Fotografia: Acervo pessoal
por CHICO BETHOVEN // Professor de música

 

Um fenômeno que já vinha acontecendo nos festejos juninos com a invasão dos sertanejos nos grandes arraiás do Nordeste, agora também acontece no carnaval.

Já tinha percebido que isso vinha numa crescente bem antes da pandemia, como na programação do carnaval de Caicó, por exemplo, onde grandes artistas e bandas de forró assumiram o protagonismo da festa de momo. Agora, vemos este fenômeno avançar até em lugares de carnaval tradicional, como a cidade do Recife, onde, além dos forrozeiros midiáticos, os sertanejos também assumem o protagonismo das prévias, os chamados “bloquinhos” que viraram moda em todo o Nordeste.
Quando o Frevo do Xico lançou seu primeiro disco intitulado Carnaval Potiguar, constatamos que em 2018 não houve lançamento de discos de frevo tradicional no Brasil. Fomos procurados até por uma agência de publicidade de Recife pedindo autorização para usar uma de nossas obras numa propaganda institucional do aeroporto daquela cidade. Autorizamos o uso das obras, mais não sei se chegou a ser veiculado. Pois bem, o fato é a que cada ano que passa vamos perdendo essa identidade de gêneros musicais inerentes a cada período festivo.
A meu ver, há de ter uma iniciativa no âmbito político a fim de barrar essa proliferação que desconstrói a nossa identidade cultural, porém, não sei até que ponto os próprios políticos estão inseridos nesse contexto atual. Então, fazemos um apelo ao público que valoriza a tradição para que não deixemos morrer algo que está na alma do povo brasileiro, na nossa memória afetiva musical e que futuras gerações não fiquem sem essa identidade de repertório que foi construída ao longo de mais de um século.
Quero de volta o meu carnaval!

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