoras e incentivadoras de meninos e meninas dos mais diferentes bairros de Natal e municípios do Rio Grande do Norte, que muitas vezes por causa de uma deficiência deixam seus sonhos de lado ou nem chegam a sonhar por acharem distante demais o que tanto desejam. E que venham as competições!

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