Novo espetáculo do Coletivo CIDA segue em cartaz no TAM até domingo

Foto: Brunno Martins

O Coletivo CIDA (RN) apresenta seu novo espetáculo Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão até domingo (9) no Teatro Alberto Maranhão de forma gratuita com tradução para Língua Brasileira de Sinais e Audiodescrição.

Insanos e Beija-flores a Dois Metros do Chão faz parte de uma criação cênica sequenciada assinada pelo coreógrafo René Loui, que conta com interlocução dramatúrgica de Jussara Belchior (SC), pesquisadora da dança. O projeto traz no elenco nomes que são referências para as artes cênicas norte-rio-grandense: Ana Cláudia Viana, Jânia Santos, Marconi Araújo, Pablo Vieira, René Loui e Rozeane Oliveira.
“As questões abordadas em ‘Insanos e Beija-Flores’ colocam em debate o pensamento eugênico, o preconceito, os limites entre a insanidade e arte na sociedade. Falamos também sobre o silêncio instaurado sem qualquer humanidade que inviabiliza, violenta e extermina a vida de diferentes indivíduos”, declaram Arthur Moura (produtor do CIDA) e René Loui (coreógrafo e intérprete).

Trilogia

Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão faz parte de uma trilogia que vem sendo pensada desde 2019. A primeira obra intitulada Corpos Turvos é um grito de socorro para que corpos pretos, pobres, periféricos, soropositivos, corpos pertencentes da ampla comunidade LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência deixem de ser números.
Na segunda parte nomeada Reino dos Bichos e dos Animais, Esse é Meu Nome, o CIDA continua abordando coreograficamente sobre as individualidades, vivências e identidades de cada um dos intérpretes, mas agora com a presença de Stella do Patrocínio, mulher preta que viveu  por quase 30 anos em ambiente manicomial.
O ato final é livremente inspirado na vida e obra de Arthur Bispo do Rosário, mais conhecido como Bispo do Rosário, o espetáculo conta as perspectivas desses seis diferentes indivíduos que convivem num porão e há anos reinventam todas as coisas da Terra. Cada um deles, uma história.
Nascido em Japaratuba, no estado de Sergipe, em 1909, Bispo do Rosário carregava todos os estigmas de marginalização social, ainda vigentes em nossa sociedade. Homem negro, pobre, louco para uns, viveu asilado em um manicômio por 50 anos. Sua obra propunha a ressignificação do universo para ser apresentado no dia do juízo final, e não era visto por ele como arte, era missão.
As três obras complementam-se, mas podem ser vistas, ouvidas e sentidas de modo independente ou em qualquer ordem.

Aceitação do público

Desde o início da temporada, mais de 950 pessoas já assistiram ao novo trabalho do grupo artístico radicado em Natal. A obra tem recebido muitos feedbacks positivos.
Para a publicitária Alana Cascudo, a obra propõe uma importante reflexão. “Um espetáculo que lança luz sobre os ‘loucos’ e excluídos, acertando na dose de incômodo e na reflexão sobre como tratamos os que não se encaixam em um padrão de ‘normalidade’ estabelecido pela sociedade. Vale pontuar a acessibilidade como um dos personagens principais, com audiodescrição e tradução para libras”, comentou Alana. 
“Foi possível ver a real representação de transtornos mentais como depressão, esquizofrenia, depressão pós-parto, muito atual e necessário. Ver pessoas com deficiência em cena, mostrando suas potências, mexeu muito comigo. Muito bem elaborado, muito bem produzido. As luzes incríveis, é outro patamar. Fazia muito tempo que eu não via um trabalho tão bom. Que outras pessoas possam ver e refletir sobre a saúde mental”, declarou o expert de atendimento bilíngue Brayan Rendon.

Temporada continua

A temporada segue até o dia 9 de abril, sempre às 10h da manhã, no Teatro Alberto Maranhão para escolas e instituições cadastradas.
Público geral pode assistir o espetáculo meditante retirada do ingresso no local 1 hora antes das apresentações, que acontecem às 20h.

Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro

Esta obra  é uma iniciativa do Coletivo CIDA  contemplada pelo Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro – 2022 que conta com recursos do Ministério da Cultura e Governo do Brasil.
Criado com o objetivo de fomentar a criação artística de montagens inéditas no campo do teatro, o prêmio tem investimento de um milhão quatrocentos e trinta mil reais. Foram selecionados 10 projetos, entre eles o novo trabalho do Coletivo CIDA com nota máxima na Região Nordeste.

Sobre o CIDA

O Coletivo Independente Dependente de Artistas (CIDA ) é um núcleo artístico de dança contemporânea e performance, fundado no ano de 2016 por artistas emergentes, pluriétnicos, com e sem deficiências, oriundos das mais diversas regiões do Brasil e radicados na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.
Todas as informações sobre o CIDA podem ser acompanhadas através dos canais de comunicação do coletivo. Acesse: www.coletivocida.com.br ou acompanhe o Coletivo no Instagram em: @coletivocida.
SERVIÇO
Coletivo CIDA apresenta Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão
Local: Teatro Alberto Maranhão (TAM)
Dias: 6 a 9 de abril
Horário: 10h para escolas e instituições cadastradas / 20h para o público em geral
Acessibilidade: Tradução para Língua Brasileira de Sinais e Audiodescrição
Duração aproximada: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Quantidade de ingressos: 582

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