V Mostra Sesc de Cinema dá um play na produção nacional independente

Fotografias: Rogério Marques // Coletivo Foque

Em meio às suas pautas carregadas de histórias o Coletivo Foque deu as caras em uma das sessões da V Mostra Sesc de Cinema.

O rolê cultural ocorrido na tarde desta quarta-feira (23/11) levou a nossa reportagem até a biblioteca do Sesc, na capital potiguar, para ver quatro belíssimas obras audiovisuais produzidas por jovens cineastas em terras potiguares.
Mesmo nesse período em que a cultura viveu na mira do ódio, brincantes e artistas audiovisuais transformaram diversão e arte em beleza e resistência. Neste universo da vida cultural o cinema exerce importante papel como lugar de fala em todas as camadas sociais. E nos ensina ir adiante com nossos espíritos livres.
A Mostra Sesc de Cinema chega em sua quinta edição para dar um play na produção nacional independente que não tem vez no circuito comercial de exibição. Pluralidade cultural e olhares que dialogam com as nossas realidades são as principais referências dos 319 filmes selecionados entre 1.609 inscritos em todo o Brasil. 189 realizadores e 130 realizadoras compõem as mostras nacional, estaduais e infantojuvenil.
Segundo o Sesc/RN, “no RN foram mais de 96 filmes inscritos, quase na sua totalidade viabilizados graças a editais como a Lei Aldir Blanc (em maior número) e o Sesc Poti Cultural, linha de fomento ao audiovisual – 2021”. Uma produção que se estende a cidades do interior, como Lagoa Nova, Currais Novos e Carnaúba dos Dantas.
Foram selecionados 11 curtas para o Panorama Rio Grande do Norte: “Dionísia, Poema Além Da Floresta”; “Olho Em Perfeito Silêncio Para As Estrelas”; “Corpo Seco”; “Chico Augusto: O Inventor”; “Vale Do Vento Eterno”; “A Cabaça De Criação”; “Encruzilhada”; “Curta Os Congos”; “Vindouro”; “Rosa De Aroeira”; e “Ouça”. Prova que além de sol e praia o povo potiguar tem cinema independente de qualidade fora do circuito comercial.
Logo após a exibição dos filmes exibidos no espaço anexo à biblioteca do Sesc, ocorreu um bate-papo com a realizadora Mônica Mac e os realizadores Gil Leal, Silvio Guedes e o mestre Pedro Correia.
A produtora cultura Mônica Mac Dowell explica que começou a registrar por acaso a força das mulheres na comunidade do Reduto, localizada em São Miguel do Gostoso no litoral do RN. Só depois foi levada a pensar em transformar as gravações feitas com o celular em documentário, que mostra mulheres em longas jornadas de trabalho no roçado, na casa de farinha, o incansável trabalho das rendeiras de labirinto. Símbolos de resistência e tradição. Ela destaca a parceria com a cantora Valéria Oliveira, que a seu pedido fez a trilha sonora original do filme.
Mônica conta que depois de “Rosa de Aroeira” resolveu fazer uma “Trilogia do Reduto” sobre a comunidade onde o curta foi filmado. O segundo filme se chama “A Deus Querer”, que é sobre Seu Dadá, “outro personagem maravilhoso”. O terceiro curta da trilogia vai mostrar a atividade pesqueira e está em fase de produção. “Eu me identifico como realizadora audiovisual, estou aprendendo, engatinhando, pretendo seguir nessa área”.
Segundo Gil Leal, que trouxe para a tela o audiovisual afro-brasileiro com o curta de animação “A Cabaça da Criação”, esse é o seu segundo filme. Um olhar ancestral encantador que utiliza sombras como um recurso para fazer cinema de animação mais barato.
O comunicador social Silvio Guedes, roteirista do curta “Encruzilhada”, é mais um realizador independente que tomou gosto pela produção audiovisual e promete continuar produzindo novas obras.
“Encruzilhada” é o seu primeiro filme e mostra um jovem dançarino em meio a uma situação de vulnerabilidade que não permite dedicar-se o quanto gostaria à sua paixão. Uma narrativa ancestral sobre sonhos na juventude e amadurecimento.
O mestre dos Congos de Calçolas, Pedro Correia, diz ter ficado curioso ao ser chamado para fazer o filme “Os Congos”, que conta a história da Vila de Ponta Negra através da memória viva de nossa cultura popular. “Meu pai, em 1906, começou a dançar, logo, quando era rapaz e foi mestre de cultura popular, principalmente dos Congos. Nasci numa comunidade que não tinha televisão, não tinha energia, não tinha água e a convivência era difícil”, completa o mestre ao acrescentar que viu um filme na televisão quando tinha quase vinte anos de idade. Agora, além de “um brincante, um mestre” é também ator.
Panorama Nacional
Os amantes do cinema independente brasileiro poderão assistir também, até o final deste mês, de forma gratuita e on-line, as 33 obras de todas as regiões do país selecionadas para a V Mostra Sesc de Cinema. No total, 27 curtas, dois médias e quatro longas estarão disponíveis, incluindo dez produções voltadas especialmente para o público infanto-juvenil.

» CONFIRA OS FILMES DISPONÍVEIS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais acessadas