Atenção pros tambores da imprensa livre

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Em 2005 o coletivo foque pedia licença “pros tambores”, os tambores da imprensa livre… assim nascia o site foque.com.br
Uma imprensa livre e independente que chegava para amplificar a luta contra toda forma de opressão e exploração. As nossas reportagens buscam registrar o dia-a-dia de um mundo que não aparece na imprensa comercial. São inúmeros problemas sociais vividos por um povo que é ignorado pelo poder público.
Pois é… o Coletivo Foque nasce para dar vez e e voz aos excluídos que não encontram espaço na mídia empresarial. Igualmente, desmistificar manipulações históricas como o “fim da escravidão” comemorada a cada 13 de maio e denunciar a continuidade do açoite dos feitores contra o povo negro comandado pela Casa Grande, ora transformada em Palácio da Alvorada.
Charge: Carlos Latuff
Uma nova Era onde a escravidão usa como disfarce as relações de trabalho com mão-de-obra desqualificada, o fim de direitos trabalhistas, longas jornadas de trabalho, assédio moral, salários cada vez mais rebaixados e a criminalização do povo negro e pobre. Não à toa, o líder negro Malcolm X já afirmara: “não há capitalismo sem racismo”.
Comunicação militante: um desafio histórico
Em 1842 um jovem chamado Karl Marx publicou vários textos sobre a liberdade de imprensa com o propósito de denunciar a censura imposta pelo governo de Frederico IV na Alemanha. O filósofo alemão tinha encontrado no jornalismo uma poderosa ferramenta de luta contra a opressão. Um instrumento de resistência para combater a tirania do rei todo poderoso.
Nos dias de hoje, querer proibir o protesto sob a força da repressão e submeter a liberdade a requerimento de processo judicial são golpes que fazem parte da rotina da imprensa livre, que resiste e insiste em gritar alto e bom som, assim como o refrão cantado por Chico Buarque durante a ditadura:
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar?
Nada vai nos calar!
Para nós sempre prevalecerá a liberdade de expressão reafirmada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos desde 1948. Afinal, a palavra da imprensa livre e independente é baseada em dados e fatos, não em preferências ideológicas, preconceitos ou mera superficialidade. Mesmo em meio à grave pandemia da Covid-19 o nosso jornalismo coletivo tem publicado reportagens e bate-papos que colocam em cena histórias que não aparecem na imprensa dos ricos e poderosos.
Somos um coletivo de imprensa livre criado para gritar. E gritamos. Reclamamos. Não nos sujeitamos aos manuais de redação. Nosso grito é um eco das manifestações populares. Apesar de sermos bombardeados pela máquina de moer informações, estruturalmente gerenciada pelos mercadores de notícias bancados pelo grande capital.
Porém, assim como na canção dos Engenheiros do Hawaii, nós vibramos em “outras frequências”. Pois é, “seria mais fácil fazer como todo mundo faz, o caminho mais curto, produto que rende mais”, contudo, não pretendemos ser essa máquina de representar, que reproduz “negociantes de frases” a serviço da burguesia, como afirmou Balzac lá no século XIX.
Oi nós aqui outra vez
Mesmo com tantas pedras no meio do caminho não deixamos de lançar nosso grito de indignação diante de toda injustiça social. Mesmo com todas as nossas limitações estruturais, isso não nos torna menor. Somos operários da informação, profissionais que têm o sonho de trabalhar para mudar o mundo. A vocação desse sonho materializa-se neste coletivo. Entretanto, é preciso pensar junto com o cantador Beto Guedes: “Vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão”.
Fórum Social Mundial 2005 | Fotografia: Rogério Marques
Enquanto o nosso jornalismo militante agoniza em praça pública, meia dúzia de famílias seguem controlando a mídia no Brasil. Enquanto enfrentamos todo tipo de dificuldade para colocar nossa imprensa livre na rua, o bloco formado por Globo, Record, Band, SBT entram na casa de 99,9% dos brasileiros com seu noticiário a serviço do consumo capitalista. Para isso, conta com os favores dos governos e os milhões da publicidade. Isso é que é valorizar a luta pela hegemonia na sociedade.
Fórum Social Mundial 2005. Fotografia: Rogério Marques
O COLETIVO FOQUE NÃO TEM O FINANCIAMENTO DO GRANDE CAPITAL. Nem de partidos, nem de igreja, nem de governo, nem da publicidade. Não somos negociadores de notícias. Sobrevivemos do nosso trabalho como operários da informação, prestando serviços nas áreas de audiovisual, fotografia, design gráfico, sites, assessoria de imprensa, cursos e oficinas.
“Claro que precisamos sonhar e construir instrumentos diários para disputar com o outro lado. A outra mídia, a mídia empresarial/comercial/patronal tem um enorme arsenal de armas para nos combater. Nós precisamos construir grandes meios de comunicação capazes de enfrentar os impérios deles”, disse o saudoso Vito Giannotti ao Coletivo Foque. Para esse comunicador porreta, que sempre nos iluminou com os seus ensinamentos, o nosso Coletivo “estará continuando o esforço de mais de um século da imprensa dos trabalhadores em nosso país”.

