Nada contra futebol, mas vidas importam.

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Se as mortes de quase quinhentas vítimas da Covid-19 não importam para ambiciosos caçadores de títulos, é preciso dizer que o manifesto publicado pela seleção brasileira não causa nenhum espanto.

por Rogério Marques

Enquanto falta vacina para combater a pandemia da Covid-19 sobra hipocrisia e pedantismo dentro e fora de campo por parte de jogadores brasileiros. “Eu esperava mais, eu esperava uma atitude, e não um manifesto”, critica o ex-jogador Walter Casagrande, que ao lado do saudoso Sócrates soube honrar a camisa canarinho sem baixar a cabeça.
A Copa América começa no dia 13 de junho em solo brasileiro com a final marcada para 10 de julho, no Maracanã, sem se importar com a maior crise sanitária e hospitalar da história e o colapso da saúde pública no Brasil com leitos de UTI superlotados de pacientes infectados com a Covid-19.
Como ocorrido em eventos anteriores o presidente Jair Bolsonaro planeja posar ao lado de famosos jogadores e exibir mais um troféu manchado pelo luto vivido por centenas de milhares de brasileiros e brasileiras.
Vale lembrar que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) são entidades que colecionam escândalos de corrupção. Lamentavelmente, e estranhamente, o dito “manifesto” da seleção brasileira em nenhum momento cita a pandemia ou as mais de 470 mil mortes causadas pela Covid-19, em grande parte por culpa de um governo genocida.
Um “manifesto” vazio que poupa os principais responsáveis pela vinda da Copa América para o Brasil – CBF e Bolsonaro – desviando a crítica tão somente para a Conmebol. Uma “seleção brasileira” insensível que vira as costas para a grave situação em que vive o povo brasileiro, que, além do coronavírus e a falta de vacina, enfrenta fome, desemprego, violência policial, racismo, machismo, homofobia, juntamente com os sucessivos ataques do governo federal ao povo indígena, à cultura, aos servidores e os serviços públicos como saúde e educação.
Claro, está em jogo os contratos milionários dos atletas “selecionados”.
»Confira a carta oficial
Quando nasce um brasileiro, nasce um torcedor. E para os mais de 200 milhões de torcedores escrevemos essa carta para expor nossa opinião quanto a realização da Copa América.
Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil.
Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização.
É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia mídia estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros.
Por fim, lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira.

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