As tradicionais Tribos de Índios são manifestações sagradas em todo carnaval.
Além dos trajes habituais, a dança e o batuque dos tambores são partes dessa tradição que leva para a avenida rituais de origem indígena, mesmo que muitos não sejam parentes diretos dos povos ancestrais. São brincantes que se caracterizam de índios e valorizam ainda mais essa festa popular que é o carnaval com a identidade cultural do nosso povo.
Edson Vicente Dantas, conhecido como Chimba, se encantou aos 41 anos depois de encantar gerações de foliões com o seu ofício de chocalheiro de Tribos de Índios em São Gonçalo do Amarante. “Ele começou nessas tribos há muitos anos como acompanhante dos índios, quando a gente ia brincar nas praias. Aí um dia faltou um batedor de chocalho e ele quis começar a fazer essa atividade, todo mundo gostou e quando foi na próxima vez já foi o batedor, passando a brincar em várias Tribos de Índios, como a Tupi Guarani, e terminou agora como batedor da Tribo Pataxó”, conta o brincante e pajé Josenilso Lima. “Ele se tornou um dos melhores batedores de chocalho da Tribo de Índios de São Gonçalo do Amarante”, completa.
Josenilso conta que as Tribos de Índios vão sentir muito a falta de Chimba. “Não vai ser a mesma coisa porque ele era um maestro da bateria”, diz ao explicar que o chocalheiro é o primeiro batedor que puxa as pancadas dos cacheiros, que são os tocadores de bumbo”.
O produtor cultural Lenilton Lima diz que foi revoltante não ver ninguém da cultura no velório nem sepultamento de Chimba. “A minha indignação é porque não houve nenhuma homenagem, isso me dá um dó pela importância que esse artista tinha para a cidade que se intitula berço da cultura. Quando a pessoa brilha na mídia, os gestores culturais reconhecem. Mas foi Chimba, artista que tinha como ofício uma arte que não é tão respeitada. A questão não é só tocar o chocalho, mas ter o compromisso de fazer a Tribo de Índio e animar o carnaval tradicional”, afirma Lenilton.
