Memória e resistência do Povo Tapuia Paiacu de Apodi

Foto: Acervo de Lucia Paiacu Tabajara

O Museu do Índio Luiza Cantofa, localizado em Apodi, região oeste potiguar, surgiu da necessidade de um acervo que preserve a memória dos Tapuias Paiacus e para jogar luz na história dos povos indígenas do Rio Grande do Norte.

Lucia Paiacu Tabajara Arquivo pessoal
“Desde 2013 estamos nessa luta por um espaço para abrigar nossas peças líticas de cinco a dez mil anos”, diz Lucia Paiacu Tabajara, que recepciona o público que visita o museu sempre bastante emocionada ao contar as histórias do seu povo, marcadas pelos objetos e documentos que juntou ao longo de muita pesquisa e foram sendo expostos num espaço reservado em sua casa, onde funciona também o Centro Histórico Cultural Tapuias Paiacus. “Como a casa estava ficando muito pequena para receber estudantes, professores, pesquisadores, passamos a ocupar o prédio pertencente ao governo do estado que estava abandonado há 32 anos”.
Durante reunião entre representantes indígenas e a governadora Fátima Bezerra (30/11), o governo oficializou a doação do prédio localizado às margens da Lagoa do Apodi para o Museu do Índio Luíza Cantofa. “O nosso povo solicitou a doação do prédio que está sendo ocupado na nossa aldeia para que as peças sejam colocadas em lugar seguro e voltem a ter a visita das pessoas que precisam conhecer a história dos primeiros habitantes do lugar”.
Sidney Ferreira de Oliveira Arquivo pessoal
Ela explica que toda a reforma do prédio está sendo patrocinada pelo parente paiacu Sidney Ferreira de Oliveira Medeiros, “a quem somos muito gratos, além da força da nossa aldeia que está sempre presente em dias de mutirão”. Agora, o primeiro museu indígena do Rio Grande do Norte está à espera da casa nova, que tem vista para a lagoa e à tardinha é encantada pelo poético pôr do sol.
Lucia informa que a limpeza da lagoa, o reflorestamento da Chapada do Apodi e a demarcação dos territórios indígenas estão entre as principais reivindicações do seu povo. “Eu sempre ouvia que a gente não morava numa aldeia. Quer dizer que nós não temos direito nenhum? Temos direito sim, moramos dentro de uma aldeia que cresceu e virou vila, virou cidade”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais acessadas