28 de fevereiro é o Dia Mundial de Combate à LER/DORT.
LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho) é um dos principais problemas de saúde que afeta os trabalhadores no Brasil e no mundo. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho) no Brasil o número de afastamentos causados por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, inclusive LER/DORT, aumentou de 16.211 para 31.167 casos entre 2020 a 2021, um percentual de 192%.
De acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), o maior número de notificações da síndrome no Brasil, de 2006 a 2022, foi entre trabalhadores de serviço doméstico, seguido de alimentadores de linha de produção e operadores de máquinas a vapor e utilidades.
A subnotificação, o sucateamento do Ministério do Trabalho, da Fundacentro e a carência de estudos dificultam a obtenção de números atualizados.
Algumas das profissões que mais apresentam LER/DORT:
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Trabalhadores de teleatendimento;
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Operadores de caixas;
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Digitadores;
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Escriturários;
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Montadores de pequenas peças e componentes;
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Trabalhadores de confecção de calçados;
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Costureiros;
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Telefonistas;
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Passadeiras;
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Cozinheiros e auxiliares de cozinha;
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Trabalhadores de limpeza;
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Auxiliares de odontologia;
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Cortadores de cana;
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Profissionais de controle de qualidade;
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Operadores de máquinas e de terminais de computador;
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Auxiliares e técnicos administrativos;
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Auxiliares de contabilidade;
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Pedreiros;
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Secretários;
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Copeiros;
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Eletricistas;
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Bancários;
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Trabalhadores da indústria.
Superexploração e sofrimento
A LER/DORT é o desgaste do sistema musculoesquelético e decorre da intensificação do trabalho, cujas atividades exigem a execução de movimentos repetitivos, associados muitas vezes a esforços físicos e manutenção de determinada postura por tempo prolongado.
Os sintomas aparecem quase sempre em estágio avançado, geralmente nos membros superiores, como dor, sensação de peso, formigamento, fisgadas, fraqueza muscular e fadiga. Algumas das principais são as lesões no ombro e as inflamações em articulações, como nos punhos, cotovelos, região cervical e lombar e nos tecidos que cobrem os tendões.
Costumam evoluir de forma lenta para quadros crônicos e nem sempre são percebidas precocemente. O quadro é ainda agravado por situações de discriminação e assédio moral, que causam sofrimento e transtornos mentais, com grande impacto nas vidas dos trabalhadores e de suas famílias.
LER/DORT e adoecimento mental
As doenças ocupacionais têm relação direta com o adoecimento mental. “Existem uma relação explícita entre as lesões físicas e o sofrimento mental. Invariavelmente há a presença de adoecimento físico e mental. Os distúrbios emocionais no ambiente de trabalho podem se derivar da sobrecarga de trabalho, ambiente precarizado e assédio moral, ocasionando sentimento de frustração, desvalorização pessoal, insônia, perda ou aumento de apetite, ansiedade e depressão”, salienta a psicóloga Sandra Moreira, integrante do Setorial Saúde do Trabalhador da CSP-Conlutas.
Sandra lembra que em 2001, o Ministério do Trabalho observou que “em algum momento da evolução de LER/DORT, o paciente tem necessidade de apoio psicológico profissional”.
A psicóloga afirma que o adoecimento por LER repercute sobre o estado psíquico, e a percepção da maioria dos trabalhadores de que o trabalho é o desencadeador do sofrimento mental e este, por sua vez, favorece o adoecimento por LER. “Ou seja, formas de organização do trabalho autoritárias e exigentes com a produção favorecem tanto o sofrimento psíquico, como a ocorrência de distúrbios osteomusculares”, frisa.
Capitalismo neoliberal e adoecimento no trabalho
Excesso e ritmo acelerado de trabalho, condições insalubres e inadequadas, pressão e assédio psicológico, redução de direitos e das leis de defesa da saúde do trabalhador. Essas são as causas básicas das doenças de trabalho.
A superexploração do trabalho no Brasil e no mundo, com metas de produção abusivas e menos trabalhadores (as) para executar as atividades tem sido característica deste período neoliberal.
Como parte da integração a esse formato econômico, o neoliberalismo, os governos também têm responsabilidade por esse quadro, ao impor dificuldades para o trabalhador se afastar e para o reconhecimento do nexo causal da doença, o sucateamento do INSS, a Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência e a ampliação da lei das terceirizações, entre outras medidas, que representam ataques à saúde e segurança dos trabalhadores. Medidas aprofundadas nos governos Temer e Bolsonaro, mas que não sofreram revogação no governo Lula.
“Bolsonaro e a extrema direita promoveram ataques violentos contra a classe trabalhadora, porém, o governo Lula/Alckmin nem sequer se pronuncia a respeito da revogação da reforma Trabalhista e Lei das Tercerizações de Temer, e da Reforma Previdenciária de Bolsonaro, que na sua gestão também alterou as Normas Regulamentadoras sobre segurança e saúde no trabalho”, alerta Jordando Carvalho, integrante do Setorial de Saúde e Segurança do Trabalho, da CSP-Conlutas.
Jordano destaca a necessidade da preparação de dirigentes e ativistas para orientarem os trabalhadores nos ambientes de trabalho. “Além disso, as Cipas devem ser classistas e combativas para defender a saúde e segurança no trabalho contra os ataques aos direitos e por melhorias e ser capazes de organizar as lutas”, completa.
Classificado como um dos motivos que mais afastam trabalhadores pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o diagnóstico de LER/DORT afeta mais de 30 mil pessoas por ano no Brasil.
“O trabalho é um direito humano fundamental. Dessa forma, não podemos aceitar que trabalhadores sejam explorados a todo custo em nome do lucro e que, em decorrência disso, adoeçam e morram” diz a secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Josivania Ribeiro Cruz Souza.
“Nosso lema é trabalhar sim, adoecer e morrer não; por conta do trabalho não! Por isso, neste dia chamamos atenção para as ações de combate a LER /Dort”, reforça a dirigente.
Ela explica que a luta também envolve a busca pela valorização do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NETEP) pelo INSS e pela empresa, para que o trabalhador e a trabalhadora vítimas da LER/DORT tenham seus direitos previdenciários garantidos.
Doença ocupacional
As doenças relacionadas às LER/Dort atingem várias categorias profissionais, por isso podem ser classificadas como “doença ocupacional” o que, por consequência garante direitos ao trabalhador. Para requerer seus direitos, as vítimas dessas condições devem reunir documentação médica e laudos periciais comprovando a relação entre a doença e o trabalho.
Prevenção
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Manter sempre uma postura apropriada durante o horário de trabalho, com as costas eretas e bem apoiadas no encosto da cadeira;
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Fazer pausas e alongamentos a cada 60 minutos;
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Respeitar os limites do corpo;
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Utilizar apoios ergonômicos para os punhos e pés durante a utilização do computador;
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Manter o monitor na altura dos olhos para não ter que forçar o pescoço para baixo;
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Utilizar cintas e outros acessórios de proteção fornecidos pela empresa ao executar tarefas que exigem força física;
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Praticar exercícios físicos regularmente
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Manter um estilo de vida saudável.