A exposição “Pedágio de mim – Foco Brasil”, inaugurada nesta quinta-feira (28/10) no Not a Museu em Lisboa, tem curadoria de Hugo Dinis.
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor Adeus
— Pedaço de mim, Chico Buarque (1978)
O projeto de curadoria alia duas ideias. Por um lado, a palavra pedágio, derivado do latim pedaticum e pedis, que originalmente, significava o direito de pôr o pé em determinado lugar, nomeadamente correspondia ao pagamento de uma taxa cobrada sobre pessoas, animais ou mercadorias de passagem por uma ponte ou um por uma estrada. E, por outro lado, a música Pedaço de mim, cantada na Ópera do Malandro, em 1979, por Zizi Possi e Chico Buarque, que narra a saudade de um exilado longe da sua terra natal onde deixa parte da sua vida e de si próprio.
Ao aliar estas duas ideias, o projeto curatorial – “Pedágio de mim” – apresenta obras de artistas brasileiros em diáspora e a forma como estes olham para a situação social, política e cultural do seu país.
Artistas
Alice Yura | Bete Marques | Bettina Vaz Guimarães | Bruno Pedrosa | Daniel Mattar | DUDX | Eduardo Araújo | Francisco Baccaro | Hilda de Paula | Luca | Loureiro | Mara Castilho | Marie Carangi | Paula Almozara | Pollyanna Freire | Roberta Goldfarb | Sama | Sayonara Pinheiro | Tales Frey | Jorge Abud | ROD | Caio Marcolini | Jan-Eric Wold Skevik | Jorge Ciprianno.
Ale Gomes, assessor da artista visual Sayonara Pinheiro e da cantora Natascha Falcão, falou com o Coletivo Foque sobre a importância da exposição para o setor cultural e seus artistas. Para ele, que é luso-basileiro, o evento “promove o melhor do Brasil internacionalmente diante desse termômetro movediço, sem apoios para as artes, um momento muito difícil no Brasil para qualquer produção cultural”. Na sua opinião, “a cultura tem sido esquecida pelos governantes”
Ao se referir ao índice de brasileiros que migraram do país para Portugal, diz que “vieram muitos bons artistas pra cá”. Comenta, ainda, que “para a arte nacional não há obstáculo que não possamos transpor”.
Para Ale Gomes, a artista potiguar Sayonara Pinheiro “lida com elementos orgânicos da natureza, o que traz leveza e contemporaneidade à exposição” e afirma que o trabalho dela está no hall principal do evento. “Destacamos bem ela nessa exposição no Not a Museu”.
Programação
