1° de Maio: Dia de reafirmar a luta histórica da classe trabalhadora!

Ilustração de Wladimir F. Marinho

Há mais de um século o movimento sindical e popular celebra o 1º de maio com mobilizações e protestos nas ruas para reafirmar as lutas históricas da classe trabalhadora. São batalhas que fazem parte do chão da fábrica, do bê-á-bá da escola e de trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade.

Mais um dia para reforçar a resistência e combater os baixos salários e a retirada de conquistas. O cordel de Nando Poeta dá o tom desse momento em que é preciso ir à luta sem pedir licença.
Patrões e governos fazem
Sua grande tirania
Atacam nossos direitos
Num ato de covardia
O vírus mais perigoso
Letal, cruel, assassino
É o vil capitalismo
Que mata o peregrino
Que luta por sua vida
Na busca do seu destino
Pois é, ano após ano, sucessivas mobilizações explodem em lutas contra a carestia dos alimentos e os constantes ataques aos direitos promovidos por governos e patrões. Resta à classe trabalhadora erguer o punho em sinal de resistência e botar a boca no mundo. Seja no setor privado que se nega a pagar o piso salarial da enfermagem e continua escravizando as relações de trabalho. Seja no serviço público municipal, estadual e federal, como saúde, educação, segurança, transporte, que realiza greves e paralisações em todo o país por melhores condições de trabalho e valorização profissional. Assim como a luta por moradia e contra os despejos, povos indígenas e quilombolas também resistem e avançam gritos de guerra em defesa dos seus territórios ancestrais.
“Vamos às ruas pela revogação integral das reformas, punição a golpistas, por salários, empregos e direitos”, desembucha a CSP-Conlutas, que junto a outras centrais brasileiras organizam o 1° de Maio com “atos para reafirmar os princípios classistas, de independência de governos e patrões, e para defender os interesses da classe trabalhadora”. Em suas redes sociais, a Central Sindical e Popular aponta que, “este ano, o ato de 1° de Maio ganha um caráter ainda mais importante de independência dos governos, uma vez que a maioria das Centrais Sindicais brasileiras está organizando um evento governista, com o anúncio da presença do presidente Lula no ato nacional, que ocorrerá em SP. Como se isso não bastasse, convidaram também o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas. O mesmo que apoiou Bolsonaro e suas políticas anti-trabalhadores, que precarizaram ainda mais o trabalho, geraram desemprego e levaram milhões à fome”.
Os dirigentes da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes e Diego Vitelo falam sobre os atos “alternativos e classistas” ou unificados com “total autonomia política” em outras regiões para combater a miséria, a fome, o desemprego e defender direitos e condições dignas de vida. “A exigência para que o governo Lula revogue integralmente as reformas Trabalhista, da Previdência, do Ensino Médio e a Lei das Terceirizações, por exemplo, será uma das principais bandeiras que levantaremos. Queremos também uma efetiva valorização do Salário Mínimo, com a exigência de que o atual valor seja duplicado, rumo ao piso necessário, segundo o Dieese. Não deixaremos também de denunciar os ataques dos patrões, da ultradireita que segue organizada, assim como do novo governo Lula-Alckmin, que em seu início de mandato tem anunciado medidas limitadas e até contrárias aos interesses dos trabalhadores, como o novo arcabouço fiscal”, afirma a CSP-Conlutas.
Para a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o 1º de maio é uma data importante para refletir e fortalecer as lutas históricas em defesa da classe trabalhadora. “As nossas conquistas não foram fáceis, se não fosse a união das trabalhadoras e dos trabalhadores. Temos longo caminho para percorrer, no entanto, com muita luta, conseguimos vários direitos como salário mínimo, jornada de trabalho de 8 horas, direito a férias, aviso prévio, seguro desemprego, hora extra, entre outros direitos”. Na opinião do presidente da CUT, Sérgio Nobre, “a classe trabalhadora resistiu, lutou e agora pode respirar, ter esperança, porque, neste 1º de Maio, vai celebrar a sua maior conquista dos últimos anos com a eleição do presidente Lula”.
Nas redes sociais, a CUT convoca para o 1º de maio com manifestações políticas, shows e atividades culturais, junto às reivindicações por “mais empregos e renda, fim dos juros e políticas de valorização da classe trabalhadora”. Segundo Ariovaldo de Camargo, secretário de Administração e Finanças da CUT, é preciso dar “um passo adiante junto ao governo federal na perspectiva que a gente possa ter uma política de valorização do salário mínimo”.
A INTERSINDICAL afirma que o 1° de Maio é um dia para marcar a luta internacional da classe trabalhadora “sem governo e sem patrão” e celebrar a luta de “gerações que vieram antes de nós e que foram responsáveis por garantir a redução da jornada, direitos e melhores condições de trabalho, para reafirmar que a luta segue contra os ataques do capital e seus capachos”.
Nas redes sociais, a INTERSINDICAL avalia que “há muito tempo a maioria das centrais sindicais tentam transformar essa data num dia apenas de festa, de sorteios de prêmios, secundarizando a importância histórica do 1ͦº de Maio”. E complementa afirmando que “só se avança em direitos enfrentando os ataques dos patrões e de qualquer governo, ou seja, as organizações da classe trabalhadora devem ser independente em relação aos patrões e a qualquer governo e autônoma em relação aos partidos”.
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, defendeu uma “forte mobilização” dos movimentos sindical e popular no ato unificado “como forma de pressionar o governo a implementar as promessas feitas durante o período eleitoral.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, destacou que o caminho para as mudanças “será árduo e permeado pelo acirramento da luta de classes”. Para ele, será necessária uma forte mobilização da classe trabalhadora e do povo “para materializar os compromisso da campanha política de 2022 e promover as transformações tão almejadas”, a exemplo da “luta contra os juros altos e pelo fortalecimento dos bancos públicos”. Reclamou, ainda, da política de preços da Petrobras e da necessidade de adotar medidas para deter a escalada dos preços dos alimentos.

