Das coisas que aprendi: Ensaios sobre o bem-viver

por TÁLLISON FERREIRA // filósofo, professor, poeta

“Das Coisa que Aprendi: Ensaios sobre o Bem-Viver” é o título do livro do indígena, filósofo e escritor brasileiro Daniel Munduruku, que nos faz refletir a seguinte questão: os povos originários não são donos da Terra, mas são comunidades que sabem se comunicar com a natureza e por isso sua presença entre nós é indispensável, porque nos instigam a construir outros estilos de vida, sobretudo, mais sustentáveis.

Saber se comunicar com a natureza implica reconhecer que tudo está interligado e que todas as ações do ser humano devem levar isso em consideração. Essa consciência é basilar na construção de ações sustentáveis. Não temos como falar em sustentabilidade sem antes termos desperta essa compreensão de que o homem e o meio ambiente são uma coisa só.
Comunicar-se com a natureza significa estabelecer pactos em favor da vida dos rios, dos lagos, dos mares, das florestas e de todos os seres vivos e não-vivos, de tudo o que há no Planeta Terra, porque tudo tem uma finalidade de ser e de existir.
Comunicar-se com a natureza, portanto, constitui estilos de existência pautados no bem-pensar para o bem-viver, ou seja, pensar bem para bem agir. Um exemplo disso são os indígenas que adaptam seus estilos de vida para se adequarem ao meio ambiente, respeitando os limites naturais, em vista da própria subsistência. Isso é o que falta ao homem branco (civilizado), que ainda “não aprendeu” a se comunicar com a natureza, pois insiste em olhar a realidade pelas lentes do ego (individualista) e não do eco (cósmico).

Os clamores indígenas ecoam como “as vozes da terra” a nos dizer: nós humanos precisamos rever o nosso modo de viver e de se relacionar com o meio ambiente.

Enquanto a teoria não se traduzir em prática, far-se-á necessário continuar “batendo o maracá” (MUNDURUKU, 2019), ou seja, continuará sendo indispensável a luta por uma consciência de pertencimento ao mundo, tendo em vista a preservação das culturas e dos saberes ancestrais em função da construção de estilos de vida que gerem engajamento comunitário, senso de responsabilidade e que garantam a sobrevivência do homem na terra.  Bater o maracá também é um ato de resistência.
REFERÊNCIA
MUNDURUKU, Daniel. Das coisas que aprendi: ensaios sobre o bem-viver. 2. ed. – Lorena: DM projetos Especiais, 2019.

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