Para Alexandre Guedes, da CSP-Conlutas, o 1º de maio é um dia que resgata a história de luta da classe trabalhadora pelos seus direitos. Ele explica que o Brasil paga todo ano mais de um trilhão de reais aos bancos e defendeu a suspensão do pagamento dessa dívida pública. “O país tem uma reserva que fica guardada para remunerar o capital bancário, que podia ser destinada para as necessidades sociais. Ainda tem as sobras de caixas dos poderes legislativo e judiciário. É preciso a classe trabalhadora se unir para garantir a vida e os direitos”.
O capitalismo mata
Promove a fome e a guerra
Para garantir seus lucros
E seu domínio da terra
Explora, escraviza o povo
Nas alturas de uma serra

O engenheiro e professor do IFRN, Hugo Manso, comenta que “os desafios da classe trabalhadora no Brasil se colocam num período em que os sindicatos estão fragilizados e as demais organizações de esquerda não construíram um programa claro que enfrente novas formas de exploração, a total desregulamentação das relações de trabalho e o teletrabalho. “Para nós, educadores e militantes da esquerda, que pensamos o desenvolvimento de forma articulada internacionalmente, a componente ambiental da crise e a necessidade de uma nova configuração geopolítica são urgentes. Hoje, a ausência de lideranças e referências de um projeto socialista internacional nos deixa em uma situação defensiva que precisa ser superada em um ritmo de aceleração política nunca vivenciado”. Por último, chama a atenção para a atualidade da frase de Karl Marx: “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”
Sucessivas mobilizações explodem em lutas contra a carestia dos alimentos e preços dos combustíveis, a destruição do meio ambiente e ataques aos direitos, promovidos por governos e patrões.
Trabalhadores do setor privado de várias categorias, o funcionalismo municipal, estadual e federal como saúde e educação realizam greves e paralisações em todo o país. Moradores de ocupações lutam contra despejos, povos indígenas e quilombolas resistem aos ataques do governo Bolsonaro aos seus territórios.
A juventude faz coro com o movimento sindical e popular por justiça e igualdade social.
Por emprego, direitos e aumento geral dos salários!
Pela redução e congelamento dos preços dos alimentos, combustível e gás de cozinha!
Pelo direito à moradia, Despejo Zero!
Demarcação dos territórios indígenas e quilombolas, já!
Fora Bolsonaro e Mourão!
Fora as Tropas de Putin e pelo fim da OTAN!
MEMÓRIA
A origem do 1º de Maio está diretamente ligada à luta pela redução da jornada de trabalho. Estudos do saudoso Vito Giannotti apontam que durante a I Conferência internacional dos trabalhadores, ocorrida no ano de 1864 em Londres, os 50 presentes decidiram que a luta central seria pela redução da jornada de trabalho. Vinte anos depois em Chicago, nos Estados Unidos, aconteceu uma greve geral pelas 8 horas.
“A repressão dos patrões e seu governo foi violentíssima. Quase mil feridos e cinco líderes condenados à forca”, lembrou Giannotti.
As históricas batalhas do passado não foram em vão. Em 1920 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada após a I Guerra Mundial, recomendou a jornada de 8 horas em todos os países. Aos poucos, muitas outras Leis Trabalhistas, como o descanso aos domingos, férias, licença maternidade, aposentadoria, Previdência Social, salário mínimo, foram sendo conquistadas.
Vale lembrar que todas essas conquistas, a exemplo da redução da jornada de trabalho, foram obras dos próprios trabalhadores. Desde as primeiras formas de organização no final do século XIX, até os dias atuais com os sindicatos, foram muitas lutas de resistência contra toda forma de opressão e exploração. Entre o início do século XX e o ano de 1920 foram mais de 400 greves organizadas pela classe operária.
Por isso, todo 1º de Maio trabalhadores do mundo inteiro vão às ruas para lembrar a memorável greve de 1886 em Chicago. Uma luta que continua presente, diariamente, na cidade e no campo.