“A poesia não foi morta

Dão-lhe quatro tiros

E sai com a cara lavada

e um sorriso puro”

Assim como a poesia de Pablo Neruda, apesar de todas as cacetadas o Coletivo Foque não morreu. Por falta de grana a nossa redação mudou de endereço, mas não mudamos de lado. As nossas pautas sem frescura vão continuar retratando a realidade crua que não aparece na tal mídia empresarial. Tropeçamos o tempo todo no grosso calibre do capitalismo, mas não largamos o pé da estrada. Apesar das porradas, mantemos nosso jornalismo ativista a serviço do interesse coletivo. Diferente das empresas de comunicação, verdadeiras fábricas de alienação, a nossa imprensa livre faz valer a contestação e o inconformismo da grande maioria da população.
Atuar no jornalismo militante é um osso duro de roer
Sustentar a imprensa livre e independente custa muito suor e, claro, gera contas. Desde o comecinho enfrentamos todo tipo de dificuldades exatamente por não submeter nossas ideias ao sistema que é responsável por tantas desigualdades e injustiças. Nessa dura caminhada, cada contribuição sempre foi fundamental para que continuássemos resistindo de pé.
Para sobreviver, dependemos da ousadia de ativistas que se dedicam a um trabalho de militância que precisa ser valorizado. Sem o convencional patrocínio do grande capital, recorremos à colaboração solidária e parcerias com entidades do movimento sindical e popular. Nosso trabalho não tem nenhuma identidade com a arte e vender, exaltada de maneira grotesca pelas agências de notícias. Não nos satisfazemos com uma comunicação sem qualquer utilidade política e social. Mesmo sendo um negócio regido pelas leis de mercado, ao jornalismo é uma atividade que demanda, acima de qualquer suspeita, engajamento e militância política.
Queremos continuar utilizando as diversas peças da linguagem como fios condutores de uma comunicação comprometida com as causas sociais. Este tem sido o nosso papel, produzindo reportagens, jornais, folhetos, cartilhas, cartazes, entre tantos materiais para congressos, plenárias e demais fóruns do movimento sindical e popular.

“A apropriação da linguagem pelo oprimido é um ato potencialmente revolucionário”.
[Paulo Freire]

Este é um projeto de resistência e de alternativa à apropriação da informação a partir de outro olhar que não o do capitalismo. Assumimos uma posição de militância no campo da comunicação, fazendo do nosso trabalho um instrumento de liberdade e de interesse coletivo.
A luta pela liberdade que levou Zumbi, Dandara, entre tantos e tantas a enfrentar seus opressores ao longo dos tempos, inspira cada reportagem do nosso coletivo, que vê a comunicação como ferramenta essencial para a tomada de consciência e importante arma para a mobilização. Uma imprensa militante e engajada na luta por igualdade e justiça.
A cada golpe reinventamos o “jeito de caminhar”
para não deixar calar o grito da imprensa livre.
Durante esses mais de 16 anos o Coletivo Foque se manteve através das parcerias junto ao movimento sindical e popular. Esse panorama se complicou com a chegada de Bolsonaro à presidência. A pandemia da Covid-19 só piorou tal situação, a ponto de desfazer uma equipe de profissionais que precisou correr atrás de trabalhos outros para sobreviver. Restando um jornalista/editor e uma social media. Com a equipe desfalcada de um desenvolvedor, o nosso site saiu do ar depois de sofrer ataques de vírus e estamos com dificuldades de resolver tal situação.
Atualmente, contamos com as doações de militantes e as parcerias do Sinasefe Natal e da CSP-Conlutas que se mantêm firmes com suas valorosas colaborações mensais. Para não deixar silenciar o nosso jornalismo coletivo, convidamos todas as vozes comprometidas com a vida do povo e a luta pelos direitos humanos a “avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo”, como diz o poeta Thiago de Mello – “Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando” em legítima defesa para combater “as engrenagens que esmagam o sonho que não se submete”, a exemplo do Coletivo Foque, que há 16 anos se dedica à produção de conteúdo colaborativo sem as amarras impostas por patrocinadores.
Daí… recorremos à nossa primeira campanha de financiamento coletivo.
A meta de R$ 10.000,00 tem o objetivo de custear um jornalismo que inclui a produção de reportagens, podcasts, a volta da nossa TV Coletiva, documentários temáticos, coberturas de atos, ações diárias em redes sociais, manutenção do site e uma equipe com dedicação exclusiva. Precisamos ter a nossa redação inteirinha novamente para amplificar ainda mais as vozes da resistência e a diversidade através da imprensa livre.
Estamos preparando, também, o lançado da Foque Camiseteria que terá a tarefa de somar recursos para ajudar a sustentar o trabalho desenvolvido por uma equipe que nunca fugiu da raia no combate ao racismo, ao machismo, à homofobia, e está lado a lado com os movimentos sociais, a cultura popular, a resistência indígena, junto com feministas, vadias, negros e negras, gays, trans, anarquistas, desempregados, sem teto, sem-terra, trabalhadores do campo e da cidade.
Precisamos do seu apoio para fazer a imprensa livre existir de forma independente e pagar as contas básicas que são despesas com site, telefone, redação, área técnica, responsáveis por manter nossas pautas no ar.
Queremos continuar utilizando as diversas peças da linguagem como fios condutores de uma comunicação comprometida com as causas sociais.

“Quando Rogério Marques me convidou para fazer parte deste projeto, nosso ideal era fazer um projeto profissional, amplo, democrático”, explica o jornalista Bruno Rebouças, cofundador do site foque.com.br.

Usando a metáfora de Walter Lippmann, ele acrescenta que o Foque é um farol que no meio do mar ilumina os navegantes, “iluminando e tirando da escuridão fatos e verdades para conhecimento público. Sem exclusão ideológica, partidária. Diverso. Por isso ‘Coletivo’, porque quem quer participar tem espaço, é ouvido e pode opinar”.
Bruno também lembra Vito Giannotti, tantas vezes entrevistado pelo Foque e que escreveu o editorial na primeira edição do jornal O Coletivo (semanário que após duas edições foi suspenso por falta de grana). “Gianontti defendia que a esquerda financiasse a imprensa e a mídia dessa posição”. Como afirmou Hannah Arendt: “Não há esperança de sobrevivência humana sem homens dispostos a dizer o que acontece”. E o Foque é um desses “homens”.

 

 
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