O malabarismo da cesta básica

Neste mês de junho o preço da cesta básica na capital potiguar ficou em R$ 500,20.
“Entre maio e junho de 2021, o custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em oito cidades e diminuiu em nove”, segundo a pesquisa realizada mensalmente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em 17 capitais.
O estudo aponta que “as maiores altas foram registradas em Fortaleza (1,77%), Curitiba (1,59%) e Florianópolis (1,42%). As capitais com quedas mais intensas foram Goiânia (-2,23%), São Paulo (-1,51%), Belo Horizonte (-1,49%) e Campo Grande (-1,43%). A cesta mais cara foi a de Florianópolis (R$ 645,38), seguida pelas de Porto Alegre (R$ 642,31), São Paulo (R$ 626,76), Rio de Janeiro (R$ 619,24) e Curitiba (R$ 618,57). Entre as cidades do Norte e Nordeste, as que registraram menor custo foram Salvador (R$ 467,30) e Aracaju (R$ 470,97)”.
Ainda de acordo com o Dieese, “ao comparar junho de 2020 e junho de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento”. Com base na cesta mais cara, que em junho foi a de Florianópolis, o Dieese aponta que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.421,84, valor que corresponde a 4,93 vezes o atual piso nacional, de R$ 1.100,00.
Os pesquisadores explicam que o cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. “Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho, na média, 54,79% (média entre as 17 capitais) do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta”.
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) é um levantamento contínuo dos preços de alimentos considerados essenciais. A pesquisa leva em conta a cesta básica composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta. Os bens e quantidades são diferenciados de acordo com os hábitos alimentares de cada região.
São dados que permitem à sociedade refletir sobre o valor da alimentação básica no país. Ainda mais nesse contexto de desemprego e crescente desigualdade, que expõe a gigantesca distância entre o carrinho de supermercado do rico e a minguada cesta básica revelada pela pesquisa do Dieese. Com mais esse sabor amargo resta pedir emprestado os versos de Caetano Veloso, já gritado por mais de 100 organizações da sociedade civil, pesquisadores e artistas em campanha nacional contra a fome e o enfrentamento de doenças crônicas ligadas a maus hábitos alimentares — Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.

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