Carlos Latuff: “Quem se importa com as vidas palestinianas destruídas todos os dias por Israel? Obviamente, não o mainstream ocidental.” #PalestinianLivesMatter
“Nem eletricidade, nem água, nem comida, nem gás. Estamos lutando contra animais humanos”. O pronunciamento do ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, realizado nesta segunda-feira (9), dá mostras do que está por vir aos 2,5 milhões de pessoas que residem na Faixa de Gaza nos próximos dias.
Israel anunciou o cerco total à região palestina, após promover uma série de 500 bombardeios no domingo (8). A convocatória de 300 mil homens da reserva também indica que uma ofensiva por terra pode estar em curso, o que poderia levar ao fim da Faixa de Gaza como território palestino.
Devido a situação de escalada na violência promovida pelo sionismo israelense, entidades de trabalhadores, incluindo a CSP-Conlutas, convocaram atos em solidariedade ao povo palestino no Rio de Janeiro e em São Paulo. As mobilizações irão ocorrer na terça-feira (10). (Confira as informações ao final da matéria).
Enquanto os Estados Unidos enviam munição extra para o exército de Israel, além de diversos navios de guerra (um porta-avião, um cruzador de mísseis e destroieres de mísseis guiados), a União Europeia anunciou a suspensão do envio de R$ 4 bilhões em ajuda à Palestina, mostrando de qual lado está o imperialismo mundial.
A retaliação de Israel ocorre após a ação de retomada de territórios pelos palestinos realizada pelo Hamas, no sábado (7). A partir da Faixa Gaza, cerca de mil combatentes avançaram sobre regiões da Palestina invadidas pelos israelenses. A ofensiva é legítima por se tratar da resistência de um povo oprimido contra uma força armada colonizadora.
Crise humanitária
As organizações de saúde que administram hospitais em Gaza apelam a comunidade internacional para que pressionem pelo fim do cerco promovido pelo governo de ultradireita de Benjamin Netanyahu, que está também impedindo a entrada de medicamentos e itens básicos de saúde.
Os números de mortos que já está em ao menos 600 palestinos poderá aumentar drasticamente nos próximos dias. A estimativa é de que o estoque de muitos itens deverá durar somente uma semana. Em contrapartida, Netanyahu já afirmou que está pronto para uma guerra sem data para terminar.
Desinformação e xenofobia
A cobertura midiática tem abusado do termo terrorismo para tratar das ações dos palestinos que lutam por sua liberdade. A estratégia de desinformação é destacada por Soraia Misleh, jornalista brasileiro-palestina e ativista da causa palestina em São Paulo.
“Vemos com bastante indignação a cobertura racista da mídia que está apoiando o estado de apartheid, inclusive com cortes de ajuda humanitária a populações inteiras que dependem dessa ajuda, como é o caso de 80% dos habitantes da Faixa de Gaza”, alerta Soraia.
“A resistência palestina está sendo taxada de terrorista, mas terrorista é o estado de Israel, que comete há mais de 75 anos crimes contra a humanidade. Famílias inteiras estão sendo mortas neste momento pelos bombardeios israelenses e os governos de todo mundo aplaudem”, explica.
Lula endossa ideia imperialista
Em suas redes sociais, Lula endossou a ideia de que as ações de resistência palestina tratam-se de terrorismo, fazendo assim coro com o imperialismo mundial.
A situação é ainda mais grave, uma vez que o Brasil ocupa hoje a presidência do Conselho de Segurança da ONU. O órgão se reuniu no final de semana, porém não tomou qualquer decisão que impeça o massacre da população palestina em Gaza.
“Alguma vez Lula falou em ataque terrorista quando Israel bombardeou Gaza? Alguma vez a mídia já nos chamou para falar sobre os massacres que ocorreram este ano em Jenin? Ou sobre a violação dos direitos humanos fundamentais? Não!”, lamenta Soraia.
“Nós somos invisibilizados porque para eles não somos humanos”, conclui.
Todo apoio
A luta do povo palestino precisa de nossa solidariedade. A CSP-Conlutas convoca a todos os oprimidos e explorados a se manifestarem em unidade. As ações como as desenvolvidas pela campanha do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) a Israel serão fundamentais.
Também é necessário exigir aos governos de todo o mundo a condenação do regime de apartheid sionista e a ruptura imediata de todos os acordos com o Estado colonial e assassino de Israel, em especial aquele que promove o embargo militar.
