Carlos Tourinho, o eterno cineasta.

 

por ITALO VALERIO

A perda de Carlos Tourinho, o eterno cineasta que adotou Natal como seu lugar, é irreparável.

Tourinho, como todos o conhecem, trouxe para Natal e para nós, estudantes mortais amantes do  cinema e do audiovisual, o cinema raiz e sua linguagem rebuscada, minuciosamente pensada, mas também ousada como pode-se ver em seu filme “QUARUP” (1973).
Como um mero ex-aluno sempre o acompanhei de longe, vi sua luta intensa para construir uma ABDRN (Associação Brasileira de Documentaristas / RN) sólida, o vi brilhar em seu ITEC (Instituto Técnico de Ensino e Cultura), algumas reportagens em TV aberta, não tantas quanto ele merecia.

Tourinho também trouxe junto a alma do velho e  bom carioca, seu sotaque inconfundível, expressão facial alegre de que está tudo bem.

Além da hospitalidade, de receber bem, conviver bem como pode ser claramente visível no vídeo que tive a felicidade de fazer num tempo que ninguém ligava câmera “para postar”, intitulado “Melhor moqueca de peixe do audiovisual brasileiro”, é, eis outro talento que poucos tem e não é por esta despedida, sempre deixei claro para ele, por todos estes anos não vi nada igual. Para mim, ele também era aquele conterrâneo que trazia as origens para lembrar.
Vez por outra ligava pra perguntar alguma coisa sobre tecnologia. Coisas de computador, de drone, de programa de edição, dúvidas naturais de quem viveu grandes transformações na indústria do audiovisual. No final, quando pegávamos no telefone os assuntos eram vastos. Sempre uma boa prosa, foram raros momentos que agora ficam na lembrança.
Partiu de surpresa, totalmente inesperada. Resta até aquela esperança de que foi um engano, que a notícia não seria verdadeira.
Foi muito bom vê-lo no grupo comemorando a inscrição de seu projeto na Lei Paulo Gustavo. Com certeza veríamos mais uma bela realização do eterno cineasta Carlos Tourinho.
Deus nos dê forças por tantas perdas, à família e amigos íntimos.
Faltou um último Adeus.
Obrigado professor.

 


Quero agradecer enormemente o espaço concedido pelo Coletivo Foque e a importância dada à memória, nesses tempos de “stories” de 24h onde tudo é tratado como descartável e “antigo”, como se o novo que está aí seja exemplo para alguma coisa. Tourinho entra para lista de saudades que o cinema e o audiovisual deixam, como Geraldo Cavalcanti e tantos outros. Que atrocidades como a decretada pelo Google (apagar tudo em 2 anos de inatividade) sejam suspensas e que possamos ter a memória disponível pelo tempo que existir o mundo online.
Obrigado.

ITALO VALERIO – Produtor audiovisual,  profissional em TI, pedagogo

Canais de Carlos Tourinho:

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