Educação Profissional e Tecnológica & Comunicação Popular

 

por HUGO MANSO // Engenheiro e professor do iFRN

A Educação Profissional e Tecnológica está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB – Lei N° 9394 de 20 de dezembro de 1996). Segundo o portal mec.gov.br, “contribuindo para que o cidadão possa se inserir e atuar no mundo do trabalho e na vida em sociedade”.

Em seu livro, “Comunicação dos trabalhadores e hegemonia”, Vito Gianotti* [1943-2015] faz uma bela viagem histórica pelos conceitos e experiências com as sucessivas formas de comunicação.
“Durante o ‘breve século XX’, de 1917 a 1989, como diz Hobsbawm em seu memorável A Era dos Extremos, houve uma disputa constante entre as duas visões que queriam ser hegemônicas. De um lado, a visão baseada na solidariedade e, em última instância, no socialismo. Do outro, a visão do individualismo típico do capitalismo e de sua base teórica, o liberalismo.” Comunicação dos trabalhadores e hegemonia. p.116
Articular Educação e Comunicação sempre foi um objetivo. Paulo Freire em seu “Extensão ou Comunicação” esclarece que situações educativas são também comunicativas e situações comunicativas são também educacionais. Assim, quando lidamos com a Educação Profissional e Tecnológica em suas diversas modalidades, precisamos estar bem atentos a comunicação.
Linguagem técnica, conhecimentos tecnológicos e prática profissional não podem ser apesentados em códigos indecifráveis. Jovens estudantes e trabalhadores que sabem ler entendem uma fala de orientação ou um texto, se forem claros e diretos. Necessário utilizar palavras comuns, exemplos que todos conheçam e se identifiquem. Particularmente quando estamos diante estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ou em cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC).
“Uma coisa é falar para poucos milhões de brasileiros que têm acima de 15 anos de banco de escola. Outra, totalmente diferente, é falar ou escrever para quem tem quatro ou cinco anos de escola, somente.” [Comunicação dos trabalhadores e hegemonia p.162]
A educação humana se desenvolve em diversos ambientes e situações. Desde a vida familiar, na base da convivência, em escolas, na vida social, no mundo do trabalho e nas manifestações esportivas e culturais.
Em instituições de ensino, pesquisa e extensão como as Escolas Públicas (estaduais e municipais), Institutos Federais e as Universidades, a educação precisa vincular-se ao mundo do trabalho, a prática social, esportiva e cultural.
Quando lidamos com a Educação Profissional e Tecnológica, precisamos integrar, nos “diferentes níveis e modalidades às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia” (Art. 39 Capitulo III da LDB).
Independente da forma em estejam organizados, segundo a Lei n° 11.741 de 2008, os cursos podem ser na modalidade “formação inicial e continuada” ou “qualificação profissional”; “educação profissional técnica de nível médio” ou de “educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação”.
Nesse 23 de setembro comemoramos o dia do Técnico Industrial, exatamente em homenagem a data de fundação das primeiras 19 escolas de aprendizes e artífices do país, em 1909. Desde então, nossa Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica só tem crescido. Especialmente após a expansão no primeiro governo do Presidente Lula e a constituição dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia, em 2008.
Hoje são 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, 02 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 22 escolas técnicas vinculadas às universidades federais e o Colégio Pedro II.
Ao todo são 661 unidades de ensino integrantes da Rede nas 27 unidades da federação.
Vamos praticar, difundir e defender a educação brasileira. Convide seus filhos, filhas, amigos e amigas a inscrevem-se nos cursos da Educação Profissional e Tecnológica do Brasil.

Hugo Manso
Engenheiro e professor do iFRN
Presidente do Conselho Curador da FUNCERN
* Vito nasceu na Itália em 1943 e chegou ao Brasil em 1964. Lutou contra a ditadura, foi preso e torturado. Sindicalista, da oposição metalúrgica de São Paulo (1970 e 1980). Fundador do Núcleo Piratininga de Comunicação.

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