João Aranha: No toque da sanfona!

 

por NANDO POETA // Ponto de Memória Estação do Cordel
Foto: Wil Silva / Poti Comunicação

João Nonato de Sousa, ou simplesmente João Aranha, natural de Macaíba-RN, iniciou sua carreira de músico ainda criança, acompanhado de seu pai, o músico Expedito Nonato.

Pai e filho se enveredaram na seara musical e passaram a se apresentar em eventos culturais onde eram chamados. Essa parceria pavimentou a formação musical do filho João Aranha. Em uma certa época, a Ordem dos Músicos promoveu um Concurso de Sanfoneiro e o jovem músico João Aranha foi um dos inscritos. O concurso reuniu diversos sanfoneiros, sendo João Aranha um dos selecionados.
A Comissão de Jurados contou com a presença do músico Ribeiro, uma representação da Câmara Municipal de Natal, e um convidado ilustre, o compositor e músico sanfoneiro, o brilhante Sivuca.  O jovem João Aranha conseguiu sensibilizar o corpo de jurados a partir do seu desempenho na apresentação. Numa noite inesquecível, João Aranha recebeu o prêmio de primeiro lugar. Um sanfoneiro de 120 baixos.
Em 1991 teve a oportunidade de realizar a sua primeira viagem internacional para Portugal. A sua passagem pelo solo lusitano deixou registrado a marca de Aranha.
Suas apresentações, que encantaram o público por onde passou, lhe fez receber um certificado que o atestou como um dos melhores acordeonistas presentes naquela turnê. Depois, o músico sanfoneiro volta às terras potiguares com todo gás, abraçando com afinco a carreira de artista, passando a cumprir uma agenda recheada de eventos culturais. Em um dos encontros, teve o prazer de tocar com Dominguinhos, o astro do forró, compositor de belíssimas canções, como: Eu só quero um xodó, Lamento Sertanejo, Gostoso demais, entre outras.
Dominguinhos, na sua mais profunda sensibilidade, encantado com o jovem artista chamou de Aranha, batizou João de Aranha, por ter uma extrema agilidades com os dedos no teclado, suavizando as notas das canções com toda a perfeição. A partir daquele momento, o sanfoneiro João adotou o Aranha no seu nome artístico.
Na trilha da sua carreira, inúmeras parcerias com muita gente do universo forrozeiro. A construção da sua vida artística tomou um rumo intenso, muitas Casas de Shows tiveram a participação do músico com o toque suave de seus dedos, embalando os bailes forrozeiros da cidade natalense. Incorporado ao Grupo Musical Trio Natal, que na década de 80 empolgava a famosa Casa da Música, espaço que abrigava os brilhantes shows com atrações de fora do Estado. Era o sanfoneiro João Aranha, integrante do Trio Natal, um dos destaques da Casa da Música, a sensação naquela época.
No Bar Ressaca, também um espaço que acolhia os amantes do forró, João Aranha passou 12 anos animando aqueles que saiam cantarolando a canção de Dominguinhos, “Isso aqui tá bom demais”. Era uma chuva de alegria, e no peito de João Aranha ficava irrigado cada vez mais a paixão pelo xote, forró e baião.
João Aranha, transbordando de energia, passou a canalizar também a sua participação para o movimento folclórico, se integrando ao Grupo Araruna, um movimento que juntou as danças aristocráticas de salão, de origem europeia, que se alimentavam dos costumes palacianos com os elementos do folclórico das regiões, embalado pela sanfona e demais instrumentos.
O Grupo Folclórico Araruna, ou melhor, Araruna Sociedade de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas, conduzido pelo Mestre Cornélio Campina (1908-2008), um potiguar de Portalegre, no alto oeste, que se radicou em Natal e fez do bairro das Rocas a sua morada. E aqui ajudou a propagar o Araruna, essa dança folclórica.  Foi nessa confraria que João Aranha, com sua sanfona, se somou em 2006 e de lá para cá conduz como maestro as apresentações do Grupo Folclórico Araruna ao tom da sua musicalidade até os dias atuais.
A atuação de João Aranha no Grupo Araruna passou a se dedicar com imensidão, vivenciando com entusiasmo as apresentações da Araruna. Mergulhado nesse mundo, Aranha entranhou-se na teia da Araruna e seus passos se firmaram nessa trilha folclórica.
Como a arte em Aranha transborda, na sua caminhada dialogando com outras linguagens artísticas, o sanfoneiro com seu toque nos teclados de sua sanfona alimenta diversos projetos. Um deles é o Forró na Praça que ao lado de sua companheira do Forró e de amor, Tonha Mota, promovem o cordel, onde o palco passa a ser o centro da Praça Padre João Maria no Centro Histórico da Cidade Alta, em Natal/RN, abrindo o caminho para que o povo possa apreciar, de forma gratuita, o baião, o xote, o forró, levando essa arte ao alcance de toda a população.
João Aranha, um incansável, agarrado a sua sanfona integra-se ao Bando de Fabião que passam a impulsionar no mês de dezembro de cada ano a Folia de Reis, o Reisado, organizando apresentações em locais públicos e moradias, fomentando a alegria do novo amanhecer. É músico registrado no município de Macaíba!

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