O Forró

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Forró, segundo Cascudo, é a abreviação de forrobodó.
Antes, nome da festa. Hoje, um gênero musical plural que agrega vários ritmos: Xote, Xaxado, Baião, Arrasta-pé (marchinha junina) e muitos outros estilos que foram surgindo, tendo seus primeiros registros fonográficos no final dos anos 40 do século passado, a exemplo do sucesso “Forró de Mané Vito”, gravado por Luiz Gonzaga em 1948, sendo ele, o maior responsável pela popularização e divulgação do gênero em outras regiões do país, durante décadas, além do Nordeste.

 

Toinho de Paizinho (violão), Pedro Miguel (pandeiro), Jubileu Francisco (sanfona), Raimundo Piaba (garrafa); grupo fazia sucesso na Serra de Santana (RN) nos anos 60 e 70. Fotografia: Arquivo pessoal
No começo, ao som da zabumba, triângulo e sanfona; depois, com o passar dos anos,
foi se misturando a bateria, baixo, guitarra, instrumentos de sopro, chegando aos dias atuais com
samples e teclados arranjadores. Foram passando pela história do Forró e deixando sua marca registrada na evolução do gênero artistas como Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Marinês, Jackson do Pandeiro, Elino Julião, Sivuca Dominguinhos, esses dois últimos fazendo registros importantes no forró instrumental.
Nos anos 70 surgiu o forró de duplo sentido com Clemilda, Genival Lacerda e muitos
outros. Nas gravações feitas em Recife e em Belém do Pará nos anos 80, por artistas como
Carlos André, Alípio Martins, José Orlando, Eliane, entre tantos, fez surgir o forró brega, que
depois virou o forró romântico. Nesse período, também surgiram artistas como Jorge de
Altinho, Alcimar Monteiro, que definitivamente acresceram à formação instrumental do forró o
naipe de metais em suas gravações e shows.
Ainda nos anos 80, surgiram os teclados arranjadores, que são aqueles com muitas
opções de timbre e acompanhamentos musicais automáticos no qual a memória do teclado
simula uma banda completa. A partir do surgimento desse instrumento multifuncional,
começaram a surgir artistas utilizando esse recurso em shows e gravações, onde misturavam no repertório música de seresta e forró, chegando ao auge nos anos 90 e revelando artistas como
o piauiense Frank Aguiar, o maranhense Lairton dos Teclados e o potiguar Zezo, o príncipe dos
teclados.
Também nos anos 90, numa jogada de marketing nunca vista na música nordestina,
surgiu o Mastruz Com Leite, que se autodenominava “a maior banda de forró do planeta”. E a
partir do Matruz surgiu toda uma prole de bandas, como a Banda Mel Com Terra, Caviar com
RapaduraCalango Aceso e diversas outras que invadiram as casas de shows por todo Nordeste.
A partir daí, o forró passa a ser algo muito forte durante todas as estações do ano e se espalha
pelas grandes metrópoles brasileiras. Na segunda metade dos anos 90, surge em São Paulo e no
Rio grupos de forró universitário, inspirados no forró tradicional. Utilizando a formação instrumental tradicional com letras do cotidiano dos jovens da época, foram destaques os grupos
Fala Mansa (São Paulo), Forroçacana (Rio) e muitos outros.
Na virada do século, começamos a ouvir no forró a guitarra distorcida e nessa pegada
podemos destacar a banda Limão com Mel (Salgueiro/PE) e Calcinha Preta (Aracaju/SE),
ambas campeãs de bilheteria e de execução pública em rádios e TVs. Era o ressurgimento do Forró Romântico. Outro fenômeno desse período é a Banda Magníficos (Monteiro/PB) que foi
sucesso em todo Brasil.
O forró foi além e trouxe o sotaque do sul ao misturar o vaneirão sulista à pegada
forrozeira que só o nordestino tem, primeiro, com Os Brasas do Forró, em seguida com o
Aviões do Forró fazendo sucesso com versões de bachatas latinas e pop internacional,
posteriormente, dando vez a compositores nordestinos como Dorgival Dantas, Cabeção do
Forró, Ranieri Mazili, Zé Hilton do Acordeon.
Por coincidência, todos compositores potiguares que foram gravados também pela banda Garota Safada que fez surgir o fenômeno Wesley Safadão, campeão de bilheteria por todo o Brasil. Hoje, o forró está inserido no contexto dos mega espetáculos, com estruturas e parafernálias gigantescas, chegando a fazer turnês na Europa e nos Estados Unidos. Em meio a essa transformação, a Banda Saia Rodada explodiu no Nordeste com a versão de Ana Maria, de Luiz Gonzaga, gravada nessa pegada de vaneirão.
Esse fenômeno comercial perdura até os dias de hoje, apesar que, nos últimos anos os artistas
sertanejos serem as grandes atrações dos festejos juninos nordestinos que, tradicionalmente, era
o período onde o forró predominava. Alguns apelidaram esse forró da moda de forró de plástico,
porém, não deixa de ser forró. Uma nova variação do forró surgiu nos últimos anos, o Piseiro
ou Pisadinha, que geralmente é executado com teclados arranjadores, às vezes lançando mão de mais um ou outro instrumento musical.
Surgiram fenômenos a partir da internet como Os Barões da Pisadinha e Zé Vaqueiro, que são campeões de players por todo o Brasil e muito divulgado pelos famosos paredões de som, que se popularizou nas últimas décadas como ferramenta de divulgação de cultura de massa, utilizando altos níveis de decibéis, que ultrapassam facilmente 120 Db tocando os hists do forró da moda no momento.
Viva o forró nordestino, suas origens, sua evolução, e que em breve volte ser a maior estrela do
nosso São João. Ao patrono do forró, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, todas as honras e glórias
conquistadas pelo forró e que jamais seja esquecido.

2 COMMENTS

  1. Verdade professor Bethovem…..tudo que tá escrito nada fora do contexto!pro forró não existe modernização e sim uma grande variação….que distorcem uma raízes em forma de ritmo tão lindo quanto o for wall (FORRÓ PARA TODOS!)

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