MEMÓRIA

A origem do 1º de Maio está diretamente ligada à luta pela redução da jornada de trabalho. Estudos do saudoso Vito Giannotti apontam que durante a I Conferência internacional dos trabalhadores, ocorrida no ano de 1864 em Londres, os 50 presentes decidiram que a luta central seria pela redução da jornada de trabalho. Vinte anos depois em Chicago, nos Estados Unidos, aconteceu uma greve geral pelas 8 horas.

“A repressão dos patrões e seu governo foi violentíssima. Quase mil feridos e cinco líderes condenados à forca”, lembrou Giannotti.

As históricas batalhas do passado não foram em vão. Em 1920 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada após a I Guerra Mundial, recomendou a jornada de 8 horas em todos os países. Aos poucos, muitas outras Leis Trabalhistas, como o descanso aos domingos, férias, licença maternidade, aposentadoria, Previdência Social, salário mínimo, foram sendo conquistadas.
Vale lembrar que todas essas conquistas, a exemplo da redução da jornada de trabalho, foram obras dos próprios trabalhadores. Desde as primeiras formas de organização no final do século XIX, até os dias atuais com os sindicatos, foram muitas lutas de resistência contra toda forma de opressão e exploração. Entre o início do século XX e o ano de 1920 foram mais de 400 greves organizadas pela classe operária.
Por isso, todo 1º de Maio trabalhadores do mundo inteiro vão às ruas para lembrar a memorável greve de 1886 em Chicago. Uma luta que continua presente, diariamente, na cidade e no campo.

EM NATAL/RN, o 1° de Maio tem Ato político e cultural a partir das 13h no bairro das Rocas (Rotatória da rua Pereira Simões, em frente à Esquina Prime), onde acontece o samba do malandro.
Além do ato político, também haverá atrações culturais com Folia de Rua, Batucada Popular Mestre Zorro e Batucada de Mulheres do Gami, Pretta Soul & Banda, Samba do Povo com Mestre Zorro e convidados: Carlos Britto, Denise, Fabrício, Fernandinho, Carlos Zens.
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