Por Chico Bethoven // Professor de música. Foto: Acervo pessoal.

A história real da música brasileira ainda não foi revelada, pois, o que o grande publico conhece é o que as grandes gravadoras e os grandes veículos de mídia mostraram ao longo do último século, desde o surgimento da indústria fonográfica até os dias atuais.

Iniciativas como o Dicionário da Música Potiguar, da pesquisadora Leide Câmara, por exemplo, revelam um número significativo de artistas aqui do nosso lugar que não tiveram veiculação midiática em nível nacional. Hoje, mesmo com o advento da internet, onde o artista independente tem a oportunidade de distribuir sua obra pelo mundial através das plataformas digitais, ainda se esbarra na questão do impulsionamento, onde o poder do capital impera.
O fato é: o que consumimos e sabemos sobre a música brasileira é o que a indústria fonográfica mostrou ao longo dos últimos 100 anos. O Brasil tem dimensões continentais, muitos bons artistas passaram e passam pela vida sem ter o reconhecimento que a indústria da música proporciona. O que fazer para mudar essa realidade? Ao meu ver, falta um pouco de autoestima do público local para com seus artistas. Para um artista local ter público, é necessário sempre estar fazendo janela para um artista midiático, salvo alguns poucos festivais, como o FESTIVAL DO SOL, em Natal, que basicamente é composto por artistas do mercado independente.
Não culpo ninguém por isso. É uma questão de macro educação. Há uma luz no fim do túnel, haja vista o projeto MADA FAZ ESCOLA que oportuniza dentro do ambiente escolar essas questões inerentes ao consumo de nossos artistas em nível local. Esse dias, conversando com uma amigo artista lá de Recife, o Maestro Forró, ele me falou que ser reconhecido no seu lugar é o que mais importa. Que as pessoas ao seu redor consumam sua arte e sintam-se representados por ele, e dali da sua comunidade sua arte possa se espalhar pelo mundo.
Para finalizar, parafraseando o poeta Cazuza, os meus heróis não morreram de overdose, mas os meus inimigos estão no poder. Os meus heróis são artistas como Pedro Mendes, Tico da Costa, Sueldo Soaress, Valeria Oliveira, Khystal, Yrham Barreto, Dani Cruz, Dodora Cardoso, Jubileu Filho, João Salinas, os irmãos Eduardo e Roberto Talfic, Potyguara Bardo, Filipe Toca, Du Souto, Luísa e os Alquimistas, Luizinho Nobre, Quarteto Linha, Família Além do Normal, Debinha Ramos e muitos outros.

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