Paulo Freire: o meu sonho é que nós inventemos uma sociedade menos feia do que a nossa de hoje.

Ilustração: Rogério Marques

“Conscientização: teoria e prática da libertação, uma introdução ao pensamento de Paulo Freire”, foi o livro que me ensinou os primeiros passos na alfabetização como tomada de consciência diante do mundo.

Estudante do Colégio Estadual do Atheneu Norte-rio-grandense no início dos anos de 1980, em pleno movimento estudantil secundarista passei a admirar esse homem que transformou o bê-á-bá num ato de coragem e amor pela educação. Bem depois, já em sala de aula no ofício de educador, vivenciamos na prática a potente lição do la-le-li-lo-luta. Um ensinamento que nos guiou por toda a nossa experiência com as turmas de educação de jovens e adultos. E continuou nos ensinando a prática da libertação em nosso jornalismo coletivo junto à imprensa livre e independente.
Neste 19 de setembro, data em que o educador Paulo Freire completaria 100 anos, compartilhamos a sua voz para ecoar o sonho por uma educação libertadora e a luta para superar as desigualdades. Uma luta a favor do povo oprimido que utilizou o cinema, o teatro, a televisão como ferramentas no seu método de alfabetização de adultos. Uma trajetória marcada por sua convicção político-ideológica com destaque para as experiências de Angicos, interior do Rio Grande do Norte (1963), que visava alfabetizar, politizar, conscientizar.
Através da lei 12.612, de 13 de abril de 2012, de autoria da deputada federal Luíza Erundina, Paulo Freire foi declarado patrono da educação brasileira. Uma homenagem por toda a sua obra dedicada aos direitos humanos.
Em oposição às ideias de Paulo Freire, o governo Bolsonaro tenta apagar os ensinamentos do educador e filósofo com uma política educacional recheada de retrocessos como as teorias “escola sem partido”, “ensino domiciliar” e o “método fônico de alfabetização”. Uma perseguição que inclui a retirada do título de patrono da educação brasileira concedido por unanimidade pela comissão de educação, cultura e esporte do Senado e sancionado pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Vale destacar que o autor de “Pedagogia do Oprimido” é o terceiro pensador mais citado em trabalhos acadêmicos no mundo, de acordo com a pesquisa feita pela London School of Economics em 2016. Reconhecido no mundo inteiro pela sua valiosa obra em defesa da educação e do povo brasileiro, o pedagogo nascido em recife no ano de 1921 tem sido constantemente atacado pelo ex-capitão do Exército e atual presidente do Brasil e sua tropa bolsonarista.
Nenhuma ofensa ou ato autoritário vai matar o sonho pela liberdade que “estimula a brigar pela justiça, pelo respeito do outro, pelo respeito à diferença, pelo respeito ao direito que o outro tem, que a outra tem, de ser ele ou ela mesma”, como bem disse Paulo Freire. Para conhecer mais de perto o sonho da bondade e da beleza espalhada por esse educador, o nosso papo ao vivo nesta terça-feira (21/9) será com a pedagoga Rita Diana, mestra e doutorada em educação. Professora do Departamento de Fundamentos da Educação do Centro de Educação da UFRN, ela criou o Memorial Paulo Freire e o curso de Pedagogia na perspectiva Paulo Freire na UFERSA Angicos, onde coordenou o Cinquentenário das 40 horas de Angicos em 2013. Participe desse bate-papo que vai rolar às 20h no Instagram do @coletivofoque_ e aproveita para seguir a nossa imprensa livre e independente nas redes sociais.

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