A desiguldade e nós

Fotografia: Rogério Marques

A desigualdade é consequência da concentração de renda em que os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres são obrigados a conviverem com a crescente miséria.

No primeiro trimestre de 2020, as regiões metropolitanas registraram 20,2 milhões de famílias com renda per capita do trabalho inferior a um quarto do salário mínimo. No mesmo período de 2021, o número subiu para 24,5 milhões. Um aumento de 4,3 milhões. A renda per capita domiciliar corresponde ao rendimento total do trabalho dividido pela quantidade de pessoas em cada residência. Lembrando que, atualmente, um quarto do salário mínimo equivale a R$ 275.
Esses dados tem como base a pesquisa Pnad Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um estudo feito em parceria entre PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), Observatório das Metrópoles e RedODSAL (Observatório da Dívida Social na América Latina). “É um nível de renda muito baixo, que reflete a dinâmica do mercado de trabalho na pandemia. Os dados mostram a necessidade de benefícios como o auxílio emergencial”, avalia André Salata, professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da PUCRS.
Segundo o estudo, enquanto a parcela dos 40% mais pobres despencou 33,4% nas regiões metropolitanas no período de um ano, entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período de 2021, os 10% mais ricos acumularam muito mais riqueza com perdas bem inferiores: 4,8%. Ainda de acordo com a pesquisa, os 10% mais ricos ganhavam, em média, 29,6 vezes mais do que os 40% mais pobres no primeiro trimestre de 2020. Essa desigualdade aumentou para 42,3 vezes no início de 2021.
Mais um panorama trágico da pandemia, que inclui desemprego e fome com milhões de pessoas vivendo em situações de vulnerabilidade. Um cenário que segundo os pesquisadores necessitam de medidas de proteção como o auxílio emergencial. Esta semana o governo federal confirmou mais três parcelas com a prorrogação do auxílio até outubro, porém, com os mesmos valores de fome.
Igualdade, liberdades civis e imprensa livre são bandeiras de luta históricas que vivem sob a mira do capitalismo, no Brasil e no mundo. Direitos humanos fundamentais que são marginalizados e criminalizados com força total na Era Bolsonaro, que ataca a todo instante a dignidade do povo brasileiro com suas políticas que só favorecem a concentração de renda e, consequentemente, aumento da desigualdade. Nesse ambiente de guerra aos direitos conquistados ao longo do tempo o atual governo federal tenta, à todo custo, ferrar cada vez mais a classe trabalhadora com a lógica de dominação ao modelo econômico responsável por tanta miséria.
Contra toda desiguldade só há um caminho, a luta organizada. Podemos pensar junto com Mahatma Gandhi, advogado e anticolonialista indiano: Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é tabu.

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