Até o dia 8 de novembro serão exibidos 13 curtas-metragens e dez longas-metragens de 12 estados brasileiros, entre as mostras Competitiva, Panorama, Coletivo Nós do Audiovisual e Sessões Especiais.
A programação inclui debates com realizadores dos filmes, seminários sobre o mercado audiovisual brasileiro e o 3º Gostoso Lab, laboratório de desenvolvimento de projetos.
A sessão de abertura vai acontecer a partir da 20h30, na Praia do Maceió, com a exibição do curta-metragem ARREBENTAÇÃO, de produção do Coletivo Nós do Audiovisual. Além do longa MARTE UM, dirigido por Gabriel Martins.
A Mostra de Cinema de Gostoso chega à sua 9ª edição consolidando cada vez mais seu espaço no cenário cultural da região Nordeste. O evento reafirma a identidade de sua curadoria apresentando uma seleção de filmes nacionais, em sua maioria independentes, com potencial de dialogar com o público da cidade.
Este ano, as sessões ao ar livre contarão com uma nova tela de projeção e sistema de som 7.1. O número recorde de inscrições de filmes — 927 obras de todas as regiões do país —, indica que, mesmo com as limitações impostas pela pandemia da COVID-19 para a realização de filmes nos últimos dois anos, aliadas a uma política de abandono do setor cultural pelo governo federal, a produção audiovisual brasileira resiste e reafirma sua força e pluralidade.
Marte Um, de Gabriel Martins, foi o filme escolhido para a sessão de abertura deste ano. Concorrente brasileiro a uma vaga no Oscar, o longa aborda uma família negra de classe média baixa que luta para manter-se em meio a um cenário político e econômico cada vez mais opressor, sem perder de vista a afetividade entre as personagens. No filme de encerramento, Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, duas irmãs também buscam formas de sobrevivência em um cenário conservador distópico que ecoa o Brasil atual, em uma narrativa singular. São dois bons exemplos de produções que vão ao encontro da vocação desta sala popular ao ar livre.
A Mostra Competitiva apresenta quatro ficções em longa-metragem.
A Filha do Palhaço, de Pedro Diógenes, traz um retrato sensível sobre a relação entre pai e filha que ao mesmo tempo que tentam se reconciliar, buscam se reencontrar consigo mesmos. Paloma, de Marcelo Gomes, nos apresenta uma mulher trans no interior do Nordeste Brasileiro que procura realizar seu sonho de se casar na Igreja, enfrentando todas as formas de preconceito que atacam sua existência. Em A Mãe, de Cristiano Burlan, uma mãe na periferia de São Paulo procura incessantemente seu filho adolescente desaparecido, em busca de respostas. Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho, primeiro longa-metragem realizado no Acre, retrata a violência na região após a chegada das facções criminosas sudestinas ao Norte do país.
A competição de curtas-metragens também é composta por quatro obras de ficção. Em Ela Mora Logo Ali, de Fabiano Barros e Rafael Rogante e Ainda Restarão Robôs Nas Ruas do Interior Profundo, de Guilherme Xavier Ribeiro, acompanhamos personagens que transitam por caminhos tortuosos no interior do país, lidando com diversos obstáculos sociais ao longo de seus percursos. Em Infantaria, de Laís Santos Araújo, a delicadeza das cenas se faz sentir no processo ambíguo de crescimento da protagonista, enquanto que em A Cabaça da Criação, de Gil Leal, Altemir Avilis e Ramon Bezerra, somos apresentados de forma contundente à cosmogonia Iorubá através do emprego de diversos recursos de linguagem.
A Mostra Panorama, que não foi realizada na última edição, será retomada com força total este ano. Ela acontecerá em um novo local de exibição: uma tenda climatizada na Praia do Maceió, que exibirá quatro longas e sete curtas-metragens no período da tarde. Em Regra 34, de Júlia Murat, uma jovem defensora pública que atende mulheres vítimas de violência doméstica se vê em conflito entre sua prática profissional e suas próprias escolhas sexuais.
Em Bem-Vindos de Novo, longa-metragem de estreia de Marcos Yoshi, o diretor imerge em uma jornada de reaproximação com os pais, em um tocante retrato de nossas constantes crises familiares e econômicas. Carvão, de Carolina Markowicz, apresenta ao público uma família pobre da região rural de São Paulo que encontra um meio de sobrevivência duvidoso que irá estremecer suas estruturas. Alan, de Daniel Lisboa e Diego Lisboa, expõem a barbaridade do tratamento de pessoas periféricas, cujas oportunidades de vida são restringidas pela violência policial, pelo preconceito e pela marginalização.
O experimentalismo formal e a multiplicidade de formatos utilizados pelos realizadores para abordar questões contemporâneas são características marcantes dos curtas-metragens da Mostra Panorama.