Fotografia: Luciano Capistrano
“Agosto de 1939: o mundo entra em pânico. Nas embaixadas e cancelarias nos palácios presidenciais e ministeriais, portas são batidas diante da guerra iminente. O acordo de Munique foi ratificado no ano anterior, sem que a tensão entre as nações diminuísse de maneira duradoura. Após invadir a Áustria e o território dos Sudetos, Hitler ameaça a Polônia. Em 23 de agosto, para espanto geral, ele assina um pacto de não agressão com Moscou”.(FRANK, Dan. Paris ocupada: os aventureiros da arte moderna (1940-1944). Porto Alegre: L&PM Editores, 2017, p. 11).
São tempos estranhos, estes que vivemos, quando pensamos na história e observamos o avanço do nazismo sobre as nações. O totalitarismo ganhou o espaço da democracia. A década de 1930 testemunhou o crescimento e fortalecimento do obscurantismo nos quatro cantos da terra. Uma invasão bélica, o caso polonês, apenas coroou o imaginário de milhares de adeptos do nazismo liderado por Adolf Hitler e companhia. A lógica do totalitarismo provocou uma onda a devastar, como um tsunami, os governos democráticos.
Atualmente, essa onda totalitária lança seus tentáculos nos diversos grupos sociais em uma verdadeira explosão de ódio contra os ideais democráticos/humanistas. Faz-se necessário ficarmos em alerta. Diante das ameaças à democracia não podemos hesitar. Não se negocia princípios democráticos. Neste sentido, surfar nas ondas totalitárias é contribuir para a construção de novas “câmaras de gás”.
O historiador norte-americano Timothy Snyder, sentencia: Se os advogados tivessem seguido a norma que proibia execuções sem julgamento, se os médicos tivessem obedecido a regra que proíbe cirurgias sem consentimento, se os executivos tivessem endossado a proibição da escravidão e os burocratas tivessem se recusado a processar a documentação que envolvia os assassinatos, o regime nazista teria enfrentado muito mais dificuldades para dar cabo das atrocidades pelas quais é lembrado. (SNYDER, Timothy. Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p. 39).
Esse é nosso papel, ficamos atentos aos ataques contra as instituições democráticas. O nosso tempo é um tempo de risco que nos faz lembrar o “Admirável mundo novo”.
– O ensino pelo sono chegou a ser proibido na Inglaterra. Havia uma coisa chamada liberalismo. O Parlamento, se é que os senhores sabem o que era isso, votou uma lei contra ele. Conservaram-se as atas das sessões. Discursos sobre liberdade do indivíduo. A liberdade de ser ineficiente e infeliz. A liberdade de ser um parafuso redondo num buraco quadrado. (HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. São Paulo: Globo, 2020, p. 69).
Aqui, apenas uma inquietação em busca de uma onda de resistência democrática no ano que se avizinha. Venha 2022 e traga um tsunami de DEMOCRACIA.

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